Capítulo 10 Olhe só o que escapou da bolsa dela!

Por fim, Yvonne ainda não conseguiu as respostas que buscava.

Quando ela saiu do hospital e entrou no frescor do ar-condicionado do carro, a noite já havia caído por completo, envolvendo o mundo em seu abraço tranquilo.

Clayton parecia indiferente à temperatura, mas Yvonne, que acabara de tomar uma injeção contra alergia, espirrou violentamente duas vezes.

"Desligue o ar-condicionado", ordenou Clayton, concentrado nos documentos da empresa, sem sequer erguer os olhos.

À medida que o interior do carro ficava cada vez mais quente, Yvonne ainda não conseguia se livrar do seu desconforto. A oscilação entre o calor e o frio, agravada pelas repetidas falhas da enfermeira novata ao tentar aplicar a injeção nela, deixou seu braço pulsando de dor.

"Pode me deixar na farmácia ali na frente?", Yvonne perguntou quando eles se aproximaram de seu bairro.

Já eram onze horas, indicando o fim da festa de noivado. Ela sabia que a visão de Clayton a deixando em casa poderia provocar um conflito desnecessário entre sua família, algo que por enquanto ela preferia evitar.

Um olhar tenso cruzou o rosto de Clayton, seus olhos se estreitando. "O que há de errado agora? Não pegou os medicamentos no hospital?"

A voz dele era aguda, praticamente mordaz, fazendo Yvonne gaguejar ao dar uma desculpa: "Eu, ah... acabei me esquecendo."

"Darian", Clayton chamou seu motorista, Darian McCarthy.

Antes que ele pudesse continuar, Yvonne interrompeu: "Não há lugar para fazer o retorno aqui. Posso atravessar a rua andando. Obrigada."

Com essas palavras, Yvonne esperou o carro parar, então saiu apressadamente e atravessou a rua correndo até a farmácia.

Clayton a observou sair, seu olhar permanecendo até que ela entrasse no estabelecimento.

Inseguro sobre o que fazer, Darian olhou para o seu chefe. "Devemos ir embora ou esperar por ela?"

Clayton não respondeu de imediato, com a atenção fixa na entrada da farmácia até que Yvonne reapareceu. Então ele ordenou: "Descubra o que foi prescrito para ela."

Depois de dez minutos tensos, Darian retornou da farmácia, com a relutância estampada no rosto.

Seu comportamento fez Clayton franzir a testa em irritação. "Não conseguiu o que mandei?"

"Consegui. É que ela comprou..."

"Fale logo", Clayton insistiu, seu tom impaciente.

"Ela comprou contraceptivos de emergência..." A voz de Darian caiu para um sussurro, quase se perdendo em meio ao barulho da cidade em volta deles.

Clayton parou de assinar o contrato que valia milhões, sua caneta travada no ar. Então, ele fechou o documento com um suspiro e disse com uma frieza desdenhosa: "Bom, pelo menos ela é cautelosa. Dirija."

Com um suspiro de alívio, Darian ligou o carro, se integrando suavemente ao trânsito da cidade.

Enquanto isso, na casa de Yvonne, no momento em que ela entrou, um chinelo foi arremessado na sua direção, mas ela conseguiu se desviar rapidamente.

No instante seguinte, um grito furioso ecoou: "Sua pirralha sem vergonha, como se atreve a aparecer aqui?!"

A intensidade da fúria de Cody era nítida. "Se Malinda não tivesse me contado que te viu com Clayton Gibson, eu até agora não saberia dessa sua nova relação. Explique! Qual é o motivo de se envolver com Clayton? Está querendo sabotar o noivado da sua irmã?"

Percebendo o olhar de satisfação de Malinda, Yvonne respondeu friamente: "Sim, eu estava no carro dele, mas foi apenas por motivos profissionais."

Ela não estava mentindo. No carro, Clayton havia mencionado uma possível colaboração entre o Grupo Lawson e o Grupo Gibson e a instruído a supervisionar o andamento na segunda-feira. A conversa deles fora estritamente profissional, sem qualquer conotação romântica.

Com uma risada zombeteira, Cody respondeu: "Acha mesmo que vou cair nessa ladainha?"

Yvonne soltou uma risada sarcástica e inclinou a cabeça. "Ah, então está duvidando de mim, é? Bem, essa não é a primeira "ladainha" que tenho que rebater. Se é só isso, estou indo para o meu quarto."

Assim que ela terminou, Cody avançou em sua direção, apontando o dedo no seu rosto e gritando: "Como ousa falar com seu pai dessa maneira? Você não tem vergonha alguma! Escute aqui! Descarte qualquer esquema que esteja arquitetando. Você tem que interromper qualquer contato com Clayton agora mesmo. Se não cumprir, vou colocar outra secretária no seu lugar!"

"Colocar outra secretária no meu lugar? Quem você encontraria? Quem mais além de mim pode cuidar dos seus negócios? Malinda, ou talvez Stella?" Yvonne mantinha o olhar fixo em Cody, com um brilho malicioso nos olhos vívidos e eloquentes, que pareciam lançar um desafio silencioso.

Era como se ela estivesse perguntando: "Vai mesmo deixar Malinda e a mãe dela ocuparem meu lugar como secretária? E a mulher que fica te ligando para marcar reuniões?"

Cody confessaria a complexidade da sua situação ou ignoraria a inveja crescente de Stella?

Yvonne estava angustiada com a ideia de perder seu cargo, com medo de se afastar do Grupo Lawson que sua mãe havia fundado. No entanto, ela sabia muito bem que se render ao medo e à submissão só encorajaria Cody ainda mais.

Mal ela terminou seu pensamento, Cody ergueu o braço para lhe dar um tapa forte.

"Você devia se envergonhar! Acha que pode me intimidar?! Você realmente acredita que é a única adequada para esse cargo? Malinda é muito mais competente do que você jamais será. Você nunca vai se igualar a ela!"

Com agilidade, Yvonne ergueu a mão e segurou o pulso de Cody, impedindo o tapa a poucos centímetros do seu rosto. Permanecendo em silêncio, ela lhe lançou um olhar firme e sereno, o que pareceu deixá-lo ainda mais furioso.

Seu olhar refletia o da sua mãe.

Observando a cena com um sorriso, Malinda interveio animadamente: "Yvonne, Louis me escolheu, e é razoável que você esteja magoada, mas por que se envolver com o tio dele? Pai, e se ela me colocar numa encrenca com a família Gibson?"

Suas palavras provocativas só aumentaram a raiva de Cody, que respondeu: "Então, Yvonne, não vai mesmo confessar o que aconteceu entre você e Clayton, vai? Que bom para você, né? Preciso arrancar a verdade de você hoje!"

Num ataque de raiva, Cody enfiou a mão num vaso, pegou uma régua de madeira robusta e a bateu na mão de Yvonne com um estalo agudo.

A pele dela ficou vermelha imediatamente como fogo, e sua bolsa caiu no chão, espalhando tudo que estava dentro.

Aproveitando a oportunidade, Malinda pegou um dos itens e o apontou para Cody. "Pai! Olhe só o que escapou da bolsa dela!"