Para Sempre Nossa
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Capítulo 2 Pandora Benedict

Depois de eternas 12 horas dentro de um avião, ouvindo pessoas rindo, crianças se divertindo, enfim desembarquei no Heathrow International Airport.

Sem família, sem amigos, mas com uma vontade imensa de viver. Estar aqui é como um renascer e eu vou fazer de tudo para minha vida tomar um rumo brilhante daqui para a frente.

O que vou fazer da minha vida agora? Ainda não sei, mas força de vontade eu tenho.

Depois de reaver a única bagagem que tinha e conseguir trocar meu dinheiro de real para euro, fiquei circulando pelo imenso aeroporto até localizar onde ficava o ponto de táxi. Mesmo que entenda o idioma, é a primeira viagem internacional que faço, então fico momentaneamente perdida, mas no fim tudo dá certo. Na primeira conexão, fiz uma troca de hotel, me dei o luxo de ficar em um mais nobre por dois dias, mas não podia esbanjar muito e procurar emprego urgente. Estava ansiosa para passear por Londres e perceber o novo mundo que me aguardava. Vou procurar com calma um airbnb, dizem que é mais em conta e tem tudo o que a gente precisa, para um começo de vida, vai me ajudar muito.

Meu primeiro arrependimento apareceu assim que localizei o ponto de taxi. Sério que os londrinos são tão mal-educados assim? Ou perceberam que sou turista? Todos os taxistas que localizei parados - repito, parados - no aeroporto, se recusaram a me levar. Será que o hotel era muito longe ou a região que era ruim? Na vigésima tentativa, consegui um abençoado motorista que concordou em me levar.

Enquanto circulava pela cidade a caminho do hotel, comecei observar pela janela um mundo completamente diferente e a insegurança bateu com força. Era apenas uma recepcionista de uma clínica quando decidi largar tudo e me mudar, era formada em Direito - pasmem, formada aos 19 anos - tudo por que aos 15 fiz uma prova dificílima e após gabaritá-la me formei antes do tempo, automaticamente entrei na universidade mais cedo. Só eu sei como foi terrível fazer na reta final dois anos em um só. Mas no fim valeu a pena, meu esforço foi recompensado quando passei na OAB, mas nunca exerci essa profissão. Até por que, quem iria contratar uma advogada de 19 anos? Portanto, zero experiencia no ramo. Como vou me sustentar aqui? Mas vai dar certo.

Calma Pand, não se desespera ainda, faz poucas horas que chegou.

Respira e não pira.

Chegando no hotel, fiquei momentaneamente estática, era um hotel típico da realeza - impossível ser o que eu queria e reservei – com certeza o taxista errou, mesmo mostrando o endereço correto no telefone. A fachada dele era incrível e estava acessa devido o horário, tudo brilhava, logo ao lado tinha uma roda gigante enorme, também acessa.

Era deslumbrante.

Por um momento, me vi sonhando com uma realidade que não era minha, onde eu entraria nesse hotel maravilhoso depois de aproveitar a roda gigante, acompanhada de um britânico lindo que me amaria acima de tudo, me respeitaria e me faria esquecer a realidade horrível em que eu vivia. Será que meu príncipe é britânico? Dei risada sozinha, precisava parar de ser sonhadora, onde eu estava com a cabeça pensando em romance, sendo que minha experiência era traumática o suficiente e me forçava a fazer voto de celibato eterno. Me assustei com o taxista gritando comigo, completamente alterado.

- Chegamos, pegue sua bagagem no porta-malas.

Fiquei perdida entre as realidades por um curto tempo, até esqueci o idioma novo e não compreendi o porquê ele estava alterado, até vir um novo grito.

- Agora!

Britânico temperamental.

Desci apressada, peguei minha única mala e ele arrancou com o carro ainda gritando coisas que não compreendi. Que cara louco, primeiro me leva ao local errado e depois ainda tem o disparate de ficar nervoso.

London Marriott Hotel County Hall

Não era esse hotel que solicitei, nem sei a distância daqui até o hotel correto. Esse taxista abusado fez de propósito, deve ter percebido que ninguém aceitava me levar e me trouxe para qualquer lugar.

