Para Sempre Nossa
img img Para Sempre Nossa img Capítulo 3 Oliver Parker
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Capítulo 3 Oliver Parker

*Dia do Acidente*

O dia foi terrivelmente exaustivo, os processos estavam se multiplicando e quanto mais resolvia, outros apareciam, como se fossem uma hidra. Aproximadamente às 18hrs, a Srta. Sullivan telefonou, avisando da presença da Emilly.

Porra, que inferno.

Nem tive tempo de inventar qualquer desculpa e Emilly irrompeu pela porta, parecendo que estava a caminho de uma guerra. Muito provavelmente, não teve acesso ao Archie - meu melhor amigo - e veio atormentar a minha vida no escritório novamente.

Se arrependimento matasse.

Eu e Archie aviamos falado com ela há exatas duas semanas, depois de um relacionamento de 02 meses. O que começou consensualmente e com ambos interessados, terminou conosco não suportando ouvir o nome de Emilly. Ela já estava barrada na portaria do prédio, não sei como passou pelos seguranças.

Emilly nos enganou direitinho, no início da nossa relação, fomos claros que não queríamos nada sério e que ela estava liberada a encontrar quem quisesse. Enquanto nosso desejo fosse mútuo, estava tudo certo. Porém, com o passar dos dias, percebemos a enrascada. Ela ficou possessiva. Aparecia no escritório quando queria e causava escândalos com meus clientes. Tal como, aparecia na delegacia e arrumava confusão com as colegas de equipe de Archie.

A gota d'agua foi quando ela conheceu Olivia, que chegou recentemente dos Estados Unidos e estava no bar com a gente comemorando seu retorno. A maluca apareceu sem ser convidada, puxou Olivia da mesa enchendo-a de impropérios e não satisfeita, ameaçou fisicamente e tentou agredi-la. Pensei que Archie enlouqueceria de tão puto que ficou. Nesse dia, chegamos à conclusão que nosso tempo com Emilly findou e tivemos uma conversa franca, que aparentemente não surtiu nenhum efeito.

Lá vamos nós de novo.

- O que faz aqui Emilly? - Questionei bravo

- Vim te ver, estou com saudade. Você e Archie não podem me abandonar dessa forma. Eu amo vocês - Ela soluçou, já começando novamente seu pranto questionável. Era sempre assim, ela aparecia sem ser convidada, chorava de soluçar tentando nos comover, implorava para reatar e quando percebia que nada disso adiantava, começava a berrar aos quatro ventos o quanto éramos horríveis e injustos por abandoná-la. - Vocês precisam entender que eu sou o amor da vida de vocês, aquela que vai conhecer finalmente o quarto no terceiro andar. É tudo para mim, como não percebem?

- Pela última vez, você não pode ficar aparecendo no meu trabalho dessa forma. Já te expliquei tudo várias vezes e parece que não consegue entender. Nosso relacionamento deu o que tinha que dar, não está saudável. Não me force entrar com uma medida preventiva contra você.

- Mas eu amo vocês. - Ela gritou

- Eu não amo você. - Bradei, furioso por precisar frisar isso novamente. - Nosso relacionamento nunca foi a base de amor Emilly, foi só prazer. Nós te avisamos previamente e você aceitou. Eu não me envolvo por amor, não quero amar. Exatamente para evitar esse momento desagradável, que procuramos alguém no clube, que entenda que tudo não passa de prazer, momentos, com o fim previsto. Não fui feito para relacionamentos duradouros.

- Você está errado Oliver. É perfeito para relacionamentos, perfeito para mim. - Ela continua chorando. - Não preciso do Archie como preciso de você.

- Essa discussão não nos levara a nada. Você já sabe o que eu acho, vai embora Emilly.

- Isso não vai acabar assim, não pode acabar assim. Perceba de uma vez que eu sou a mulher da sua vida.

- Emilly, meu dia já foi cheio o suficiente para continuar aqui ouvindo você se lamuriar. Vai embora.

