Más allá do poder
img img Más allá do poder img Capítulo 3 Um Encontro Inesperado
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Capítulo 6 A Proposta img
Capítulo 7 Promessas Sob as Sombras img
Capítulo 8 Uma Proposta Indecente img
Capítulo 9 A Tentação do Dinheiro img
Capítulo 10 Uma Armadilha Perigosa img
Capítulo 11 Uma Armadilha Perigosa img
Capítulo 12 Entre Sombras e Suspeitas img
Capítulo 13 Um Casamento de Poder e Surpresas img
Capítulo 14 Um Aviso de Poder img
Capítulo 15 O Peão Se Move img
Capítulo 16 Um Casamento Entre Sombras e Luzes img
Capítulo 17 Um Presente Inesperado img
Capítulo 18 O Desafio de Esteban img
Capítulo 19 Uma Verdadeira Lição de Poder img
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Capítulo 3 Um Encontro Inesperado

Era sábado à noite, e embora o barulho da cidade fosse habitual, naquele instante parecia que tudo havia tomado uma calma inesperada. Camila estava em um bar no centro da cidade, um daqueles lugares que sua família desaprovaria sem hesitar. Nada de luxo, nada de ostentação. Apenas pessoas comuns, conversas descontraídas e um ambiente que, pela primeira vez em muito tempo, permitia que ela deixasse de ser a temida CEO da Valenzuela Corp e simplesmente fosse Camila.

Vestia-se de forma simples, com jeans e uma blusa escura, quase irreconhecível da mulher impecavelmente vestida que aparecia nas revistas de negócios. Ninguém no bar parecia prestar muita atenção nela, e era exatamente isso que precisava.

- Uma cerveja? - perguntou o barman, olhando para ela com certa estranheza. Não era o tipo de bebida que alguém tão elegante e refinado como ela parecia pedir.

- Sim, uma cerveja está ótima - respondeu Camila com um sorriso despreocupado.

O barman assentiu e se afastou, enquanto ela se recostava no balcão, observando ao redor. Viu casais, amigos rindo e aproveitando a noite, pessoas que, definitivamente, levavam vidas simples, vidas alheias ao tipo de responsabilidade que pesava sobre ela todos os dias. Por um momento, desejou estar no lugar deles, sem precisar pensar em estratégias, fusões ou casamentos convenientes.

Enquanto seus pensamentos vagavam, um homem sentou-se ao seu lado e pediu um copo de uísque ao barman. Camila percebeu sua presença imediatamente, mas manteve os olhos fixos no balcão, sem dar importância. No entanto, havia algo nele... diferente. Talvez sua maneira de se vestir - simples, mas sem ser desleixada - ou a tranquilidade que irradiava, como se o agito ao seu redor não fosse capaz de perturbar sua paz.

Quando o homem recebeu sua bebida, virou levemente a cabeça para ela e, após alguns segundos, quebrou o silêncio.

- Cerveja em vez de vinho? - perguntou com um leve sorriso, deixando transparecer um toque de sarcasmo. - Não é uma escolha comum por aqui, certo?

Camila olhou para ele e um sorriso divertido surgiu em seu rosto.

- E quem dita o que é comum e o que não é? - respondeu, mantendo o tom brincalhão na voz. - Além disso, vinho me lembra os eventos chatos nos quais tenho que estar o tempo todo. Aqui prefiro algo diferente.

Ele assentiu, como se entendesse perfeitamente do que ela estava falando.

- Bom, nesse caso... saúde - disse, levantando seu copo em um gesto amigável.

Camila brindou sua cerveja contra o copo dele, e ambos beberam em silêncio. Notou que havia algo em sua expressão e maneira de agir que lhe transmitia uma tranquilidade incomum, como se ele compreendesse a necessidade de escapar da rotina, de viver fora de um papel predefinido.

- E você? - perguntou Camila. - Não parece alguém que frequenta esses lugares.

O homem soltou uma risada suave e a olhou diretamente, mas ao invés de intimidá-la, despertou sua curiosidade.

