"A Arte de Roubar Meu Coração"
img img "A Arte de Roubar Meu Coração" img Capítulo 4 O Dia Seguinte
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Capítulo 6 Não espere piedade de mim img
Capítulo 7 O Castigo de Ethan img
Capítulo 8 O Dilema de Ethan img
Capítulo 9 Ethan no Bunker img
Capítulo 10 O Banho de Espumas img
Capítulo 11 Confiança e Deslealdade img
Capítulo 12 Lave a Louca e limpe a Prata! img
Capítulo 13 A Tentação do Inimigo img
Capítulo 14 Uma Travessura Ácida img
Capítulo 15 Lições de Decência img
Capítulo 16 Remorso Silencioso img
Capítulo 17 A Armadilha do Broche Egípcio img
Capítulo 18 O Cerco se Estreita img
Capítulo 19 A Sombra de Zahara img
Capítulo 20 Tentação e Dever img
Capítulo 21 Missão na África img
Capítulo 22 Um Momento de Conexão img
Capítulo 23 Encontro Inesperado img
Capítulo 24 A Perseguição img
Capítulo 25 A Frustração de Ethan img
Capítulo 26 A Armadilha de Ethan img
Capítulo 27 Entre o Dever e o Desejo img
Capítulo 28 Sob a Luz das Estrelas img
Capítulo 29 Pactos Sob a Luz Suave img
Capítulo 30 O Despertar das Sombras img
Capítulo 31 O Preço da Verdade img
Capítulo 32 O Jogo das Ilusões img
Capítulo 33 O Abismo da Desesperança img
Capítulo 34 O Despertar da Resistência img
Capítulo 35 A Tempestade da Desconfiança img
Capítulo 36 Conexões Quebradas img
Capítulo 37 O Rastro da Determinação img
Capítulo 38 Infiltração nas Sombras img
Capítulo 39 O Trovão da Liberdade img
Capítulo 40 As Chamas da Esperança img
Capítulo 41 Renascendo das Cinzas img
Capítulo 42 O Encontro da Esperança img
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Capítulo 4 O Dia Seguinte

Zahara se pegou estudando seu reflexo na superfície polida das paredes do bunker, mas sua mente estava focada em seu captor. Ethan "Raven" Cole - o nome por si só carregava um peso de mistério que a intrigava. Não era apenas mais um ricaço mimado protegendo sua fortuna; havia algo mais naquele ex-militar de postura impecável e olhar penetrante.

Ela se lembrou do momento em que seus olhares se cruzaram pela primeira vez. O intenso azul-aço dos olhos dele revelava camadas de complexidade que iam muito além da raiva ou do desejo de vingança. Havia uma sombra ali, talvez de perda ou trauma, mesclada com uma determinação quase obsessiva que a fascinava contra sua vontade.

"Que tipo de homem constrói uma fortaleza subterrânea digna de uma guerra nuclear apenas para proteger obras de arte?", murmurou para si mesma, seus dedos traçando padrões invisíveis na parede fria. A tecnologia militar ao seu redor falava de paranoia, mas a organização meticulosa sugeria uma mente estratégica afiada. Era como se cada elemento do bunker fosse uma peça do quebra-cabeça que era Ethan Cole.

O mais perturbador era a maneira como ele a olhava - não como uma simples ladra, mas como um enigma que ele estava determinado a decifrar. Em seus anos roubando dos ricos, Zahara nunca havia encontrado alguém que a desafiasse tanto intelectualmente quanto fisicamente. "Por que não me entregou à polícia?", ela se perguntava, sentindo um arrepio percorrer sua espinha ao se lembrar do calor do corpo dele, quando a capturou. "O que ele realmente pretende comigo neste bunker?"

Havia algo no ar quando ele estava por perto, uma tensão elétrica que ia além do jogo de gato e rato entre eles. Era como se cada confronto fosse uma dança elaborada, cada palavra uma esgrima verbal, onde ambos tentavam manter o controle enquanto testavam os limites um do outro. E isso a perturbava mais do que qualquer ameaça física poderia - a sensação de que, talvez, ela tivesse finalmente encontrado alguém capaz de enxergar através de suas máscaras cuidadosamente construídas.