- Oliver, presta atenção, se você não ficar comigo, não vai ficar com mais ninguém.

- Isso é uma ameaça?

- Não, é um juramento.

Nesse momento percebo que não vou render mais nada no escritório, junto minhas coisas e faço uma anotação mental de enviar um e-mail para a Srta. Sullivan, informando que Emilly está proibida de entrar nos escritórios, porém se aparecer, ela tem permissão de chamar os seguranças para retirarem-na do prédio. Como previsto, Emilly acha que ganhou e me segue até o estacionamento privado que é de uso exclusivo dos advogados sêniores.

Me viro para despachá-la, quando me pede baixinho.

- Pode, pelo menos, me levar até em casa? Vim até aqui de táxi.

Mesmo sabendo que vou me arrepender amargamente, concordo em levá-la, já que o prédio onde ela mora atualmente fica a caminho da minha casa, que está localizada um pouco mais distante da cidade, por que prezo muito pela minha paz de espírito quando estou de folga. Tanto eu, quanto Archie, levamos tempo procurando um lugar bom para fixar residência. Quando descobrimos essa casa, foi um verdadeiro marco. Era perfeita, com 03 andares, bastante espaço, muitos quartos para receber amigos e família, fora que a área de lazer era impressionante. Foi um bom investimento.

Durante o caminho, procurei bloquear Emilly o máximo possível, já que ela continuava o caminho todo se lamuriando do quanto a vida estava triste desde que nosso relacionamento terminou, que não tinha ânimo para sair como antes - o que era mentira, pois já havia visto Emilly em diversos pubs, acompanhada de amigos e homens desconhecidos.

Em determinado momento, senti sua mão na minha coxa, subindo em direção ao meu pau, que não estava nem um pouco interessado naquela carícia. Antes que ela pudesse tocá-lo, segurei seu punho.

- O que pensa que está fazendo? - Praticamente rosnei.

- Só te lembrando o quanto pode ser bom. - Ela ronronou

- Emilly, se dê o respeito

- Pode ser bom, garanto. Me deixe te provar.

- Chega! - Gritei. - Será que não percebe o quanto está sendo inconveniente? Essa é a última vez que tenta me tocar sem ser solicitada.

- Meu benzinho, me deixa te relaxar, é nítido o quanto está estressado com o trabalho.

Não tive tempo de respondê-la.

Como uma assombração, percebi pelo canto do olho uma mulher loira atravessar a rua sem olhar para onde ia. Notei tarde demais que tinha me distraído com a maluca do meu lado e não tinha como parar o veículo a tempo. Meu coração parou quando colidimos com a mulher desconhecida, que voou alguns metros longes, caindo no chão em um estrondo.

Deus, permita que ela não tenha morrido.

Desci correndo do veículo, sem me importar com a chuva e sendo seguido de perto por Emilly, me aproximei da mulher desacordada.

- O que essa mulher queria se atirando na frente do seu carro dessa forma? Chamar sua atenção. Tomara que tenha morrido.

- Cala a boca Emilly, antes que eu chame a polícia e mande te prender.

Com a mão tremendo muito, não sei se de frio ou de nervoso, procurei a pulsação da mulher no chão. Não era possível ver seu rosto, somente a massa de cabelos loiros que cobriam sua face. A pulsação estava fraca.

Imediatamente saquei meu celular e solicitei uma ambulância com urgência.

Graças a Deus meus pais eram médicos e donos de um hospital muito conceituado em toda Londres, assim que me identifiquei, a ambulância entrou em trânsito.

Cerca de 5 minutos depois, consegui ouvir o som das sirenes.

Assim que a ambulância parou, os paramédicos saltaram do veículo e correram até a desconhecida, realizaram todos os procedimentos necessários para em seguida colocarem-na na maca. Em uma primeira avaliação, ela tinha fraturado o punho esquerdo e quebrado a perna. Provavelmente tinha tido uma concussão fortíssima ou um traumatismo craniano, mas isso só poderia ser mais bem avaliado no hospital. Ela estava com a cabeça sangrando e isso estava me agoniando mais do que eu podia prever.