Decidida a não desistir no primeiro empecilho, juntei minhas coisas e comecei a andar distraída no celular tentando me localizar no GPS. Deus abençoe o plano internacional, se não ainda estaria no Aeroporto sem saber o que fazer, embora seria melhor do que aqui na rua. Mas levantei a cabeça, não vai ser eu perdida em Londres no primeiro dia que vai me apavorar, minha vida no Brasil me apavora, aqui é somente um mero detalhe.

Como se não bastasse tamanha humilhação - sair do Brasil fugindo e me perder no primeiro dia em Londres - começou chover muito, e a temperatura aqui caiu muito rápido. Não que estivesse calor, já que logo ia começar o inverno, mas não estava preparada para ficar ao tempo desse jeito, meu suéter era bem meia boca, mas com a chuva e sem ter onde me abrigar, vou congelar.

- Se isso é um teste Deus, já estou pronta para acordar em uma cama quentinha a qualquer momento viu? - Resmunguei olhando para cima.

Como se a resposta dos céus viesse em forma de piada, localizei um abrigo do outro lado da avenida e não parei para pensar direito, meu corpo estava tendo pequenos espasmos de frio. Sem olhar se era seguro, comecei atravessar a rua e fui atingida por um veículo que não vi chegando.

Por um milésimo de segundo, enquanto eu voava depois da colisão me perguntei se era dessa forma que minha vida terminaria. Fugindo de um ex-namorado tóxico, perdida em Londres, molhada igual um patinho em uma chuva torrencial e atropelada por um estranho.

Eu não posso morrer depois de tanto, não depois de ter suportado tudo e conseguido me libertar. Preciso de mais tempo, preciso conquistar o mundo. Preciso ser feliz. Foi a última coisa que pensei, antes de colidir com o chão e apagar.

***

Acordei ouvindo diversas vozes ao mesmo tempo e um bip infernal que me causava um latejar absurdo na cabeça. Doía muito. Com certeza não morri, já que sinto dor. O barulho me deixou ciente que estava em um hospital, mas onde exatamente? Minha mente estava muito confusa e cheguei a pensar que era mais um dos episódios das surras do Matheus que me levava até a emergência.

Quanto ele me surrou dessa vez? Sonhei que tinha me libertado, mas era tudo uma fuga da minha mente?

Após alguns instantes de pânico, consegui identificar a voz de alguém ao meu redor e nunca imaginei que compreender outro idioma me faria tão bem assim. Não foi ilusão, dessa vez não foi o Matheus que me direcionou até a emergência. Como uma tormenta, meu desastroso primeiro dia em Londres voltou a minha mente. Gemi de desgosto. Como pude atravessar uma avenida sem olhar, nem no Brasil eu fazia tamanha tolice, fui cometer esse erro absurdo logo aqui. Sou a única culpada, ninguém mais.

Meu corpo todo doía e estava me sentindo meio atordoada, foi com muito esforço que consegui abrir os olhos para fechá-los rapidamente em seguida por conta da claridade. Assim que me adaptei com a luz forte, observei ao meu redor e me deparei com um quarto de hotel muito sofisticado. Na realidade, estava mais para um hotel chique que via diariamente na TV nos filmes de romance que amava assistir. Tirando a cama de hospital, muito confortável por sinal, e os diversos aparelhos que estavam ligados a mim, o quarto era excepcional.

Logo ao lado da cama, tinha duas poltronas que pareciam muito confortáveis, mais ao lado tinha uma mesinha com jarra de água, café e outra que provavelmente era chá, e diversos aperitivos, que fizeram meu estomago roncar.

Do outro lado do quarto, havia um sofá enorme que tomava praticamente a parede inteira. A porta de acesso ao quarto estava ali próxima, assim como outras duas portas, que julguei uma sendo o banheiro e não consegui identificar a outra.

Será que os hospitais públicos de Londres são assim? Como um estalo, me veio a voz da minha mãe, me avisando que os outros países não eram iguais o Brasil, que por mais que o SUS fosse horrível, tinha hospitais públicos. Esse aqui só podia ser particular.

Quando esse pensamento me atravessou, meu coração disparou aumentando aquele bip miserável, fazendo algum tipo de alarme soar e imediatamente diversos médicos e enfermeiras entraram no quarto correndo, procurando entender o que estava acontecendo comigo. Estava infartando, com certeza.

Com a dor que sentia no corpo, uma perna imobilizada e um braço preso em uma tipoia, já consegui perceber que não foi um acidente leve. Me deparar com um quarto como nos filmes, me fizeram entrar em colapso. Não só bastava ter sido atropelada, ainda ia ficar sem nenhum tostão e devendo um rim naquele hospital.

