Meu Deus, eu estou a fim dele, e claramente, Nat também. O que eu vou fazer? Natália é linda de todas as formas possíveis, loira dos olhos azuis, atlética, parece uma boneca e é minha chefe.
Me olho no espelho enquanto lavo as mãos, a maquiagem está intacta, menos o batom que deve ter saído enquanto nós comíamos, reaplico. Gosto do que vejo no espelho.
Saio do banheiro e sou envolvida pelo ambiente novamente. Ainda estou estranhando a quantidade de pessoas na balada hoje, eu amo música e adoro me misturar com pessoas, dançar... Resolvo que ao invés de voltar ao camarote, onde os dois estão flertando, e exatamente por saber meu lugar vou para meio da pista dançar um pouco.
Começo a ser embalada pela batida da música, e até troco olhares com algumas pessoas, até que sou puxada pelo braço, quando olho, já com cara feia para o lado, vejo é Ian.
- O que?! – Grito.
- Estava te procurando – e me entrega uma taça.
Em seguida me olha de cima a baixo, gosto da forma como me olha e continuo me mexendo, em seguida dou um gole no drink que ele trouxe para mim. É gin, ele acertou em cheio.
Então começamos a dançar juntos, e sorrimos muito um pro outro, é evidente que temos química e quero desesperadamente beijar ele. Mas não sei se estou vendo coisas quando penso que talvez ele queira o mesmo.
Meu olhar desce para sua boca e a minha seca. Ao invés de tomar um gole da bebida, lambo o lábio inferior.
Que desperta um olhar quase predatório em Ian.
- Porra, Samantha – diz, a voz rouca.
Encaro aqueles olhos verdes, ele envolve minha cintura, e não desviamos o olhar em momento algum, então ele me beija. Devagar, experimentando, como se tivéssemos todo o tempo do mundo.
Fico na ponta dos pés para ter um melhor acesso a ele, e enlaço seu pescoço com o braço livre, mesmo de salto ele ainda é bem maior... Me perco enquanto nos beijamos, até que um pensamento me ocorre:
- Cadê a Natália?
- Não sei, eu vim atrás de você – seus olhos estão nebulosos, os lábios inchados.
- Por quê?
- Como assim por quê? Eu vim nesse jantar por sua causa.
Ao ouvir isso, meu coração acelera – mais.
- Você vai me arranjar problemas com a Nat...
- Vamos sair daqui então?
Por que não? Olho em seus olhos e falo:
- Vamos.
Ele pega minha mão e com a outra, pega o drink, que abandona em uma mesa qualquer. Saímos noite a fora, e mal senti frio, apenas percebi que estava com frio quando entrei no carro, que está quente. Ele não solta minha mão por nada, e fazemos o trajeto em silêncio, há uma ansiedade mal contida de ambas as partes.
Chegamos ao quarto de hotel dele, e assim que fecha a porta, ele me encosta contra a ela e cola o corpo ao meu, sou envolvida por seu cheiro, que me deixa inebriada, ele segura meu rosto e acaricia meu lábio interior. Em seguida dá uma mordida ali.
Minhas pernas fraquejam.
E então, me beija, é como se estivesse com fome – não há outro modo de definir isso, suas mãos viajam por todo meu corpo, não deixando parte alguma para a imaginação. Ele me pega no colo e meu vestido sobe quando passo as pernas ao redor dele, passo a mão por seus cabelos que são muito macios, não sei como chegamos aqui, mas ele me joga na cama.
Começo a desabotoar sua camisa. Quando me livro dela, passo a mão pelo seu corpo, o tanquinho dele é divino, esculpido. Ele passa do meu pescoço e desce até o decote e desce por todo o meu corpo, beijando e cariciando, quando chega à minha intimidade, perco a razão.
Quando acordo, estou em uma cama mega bagunçada – que não á a minha, olho em volta e vejo Ian deitado, a visão de suas costas nuas quase me faz salivar, a noite de ontem foi demais.
Mas já acabou, saio da cama em silêncio, não existe a menor possibilidade dele acordar e eu ainda estar aqui. Pego minhas coisas e saio do quarto na ponta dos pés. Na sala visto minha roupa e chamo um Uber.
Droga, eu nunca fiz isso!
Assim que chego em casa, fico aliviada que minha mãe foi embora ontem, vou direto pro banho, não vou chegar meio-dia só porque estava na farra, é só dormir mais cedo que recupero esse sono, e provavelmente a Natália só vai chegar as 14h tem de haver um responsável pelo setor presente.
Acabo de comer minha banana com aveia e escovo os dentes, coloco um terninho preto e uma blusa com gola laço, scarpin e voilà, prontíssima.
Pego minha necessaire de maquiagem e taco na bolsa, ainda estou com a pulseira de ontem e os brincos estão na minha bolsinha de balada, pego um qualquer em meu porta-joias e vou pro trabalho.
Engraçado. Estou feliz, faz tempo que eu não fico com ninguém. E minha felicidade não se resume a ter dormido com Ian, me sinto mais livre. Faz sentido?
Foi bom para mim fazer algo diferente, já faz dois anos que estou aqui e nada mudou para mim, não saio para conhecer gente nova, e mal fiz amizade no trabalho. E do nada, Ian aparece e cria uma reviravolta.
Não espero que isso seja algo a mais do que é, de forma alguma, ele é filho do dono da McDougall, vai herdar tudo isso. Não entendo o interesse dele em mim, e não vou questionar.
Imagino que nem vá querer olhar em minha cara hoje, e vai ser ótimo não estragar minha relação com a Nat, não posso perder esse emprego.
Dessa vez não dou de cara com Ian no elevador, perto da uma da tarde saio para almoçar no restaurante vegano que tem aqui perto. Assim que entro no estabelecimento sou invadida pelo cheiro delicioso de comida, eu amo comer.
Encho meu prato com as mais variadas coisas, porém, metade do prato consiste em brócolis, preciso de proteína. A outra metade se subdividiu entre tomatinhos, azeitona, arroz integral com um pouquinho de feijão, e salada de grão de bico que eu enchi de limão.
Sol se aproxima da mesa e diz:
- Uma água com gás, senhorita?
- Claro senhora, se não for muito incômodo – digo seriamente.
Tento manter a expressão séria, mas logo estamos rindo,
- Bom te ver Sam, como você está hoje? Parece bem.
- E estou mesmo, e você, tudo certo?
- Tudo em paz, graças a Deus, vou trazer a sua água e deixar você comer, imagino que deva estar com fome – e se retira.
Realmente estou com fome, então, ataco esse prato divino, brócolis é literalmente minha comida favorita no mundo todo.
Fico feliz só por estar comendo.
Solange traz minha água, mas está muito atarefada e não ficou para conversarmos mais. E tudo bem porque já preciso voltar para a empresa.