Quando a ambulância saiu em alta velocidade para o hospital, notei jogado de canto uma pequena mala, que provavelmente era da estranha. Após guardar tudo no porta-malas, segui em direção ao hospital.

***

Entrei correndo no hospital e a recepcionista me informou que a desconhecida estava em cirurgia com o Dr. Alexander Parker - vulgo, meu pai - e que era necessário aguardar para maiores informações.

Me dirigi até a sala de espera reservada, diferente da área comum essa era exclusiva para familiares dos médicos do hospital. Estava inquieto e não conseguia ficar parado. Minha mãe apareceu cerca de 40 minutos depois da minha chegada, portanto seu uniforme médico que sempre admirei e correu até mim.

- Querido, acabaram de me informar que você estava aqui, o que houve? Tá tudo bem? - Ela questionou, visivelmente preocupada.

Essa era a minha mãe.

A mulher que sempre se preocupava com tudo e fazia até o impossível para solucionar problemas. Ela era meu orgulho.

- Eu... atropelei uma... moça mãe - gaguejei. - Não sei... como ela está. Unica informação que eu tenho, é que ela está em cirurgia com meu pai.

- Como foi que isso aconteceu meu filho? - Ela estava de olhos arregalados. Sempre me orgulhei de não tirar o foco da direção em nenhum momento, desde que tirei minha habilitação aos 16 anos. Fui muito responsável. Era inadmissível cometer um erro dessa proporção. Sempre me falaram que enquanto eu dirigisse, devia pensar na minha vida e mais ainda, na vida de quem poderia sair prejudicado em um acidente caso eu fosse desatento.

Agora estava ali, parecendo um garoto na frente da minha mãe, aguardando a bronca que viria em seguida.

Precisava da bronca.

Porra, precisava de notícia.

- Calma meu filho, vou entrar e tentar descobrir o que aconteceu, depois você me conta como foi, ok? Respira. - Ela me acalmou.

Depois que ela saiu, tudo se tornou um borrão.

Percebi que de pouco em pouco tempo, a recepcionista vinha até a saleta e tentava me oferecer algo, mas eu sempre negava. Minha mãe demorou mais tempo do que eu esperava ser saudável para minha sanidade mental.

Quando ela retornou, eu estava desesperado.

- Então mãe, como ela está? - praticamente implorei por notícias.

- A situação é bem delicada meu filho, seu pai disse que a garota fraturou o punho esquerdo e quebrou uma perna, que foi imobilizada pelo ortopedista, porém isso não foi o mais grave. Além de um traumatismo craniano severo, que ele precisou drenar parte do sangue que conseguiu, ela está com uma hemorragia interna, que até o momento, eles não localizaram seu foco. Devido isso, ela já teve duas paradas cardíacas.

Enquanto ela ia falando, meu mundo foi desabando aos poucos.

A cada nova informação, o meu desespero aumentava mais.

Tudo culpa da Emilly, que me distraiu com sua loucura, eu nunca iria perdoá-la se essa moça morresse. Eu nunca iria me perdoar.

- Mas você conhece seu pai, ele não vai desistir dela. Ele vai lutar muito e forçá-la lutar. Tenha fé meu filho. - Minha mãe me abraçou

- Ela não pode morrer mãe. - Solucei.

- Vai dar tudo certo meu filho, confia em Deus. - Ela me acarinhou. - Agora, consegue me falar como foi que isso aconteceu?