A dor insuportável na minha cabeça piorou muito e minha visão embaçou, minha respiração ficou irregular e meu peito doía. Estava em pânico. Tentei me concentrar em algo que me ajudasse a aliviar a pressão que estava sentindo, mas nada surtia efeito, parecia que eu estava me afogando dentro de mim mesma, afundando cada vez mais. Foi quando senti alguém segurando minha mão e foquei nos olhos mais lindos que já havia visto.

Era um homem espetacular e me encarava com um vinco na testa, visivelmente preocupado comigo. Meu ar estava escasso, sumindo muito rápido, quando o desconhecido colocou uma mão em meu peito e guiou a minha até o dele, respirando fundo.

- Vamos lá mocinha, me siga ok? Respira comigo - Ele disse baixinho.

Ficamos nos encarando por um tempo, até que percebi que ele estava respirando muito forte, seguindo o mesmo padrão que o meu e começou diminuir aos poucos, com muito esforço o segui.

Aos poucos, o ar voltou aos meus pulmões, me causando um alívio imediato. O bip infernal começou a normalizar conforme ia me acalmando.

- Isso, boa garota. - Ele sorriu

Assim que tudo normalizou, consegui reparar nele e o que vi, me fez prender a respiração. Ele tinha os olhos mais azuis que já tinha visto na vida. Sua postura era elegante - rico com certeza - usava terno feito sob medida, porque não tinha nada de tecido sobrando, o vestia muito bem. Seu cabelo muito bem penteado, era de um castanho claro, com alguns fios loiros. Não podia negar que muito provavelmente embaixo daquele terno, havia um homem com um corpo de deixar qualquer mulher babando. Ele era lindo demais para o meu próprio bem.

Em seguida me deparei com outro par de olhos, esses eram azuis, mas um tom de azul que não impactava quando observado de perto e me julgavam, demonstrando tamanha irritação que fiquei impactada por um momento. Quem são essas pessoas? Essa mulher me encarava como se eu fosse a culpada pela fome no mundo. Provavelmente era esposa do Deus grego e estava se sentindo incomodada por ficar me observando nesse leito.

- Senhorita? - O médico, que até então não tinha notado na sala falou calmamente, tirando minha atenção da mulher odiosa ao lado. - Sou o Dr. Alexander, responsável pelo seu caso e vou acompanhá-la até a sua alta, que deve ocorrer em no mínimo duas semanas.

- O que? - Praticamente gritei e percebi meu descuido gritando em português, imediatamente procurei me acalmar.

- Desculpa, o que? Não posso ficar aqui duas semanas.

- Seus ferimentos foram muito graves. Quando deu entrada no hospital, estava com um sangramento interno gravíssimo, traumatismo craniano, fratura de uma costela, da perna direita, sem contar a que teve no punho esquerdo. Foi submetida a uma cirurgia de emergência para localização do foco de sangramento e colocada em coma induzido para melhora do quadro. Depois de 24 horas com melhoras consideráveis, fomos tirando os sedativos gradativamente. Foram longas 72 horas após a retirada do sedativo até que enfim despertasse, o que aconteceu a aproximadamente 20 minutos, para ser exato. Precisamos refazer os exames para minimizar quaisquer sequelas e posteriormente...

- Espera Dr. - Interrompi, procurando me acalmar para não entrar novamente em pânico. - Como vim parar aqui? Só me recordo de avistar uma cobertura do outro lado da avenida e tentar chegar lá porque estava congelando na chuva. Depois disso, não me lembro de mais nada, até acordar aqui.

A mulher, que até então não tinha falado nada, bufa e com visível descontentamento praticamente grita comigo.

- Você entrou na frente do carro do meu homem, sua desqualificada. Por isso está aqui. Agora é muito fácil se fingir de esquecida, quando obviamente se jogou para chamar atenção - Ela despeja em cima de mim.

Quando dei por mim, estava chorando compulsivamente, não pelo que a mulher me acusou, mas por mim. Meu desespero era palpável, não conhecia nenhuma daquelas pessoas, estava vulnerável e nem sabia como ia resolver toda essa situação. Essa mulher nem me conhecia e já me julgava sem me dar oportunidade de tentar explicar o que me recordava daquele dia, sem falar que o olhar do Deus Grego me deixava nervosa. Em um movimento rápido, o médico fez um sinal para a enfermeira, que aplicou um novo medicamento no meu soro, que me causou uma leveza praticamente instantânea e mergulhei no aconchegante breu.