O tempo se arrastava como uma serpente preguiçosa no bunker de alta tecnologia, cada minuto ecoando como uma eternidade nas paredes de concreto reforçado. Zahara caminhava de um lado para outro, seus passos ressoando no espaço confinado como um metrônomo enlouquecedor. O silêncio era ensurdecedor, quebrado apenas pelo zumbido constante dos equipamentos de vigilância e o som de sua própria respiração cada vez mais pesada.

"Maldito seja, Ethan Cole," sussurrou para as sombras, suas unhas cravadas nas palmas das mãos. O vestido vermelho, antes uma arma de sedução, agora parecia sufocá-la, um lembrete constante de seu fracasso. Seus pensamentos giravam como um carrossel frenético - memórias de roubos bem-sucedidos se misturando com a humilhação de sua captura.

O ar parecia cada vez mais denso, quase tóxico. As paredes do bunker pareciam se aproximar a cada hora, ameaçando esmagá-la em seu abraço claustrofóbico. Zahara podia sentir o peso da solidão pressionando seus ombros, tentando dobrar sua espinha, quebrar sua determinação. Mas ela era Zahara Voss - a mulher que havia roubado a tiara da duquesa de York durante um baile lotado, que escapou do museu do Louvre com um Monet debaixo do braço.

"Você pode me prender, Ethan," ela falou para as câmeras que sabia estarem observando cada movimento seu, "mas não pode aprisionar meu espírito." Sua voz tremeu levemente, traindo a batalha interna que travava contra o desespero que ameaçava consumi-la. O bunker podia ser uma fortaleza tecnológica, mas ela já havia escapado de lugares supostamente inexpugnáveis antes.

Com um grito de frustração, Zahara socou a parede, sentiu a dor aguda em seus dedos, uma distração bem-vinda do turbilhão emocional em seu peito. Sangue manchou seus dedos delicados, mas ela mal notou. "Eu sou a Rainha dos Ladrões," declarou para o vazio, sua voz carregada de determinação feroz. "E nem mesmo você, Ethan Cole, com todo seu dinheiro e poder, pode mudar isso."

O eco de suas palavras reverberou no bunker, como se até mesmo as paredes de metal e concreto reconhecessem a força de sua determinação. Zahara podia estar presa, mas sua mente estava livre, planejando, calculando, esperando o momento perfeito para provar por que ela era a melhor no que fazia.

O pesado rangido da porta de metal quebrou o silêncio do bunker, anunciando a chegada de Ethan. Sua figura imponente preencheu a entrada, os músculos tensos sob a camisa casual de algodão egípcio, evidenciando sua postura militar. Seus olhos azuis-aço varreram o ambiente até encontrarem Zahara, o olhar tão cortante quanto uma lâmina afiada.

Em suas mãos, um balde de metal balançava ameaçadoramente. Cada passo que dava em direção a ela ecoava no espaço confinado, como um prelúdio para o que estava por vir. O silêncio entre eles era denso, carregado de tensão não resolvida.

"Ora, ora," Zahara provocou, erguendo uma sobrancelha perfeitamente delineada. Seu coração acelerou, mas ela manteve a pose desafiadora. "Veio me dar um banho, querido? Não sabia que oferecia serviços tão... íntimos." Suas palavras eram ácidas, mas um tremor sutil em sua voz traía seu nervosismo.

Sem aviso, sem hesitação, Ethan inclinou o balde. A água gelada atingiu Zahara como um choque elétrico, arrancando um grito surpreso de seus lábios. O líquido glacial encharcou o vestido vermelho, transformando o tecido sensual em uma segunda pele torturante. Gotas escorriam por seu corpo, traçando caminhos gelados que a faziam tremer involuntariamente.

"Seu bastardo!" Ela gritou, levantando-se num movimento felino, água pingando de seus cabelos escuros. O vestido molhado grudava em suas curvas como uma provocação não intencional. "Que tipo de homem trata uma mulher assim? Ou isso é o que aprendeu no exército - torturar prisioneiros indefesos?"

Seus olhos âmbar faiscavam de fúria, mas havia algo mais ali - uma centelha de excitação que ela lutava para esconder. A água fria havia despertado cada nervo de seu corpo, tornando-a dolorosamente consciente da proximidade entre eles, da maneira como os olhos dele percorriam sua silhueta molhada com uma intensidade perturbadora.