- Eu estava com a Emilly. - Vi quando seu rosto se fechou, mamãe nunca negou que não gostava de Emilly e de como ela se portava perto de mim e Archie. Minha mãe é uma verdadeira onça quando se trata dos filhos e de quem ela considera filho no caso de Archie. Sempre nos avisou que ela não era o que se mostrava, que traria problemas no futuro. Se eu tivesse ouvido antes. - Ela apareceu no meu escritório de novo hoje, fez o mesmo teatro de sempre e no fim, me pediu carona. Sabia que devia recusar, mas não o fiz. Durante o caminho ela começou de novo, mas diferente do escritório, ela ... - Parei, não ia contar a minha mãe que ela tentou agarrar meu pau, era constrangedor. - Enfim, ela começou se descontrolar e por um momento, eu desviei a atenção da avenida para olhá-la, acabei me envolvendo na briga e nesse descuido, não vi quando a garota entrou na frente do carro. Não sei de onde ela veio, nem porque fez isso. Mas percebi tarde demais, não tinha para onde ir, minha velocidade estava alta de uma forma que não percebi, acredito que devido o nervosismo do momento. A colisão foi inevitável. Eu a vi voando mãe, mas vê-la caindo deixou tudo em câmera lenta. Ela não pode morrer.

- Meu filho, te falei sobre Emilly antes e não vou fazer como muitos e falar que eu te avisei, por que você é adulto, maior de idade e bem resolvido. Espero que agora, perceba bem com quem se envolve. Deus é misericordioso, não há de levar essa moça. Ela é muito nova, tem muito o que viver ainda, tenhamos fé.

E assim ficamos pelas próximos 5 horas. Minha mãe não saiu do meu lado em nenhum momento e quando meu pai apareceu, me faltou ar. Seu semblante era carregado de preocupação e cansaço.

- Como ela está pai?

- Seu quadro está estável no momento, conseguimos localizar o foco da hemorragia interna. Durante a queda ela fraturou também uma costela, que causou uma perfuração. No momento, o que mais me preocupa é o inchaço do seu cérebro devido a pancada. Fizemos tudo o que estava em nosso alcance, agora depende unicamente do seu organismo. Ela está em coma induzido, as próximas 24 horas serão cruciais.

- Posso vê-la?

- Ela está no CTI agora, vou autorizar sua entrada. Não é permitido ninguém fora a família, mas como não sabemos nada dela, seja rápido sim? - Meu pai aconselhou.

Em seguida me direcionou até o andar do CTI, onde tive que colocar roupa cirúrgica para evitar contaminá-la com qualquer coisa que possa estar na roupa que vim da rua.

Assim que entrei no quarto, o ar gelado era meio fúnebre. A cama parecia grande demais para a criatura pequena que estava no centro dela, ligada em todos aqueles aparelhos que atestavam sua vida. Me aproximei devagar, como se, qualquer mínimo barulho pudesse despertá-la. Quando cheguei perto da cama, estanquei no lugar. A garota que estava no leito, era muito jovem, provavelmente na idade da irmã de Archie, Olivia, que recentemente comemorou seu aniversário de 19 anos.

Era linda.

Parecia uma princesa, seus traços eram quase angelicais, uma pele muito clara envolta de uma massa de cabelos loiros cheios, que destacavam sua beleza. Uma beleza fantasmagórica agora, já que sua pele estava sem viso, meio acinzentada nesse quarto de hospital.

- Você precisa ficar boa princesa. Não pode pagar por erros de julgamento que eu cometi no passado, preciso que fique boa - sussurrei. Fiquei mais alguns minutos observando sua face, depois me retirei.

Novamente na saleta com meus pais, solicitei que assim que ela saísse do CTI fosse encaminhada a um dos quartos familiares. Como o hospital era dos meus pais, tinha o andar da família, com leitos preparados em caso de qualquer urgência com um de nós, sem afetar o público do hospital. Se eles estranharam minha solicitação, nada disseram.

Foram longas 24 horas, até que meu pai comprovasse que houve melhoras significativas e decidir retirar a sedação aos poucos. Seu cérebro, contrariando tudo o que acreditávamos, desinchou rapidamente e os exames posteriores indicaram que possivelmente ela não teria sequelas, já que apresentou um trabalho normal nas funções cerebrais.