***

Não sei quantas horas se passou até que despertei novamente. Agora o quarto estava na penumbra, somente com um fio de luz vindo por debaixo da porta. Não sabia dizer ser era dia ou noite já que as janelas estavam cobertas por grossas cortinas que cortavam qualquer luz. Olhei ao redor do quarto acreditando que estava completamente sozinha, e me assustei ao me deparar com uma sombra no canto do quarto, encostado na parede e me encarando. Meu primeiro impulso foi gritar, até reconhecer aquelas írises fantásticas do Deus grego que vi mais cedo.

O que ele fazia aqui? Quem ele era? Cadê a mulher? São tantos questionamentos, que estava me deixando tonta.

- Olá - A voz de barítono ressoou pelo quarto e trouxe arrepios ao meu corpo, que com certeza não estava preparada para sentir. Agora que estava mais calma, consegui perceber seu tom de voz com clareza. Combinava muito com ele. Forte. Grave. Marcante.

Como pode um ser humano ser tão privilegiado assim, se não bastasse a beleza dele, a voz é maravilhosa e me deixou cativa. Tanto que esqueci de responder.

- Me perdoe não ter me apresentado mais cedo, não tive oportunidade. Sou Oliver Parker. O médico achou melhor aplicar um calmante leve, somente para evitar que seu nervosismo fosse prejudicial a sua saúde, devido a cirurgia delicada que passou recentemente, não queria que sofresse um ataque cardíaco ou piorasse as dores que provavelmente sente na cabeça. Consegue conversar comigo calmamente agora? - Ele explicou calmamente, como se tivesse medo da minha reação.

Meu senhor, por um momento lembrei do filme Crepúsculo. Edward falando com a Bella pela primeira vez.

Foco.

- Só queria compreender o que aconteceu. Preciso... ir embora... Recomeçar minha vida... - Comecei falar já soluçando novamente e disparando novamente aquela porcaria de bip.

- Se acalma pequena, ficar nervosa só vai piorar seu quadro e vão precisar sedá-la novamente. Não precisa se preocupar com nada, estou cuidando de tudo. Você está aqui por um descuido meu e vai ter tudo o que precisar para sua melhora. Vou cuidar de você.

- Como?

- Estava em meio a uma discussão com a Emilly, você a viu mais cedo, enquanto estávamos a caminho da casa dela. Ela não aceitou o término muito bem. Devido isso, me distraí na direção por um momento e ... bom, o resto nem preciso explicar, já que você está nessa cama de hospital.

- Você não tem culpa de eu ter entrado na frente do seu carro.

- Tenho culpa por estar distraído e não ter desviado de você.

- Nem por isso precisa bancar meu tratamento.

- Preciso sim, para minha sanidade mental

- Não vejo necessidade. Não sei como vou pagar tudo, já que tenho poucos euros após a conversão, mas darei um jeito.

Suspiro frustrada.

Encarei novamente aqueles olhos que me diziam tantas coisas, me imploravam para aceitar o que ele me dizia, não me julgava por ter entrado na frente do carro, pelo contrário demonstravam uma preocupação que nem cabia a ele, já que nem me conhece. Mas também mostravam um interesse genuíno em mim. Era isso que eu não conseguia compreender, o que de tão interessante havia em mim, para impressionar esse homem? Reparei nele com mais afinco e diferente da primeira vez, agora ele usava jeans escuro, tênis de marca preto, uma blusa polo azul marinho e seu cabelo estava levemente bagunçado, como se tivesse passado a mão muitas vezes. Estava mais lindo ainda.

- A propósito, não sei o seu nome. - Ele me despertou do transe com aquela voz de barítono que me causava arrepios em lugares que não deviam arrepiar e pude sentir meu rosto esquentar.

Que isso Pandora, você nunca corou na presença de nenhum homem antes. Antes de responder considero mentir. O medo causa isso nas pessoas, não conheço esse homem, por mais que esteja me ajudando, mas depois do Matheus, não sou uma pessoa que vai confiar no primeiro sorriso que aparecer. No fim, decido ser honesta.

- Pandora Benedict.