"Você perdeu realmente o juízo," ela continuou, sua voz tremendo de raiva e frio. "Se pensa que pode me quebrar com esses joguinhos infantis, está muito enganado, Ethan Cole. Eu já enfrentei coisa muito pior que um playboy militarizado com complexo de poder."

A água formava uma poça aos seus pés, mas Zahara se mantinha ereta, orgulhosa, mesmo encharcada. O confronto entre eles era quase palpável, eletricidade estática no ar úmido do bunker. Cada gota que escorria por sua pele parecia amplificar a tensão entre eles, transformando o que deveria ser um ato de dominação em algo muito mais complexo e perigoso.

"A água no chão é seu passaporte para comida e bebida," Ethan declarou, sua voz aveludada carregando um tom de aço. "Simples assim."

Zahara ergueu o queixo, gotas de água ainda escorrendo por seu pescoço. "Então é isso? Transformou-se em um carcereiro sádico? Que decepcionante para alguém com tanto... potencial."

"Decepcionante?" Ethan deu um passo em sua direção, seus olhos azuis escurecendo perigosamente. "Fala a mulher que se infiltrou em minha casa, vestida como uma empregada, para roubar algo que nunca lhe pertenceu. Irônico, não acha?"

"Oh, querido Ethan," ela riu, um som melodioso e amargo. "Você realmente acredita que suas preciosidades estão mais seguras em suas mãos do que nas minhas? Pelo menos dou um propósito real a elas, além de satisfazer seu ego inflado."

"Propósito?" Ele se aproximou mais, sua presença dominando o espaço entre eles. "Você romantiza seus crimes com uma narrativa de justiça social, mas, no fundo, é apenas uma ladra com um complexo de heroína."

Zahara avançou, ignorando a água gelada que escorria por seu corpo. "E você é apenas mais um homem rico escondendo-se atrás de seus muros de privilégio. Quantas vidas poderiam ser mudadas com o que você mantém trancado aqui embaixo?"

"Não confunda riqueza com direito, Zahara," sua voz baixou para um sussurro perigoso. "Cada peça aqui tem uma história, um significado que vai além do valor monetário. Algo que uma ladra talvez não compreenda."

"Não me subestime, Cole," ela rosnou, seus olhos âmbar faiscando. "Conheço o valor de cada objeto que já roubei. A diferença é que não os mantenho presos em uma gaiola dourada."

"Como está mantendo você agora?" Ele sorriu, um gesto predatório que fez o coração dela saltar. "Talvez precise experimentar o outro lado da equação para entender verdadeiramente o que faz."

"Você pode me prender, me molhar, me fazer limpar seu precioso bunker." Zahara se aproximou até estar a centímetros dele, "mas nunca vai mudar quem eu sou ou no que acredito."

"Não estou tentando mudá-la," Ethan respondeu, seu hálito quente contra o rosto dela. "Estou apenas mostrando que cada escolha tem seu preço. E você, minha cara ladra, ainda não começou a pagar o seu."

"E quanto tempo pretende bancar o juiz, júri e carrasco?" Ela inclinou a cabeça, um sorriso provocante brincando em seus lábios. "Até perceber que também está preso aqui comigo?"

"O tempo suficiente," ele murmurou, seus olhos percorrendo o caminho de uma gota d'água que deslizava pelo pescoço dela, "para você entender que existem coisas que não podem ser roubadas... precisam ser conquistadas."

A tensão entre eles era palpável, eletricidade estática no ar úmido do bunker. Cada palavra era uma dança perigosa de poder e sedução, um jogo onde os papéis de predador e presa se misturavam perigosamente.

Zahara hesitou, a intensidade da conversa a deixou perplexa. "E o que é isso, Ethan? O que realmente importa para você? Manter sua família rica e poderosa, ou entender que sua riqueza vem da opressão de outros?"

A tensão entre eles estava no auge, e Zahara percebeu que a luta não era apenas física, mas uma batalha de ideais. Ela e Ethan estavam em lados opostos de um espectro moral, e a dinâmica entre eles estava se revelando mais complexa do que ela jamais poderia imaginar.

"Você pode não entender agora, mas um dia vai ver que as consequências de suas ações moldam sua realidade", Ethan respondeu, sua voz profunda e reflexiva. "E eu espero que, quando esse dia chegar, você esteja pronta para encarar a verdade."

            
            

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