Isso me deixou otimista.

- Acabei de retirar toda a sedação dela. - Meu pai informou.

- Então agora ela vai finalmente acordar?

- Depende unicamente dela, se ela estiver pronta para acordar, irá. Precisamos somente aguardar. Ela já respira sozinha sem auxílio de aparelhos, o cérebro está trabalhando normalmente.

Essa era a parte difícil, aguardar. Podia levar minutos, horas ou dias até que ela despertasse.

Durante esse tempo que fiquei aguardando que despertasse, trabalhei remotamente. Sai poucas vezes do seu lado. Queria estar presente que finalmente acordasse, mesmo que eu fosse um completo desconhecido para ela.

Enquanto divagava, meu celular tocou, atendi rapidamente quando vi que era Archie.

- Fala irmão, como você está? A garota já acordou? - Ele questionou. Archie e eu fomos criados juntos, já que seus pais eram amigos próximos dos meus. Somente ele sabia com clareza como eu estava me sentindo por ter sido causador do acidente da garota. Ele se disponibilizou para vir ficar conosco no hospital, mas falei que não era necessário. Eu avisaria qualquer mudança no quadro.

- Infelizmente ainda não. - Suspirei

- Que barra irmão, o que o seu pai diz sobre isso?

- Que depende dela, que seus sinais vitais estão bons, seu cérebro também. Não sei por que ela não acorda. - falei exasperado.

- Logo ela vai acordar, confia.

- Já se passaram 72 horas cara, desde que foi retirada toda a medicação. Nenhum sinal de que ela vai despertar. - Desabafei

- Quer que eu vá até aí aguardar com você? - Ele ofereceu novamente. Dessa vez, me vi inclinado a aceitar.

- Pode vir no final do expediente se estiver tudo bem para você. Estou preocupado com ela irmão.

- Ela vai ficar bem. Mais tarde estou aí.

Depois que ele desligou, me concentrei em um processo difícil que a audiência estava chegando. Nunca perdi nenhum caso, tanto, que meus adversários não gostavam de me enfrentar no tribunal. Era bom na minha área.

Me desliguei do mundo enquanto estudava aquele processo, pegando todos os pontos que julgava relevante pontuar ao juiz, quando uma batida na porta me trouxe de volta. Antes que eu pudesse fazer qualquer movimento, Emilly entrou no quarto.

Puta que pariu.

Ela nem sequer olhou para a paciente, vindo diretamente até mim, parado próxima sussurrou.

- Meu benzinho, como você está?

- O que faz aqui Emilly?

- Ora, estou preocupada com você... e com essa garota que se jogou na frente do seu carro. Ela é desequilibrada.

- Desequilibrada é você, que continua forçando sua presença onde não é chamada. Vai embora, não é bem-vinda.

- Que isso benzinho, vim te fazer companhia. Você não sai desse hospital para nada.

- Fora.

- Mas eu... - Ela já ia começar seus teatros de novo, quando um som chamou minha atenção. A garota se mexeu na cama, movimentando levemente o braço bom, guiando-o até a cabeça. Imediatamente me levantei e me aproximei da cama. Finalmente. Ela estava acordando, ainda não tinha aberto os olhos, mas sua respiração era audível, seus movimentos eram poucos devido as imobilizações que tinha a seu redor. Apertei um botão próximo da cama, logo meu pai entrou seguido de diversas enfermeiras.

- O que houve? - Ele perguntou.

- Ela está acordando. - Informei.

- Graças ao bom Deus. - Ouvi umas das enfermeiras sussurrar, seguido de muitas outras.

Bloqueei todas as vozes quando a garota finalmente abriu os olhos. Os olhos dela eram simplesmente deslumbrantes, sua íris tinha um toque amendoado envolto por pontos acinzentados, tornando-a única. Ela olhava ao redor do quarto com um enorme vinco na testa, deixando-a ainda mais fofa - fofa Oliver? - aos poucos, seus batimentos cardíacos começaram a disparar pela máquina.