- Acho que ninguém resiste a uma boa cerveja de vez em quando, não é? - respondeu, dando de ombros. Depois, estendeu a mão. - Samuel.

- Camila - respondeu ela, apertando sua mão, sentindo o toque quente e firme.

Ficaram em silêncio por alguns segundos. Samuel parecia não querer saber mais detalhes, algo que Camila apreciava. Era raro encontrar alguém que não tentasse descobrir quem ela realmente era ou que não a visse como uma Valenzuela, mas apenas como Camila.

- E o que você faz, Samuel? - perguntou, tentando soar casual, embora a curiosidade fosse evidente em sua voz. Ele não parecia um homem comum; havia algo em sua postura, em seu olhar.

- Trabalho com consultoria financeira - respondeu ele com naturalidade. - Ajudo pequenas empresas a encontrar seu caminho no mundo dos negócios.

Camila arqueou uma sobrancelha, impressionada. Era um rumo inesperado. Estava acostumada às histórias de altos executivos, herdeiros e empresários bilionários que dominavam as esferas de poder. No entanto, Samuel parecia exatamente o oposto.

- E você gosta? - perguntou ela.

Samuel sorriu, como se a pergunta o tivesse surpreendido.

- Gosto, sim. - Assentiu, girando o copo entre os dedos. - Acho que, no mundo dos negócios, os menores costumam ser os mais desamparados. Às vezes, precisam de alguém que lhes dê uma mão para seguir em frente.

Camila assentiu, intrigada com a perspectiva de Samuel. A ideia de um homem que dedicava sua vida a ajudar pequenos empresários contrastava radicalmente com a mentalidade de sua família.

- Isso é bastante nobre, Samuel - comentou ela, com sinceridade. - Embora eu deva dizer que é algo pouco comum no mundo corporativo.

- Suponho que sim - respondeu ele com um leve sorriso. - Mas nem todos buscamos as mesmas coisas, certo?

A frase ressoou em Camila mais do que esperava. Aquilo ia muito além de uma simples conversa de bar. Aquele homem tinha uma maneira peculiar de ver a vida, e isso despertava nela uma curiosidade que poucas pessoas conseguiam provocar.

Conversaram durante horas, rindo e compartilhando histórias triviais. A naturalidade de Samuel era revigorante, e Camila se sentiu estranhamente livre, como se o peso de seu sobrenome e título de CEO tivessem desaparecido por um instante.

Quando o relógio marcou meia-noite, ambos olharam para o celular quase ao mesmo tempo e compartilharam um sorriso.

- Está tarde - disse ela, interrompendo o momento com uma mistura de relutância e surpresa. Tinha perdido a noção do tempo.

- Sim, está - admitiu ele, com uma expressão que também parecia refletir certa surpresa. - Foi uma noite interessante.

Camila hesitou por um instante antes de falar. Gostava da ideia de vê-lo novamente, embora soubesse que sua vida não era simples. Mas não queria deixar aquela oportunidade escapar.

- Samuel, eu estava pensando se... - começou, baixando um pouco a voz. Não era comum para ela demonstrar incerteza, mas dessa vez era diferente. - Se gostaria de fazer isso de novo alguma vez.

Samuel a olhou em silêncio por um momento. Sua expressão era enigmática, e por um segundo, Camila sentiu uma pontada de dúvida. Mas então ele sorriu, uma expressão calorosa que lhe deu a confiança que precisava.

- Seria um prazer - respondeu sem hesitar. - Aqui ou em qualquer outro lugar.

Camila sorriu, sentindo uma mistura de alívio e entusiasmo. Trocaram números antes de se despedirem com um leve aceno de cabeça e um último sorriso. Enquanto ele se afastava, ela não pôde evitar observá-lo, tentando captar cada detalhe.

Quando chegou ao seu quarto, olhou-se no espelho. A Camila que a encarava parecia diferente. Aquela noite, não era a CEO inabalável, mas uma mulher comum que, pela primeira vez em muito tempo, havia desfrutado de uma noite simples, sem pretensões ou expectativas.

O que ela não sabia era que Samuel, esse homem simples e misterioso, era muito mais do que aparentava.

            
            

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