- Pandora? Nunca tinha ouvido antes. Aliás, seu sotaque é bem carregado, de onde é? - Ele me interrogou.

Fiquei receosa e ele percebeu.

- Pode confiar em mim.

- Não sou de Londres.

- Ok, não vou forçar, mas aos poucos você vai me contar a sua história, vai aprender confiar em mim. Posso te perguntar quando chegou a Londres?

- Vergonhoso dizer, mas quando o acidente ocorreu, tinha recém-chegado a Londres. - Expliquei.

- Me desculpe Oliver, estou meio nervosa e confusa. Deu tudo errado aquele dia, desde conseguir um taxi, até o taxista que enfim aceitou me levar para um hotel que não foi o solicitado. A chuva foi um bônus no caos, devido isso e ao frio congelante que estava sentindo, não parei para pensar nas minhas ações, somente queria chegar embaixo de alguma cobertura, para conseguir identificar onde estava e ir até o hotel correto. Lógico que não deu certo de novo, porque não vi aonde ia e entrei na frente do seu carro. - Bufei. Era impressionante o problema que causei sem nem perceber, pelo menos agora não estava na chuva, soltei um risinho sem humor. - Acho que... se não fosse o acidente, teria parado no hospital de qualquer forma, só que com hipotermia.

Estava cansada, completamente desmotivada e com dores no corpo. Minha cabeça estava explodindo com uma dor insuportável, a ponto de me deixar inquieta na cama.

- Ficaria desesperado também no seu lugar, mas, como minha mãe vive dizendo, Deus escreve certo por linhas estranhas. - Oliver riu. - Vamos acreditar que estava no destino nos encontrar, posso te ajudar a se adequar em Londres.

Sem nenhuma razão e não entendia o porquê, meu corpo todo relaxou depois da declaração dele, como se tudo estivesse certo no mundo. Como se ali tivesse a resposta para tudo o que eu precisava para viver. Isso era uma completa insanidade. Mas me vi retribuindo seu sorriso cativante.

Não precisava confiar minha vida a ele, até porque, não nos conhecíamos. Mas como ele mesmo falou, podia me auxiliar nesse início de vida em Londres, não ia recusar ajuda. Mesmo desconhecido, foi o primeiro a ser gentil comigo, mesmo em cima da atual circunstância.

Mas preciso me proteger de Oliver Parker.

Preciso aceitar a ajuda no tempo que estiver internada e depois se ele tiver alguma sugestão de lugar onde possa arrumar um emprego que pague minimamente bem. Depois, preciso seguir meu rumo sem olhar para trás, sem me apegar a ninguém.

Não sei quanto tempo o médico ia me prender aqui, mas, já estava fazendo planos de juntar um dinheiro bom e retornar ao meu país. Essa experiência de quase morte, passado o pânico, me deu o gás que faltava para recuperar a minha vida. Matheus nunca mais seria um problema, pois entraria com um pedido de restrição contra ele assim que possível. Vou pegar minha vida de volta, mas não fugindo, encarando de frente.

Estava distraída, fazendo mil planejamentos na minha mente, quando ouvi uma batida suave na porta. Provavelmente era algum dos enfermeiros ou médicos do local, mas me surpreendi quando Oliver se levantou e foi abrir a porta.

Quando retornou ao quarto, atrás dele vinha outro homem, tão deslumbrante quanto. Seus olhos eram de um tom brilhante, não tão comum assim, lembrava mel. Era tão alto e forte quanto Oliver, mas algo em sua postura deixava uma aura de poder que afastava qualquer um que se dignasse a olhar por mais tempo. Seu semblante era carrancudo, como se não entendesse o que fazia ali. Estava vestido informalmente, com camisa preta de botão, calça escura e sapatos, o que me surpreendeu foi o coldre na cintura.

Era policial.

Não imaginei que seria necessário falar com a polícia, mas eu estava internada, entrei na frente de um carro. Podiam pensar que eu era suicida.

Com esse pensamento, não consegui controlar o sorriso involuntário que se abriu no meu rosto. Seria cômico se não fosse tão trágico né? O que me imobilizou, foi quando o segundo desconhecido retribuiu meu sorriso.

Não estava preparada para o baque que senti quando vi seu rosto mudar, ficar mais suave com um sorriso que me tirou o fôlego. Meu Deus, que homem deslumbrante.

Esses dois vão ser a causa da minha morte, só sorrirem mais um pouquinho.

            
            

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