- O que? - Questionei

- Acho que ela está tendo uma crise de ansiedade. - Uma das enfermeiras informou, se aproximando mais da cama.

Sem pensar direito no que fazia, segurei sua mão. Imediatamente seus olhos se concentraram em mim, roubando meu fôlego.

- Vamos lá mocinha, me siga ok? Respira comigo - praticamente sussurrei.

Enquanto ela me encarava, forcei minha respiração até que meu peito subia e descia na mesma velocidade nauseante que o dela. Aos poucos, comecei a diminuir, respirando devagar. Foi com muita satisfação que percebi que ela se esforçava para me seguir e depois de algumas tentativas, começou a normalizar. Seu semblante aliviado, me deixou em paz, pela primeira vez em dias.

- Isso, boa garota. - Não contive o sorriso.

Meu pai se aproximou dela depois de algum tempo, se apresentou e a mocinha só esboçou alguma reação quando ele disse que iria observá-la por mais duas semanas.

- O que? - Ela disse, levemente histérica. Deixando-nos apreensivos por um momento. Que idioma era aquele? Será que ela não fala inglês? Isso seria um problema. Um enorme problema. De todos os idiomas que eu falava, aquele não estava incluído.

- Desculpa, o que? Não posso ficar aqui duas semanas. - Ela se corrigiu e falou perfeitamente meu idioma. O suspiro de alívio de todos os presentes no quarto foi audível.

Não prestei mais atenção no diálogo deles, estava mais concentrado em notar seus movimentos, como era meiga em se comunicar, sua voz tinha um timbre baixo mesmo assim se fazia escutar com perfeição.

Não estava preparado para ser surpreendido por ela dessa forma.

Ela era muito jovem.

Era ainda mais nítido agora com ela acordada, parecia vulnerável demais.

Um bufo me tirou dos meus devaneios e foi com muito desgosto que notei que era Emilly.

- Você entrou na frente do carro do meu homem, sua desqualificada. Por isso está aqui. Agora é muito fácil se fingir de esquecida, quando obviamente se jogou para chamar atenção. - Emilly despejou seu veneno. Não tive tempo de retrucá-la, porque a menina novamente se desesperou, dessa vez entrando em um pranto assolador. Todo mundo se comoveu. Meu pai me olhou com o semblante preocupado e orientou que a enfermeira devia sedá-la novamente. Suas reações nesse pouco tempo de interação, podia ser prejudicial a sua saúde.

Imediatamente a enfermeira aplicou uma medicação direto no soro que estava em seu braço e aos poucos, a princesa foi parando de chorar e se perdendo na inconsciência. De novo.

***

Depois de longas horas novamente, a pequena despertou de novo. Dessa vez, somente eu estava no quarto a sua espera e não chamei ninguém. Sei que era necessário, que precisavam refazer exames para atestarem sua saúde, mas decidir aguardar alguns minutos. Notei o exato momento que ela me localizou encostado na parede, primeiro se assustou e depois voltou a respirar normalmente.

Isso me surpreendeu, porque me vi prendendo a respiração até a dela normalizar.

O que está havendo comigo?

Consegui conversar com a pequena, que quase se descontrolou novamente movida a diversas preocupações que no momento, não eram relevantes.

Eu iria ajudá-la no que fosse preciso.

Ela não sabia ainda, mas a partir do momento que entrou na frente do meu carro, selou seu destino.

Seria uma espécie de guardião, amigo, guia.

Ela não ficaria sozinha e solta por Londres sem ninguém para auxiliá-la

Ela era toda desconfiada, não quis me contar de onde vinha. Tenho muita paciência, ela ia confiar em mim um dia para contar sua história e porque veio para Londres.

Pandora.

Nome único, igual a mocinha que o portava.

Você está a salvo agora.

            
            

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