Capítulo 4 Pedido de divórcio

"Sim, fui eu! O armazém estava encharcado de gasolina, cheio de explosivos, pronto para explodir no instante em que você chegasse. E de que adianta se você for atrás dos backups das filmagens, Daniela? Acha mesmo que alguém vai acreditar em você? Vão dizer que as imagens foram manipuladas! Além disso... já apaguei tudo. Papai e Alexander deixaram bem claro hoje. Eles acham que você é inútil, que não vale nem um pingo de confiança", Joyce declarou com um sorriso vitorioso, a voz carregada de arrogância.

Em seguida, ela se recostou na cama do hospital, se deleitando com o sabor da vitória.

"Fique de joelhos. Daniela, você vai se ajoelhar diante de mim assim para sempre!", ela ordenou e cruzou as pernas.

Daniela tentava se erguer, mas seu corpo parecia afundar sob uma força invisível.

O suor escorria pela sua testa, pingando no chão frio.

Seu coração estava em frangalhos e, entre os cacos, sua última centelha de esperança sumiu.

Ela havia pensado que, dada a meticulosidade de Alexander, ele poderia enxergar a verdade caso se atentasse aos detalhes.

Mas a realidade era cruel - ela havia dado a Alexander crédito demais.

O som dos sapatos de couro de Alexander ecoou pelo quarto, enquanto ele se aproximava e fixava seu olhar frio e implacável em Daniela.

"Já está pronta para pedir desculpas?"

A dor latejava dentro de Daniela, nublando sua mente e fazendo sua consciência vacilar. Seu corpo tremia, mas ela ergueu a cabeça, o encarando com olhos que ainda carregavam resquícios de esperança.

"Você ao menos considerou todos os ângulos dessa situação?", sua voz saiu fraca, quase um sussurro.

Uma risada desdenhosa cortou o ar como uma lâmina afiada, carregada de desprezo.

O frio da indiferença dele a envolveu por completo.

"Daniela, pare com essa patetice. Apenas admita o que fez. Não importa mais. Vamos acabar logo com esse casamento. Estou farto de perder meu tempo com alguém tão cruel quanto você."

As palavras foram um golpe, a atingindo no peito como um soco invisível, fazendo-a desmoronar. Uma onda de desolação tomou conta dela.

"Pela última vez, sou inocente."

A mulher respirou fundo, tentando reunir cada fragmento de força que ainda possuía.

Com dificuldade, ela se apoiou na parede e se ergueu, o rosto abatido, mas os olhos brilhando com uma chama indomável. Ela então fixou seu olhar em Alexander, articulando cada palavra com precisão. "Por mim, tudo bem. Aceito o divórcio com prazer. Por que eu iria querer um marido cego demais para enxergar a verdade?"

Sem esperar qualquer resposta, ela se virou e seguiu para seu quarto.

Os murmúrios dos pacientes ao redor formavam um zumbido abafado, mas Daniela mal prestava atenção. Seu próprio celular estava inutilizável, então sem alternativas, ela pegou emprestado o de um paciente vizinho.

Em vez de uma ligação, ela digitou uma mensagem curta e direta: "Lillian, mande alguém ao Hospital Northpoint pra me buscar."

A resposta veio quase imediatamente: "Estou a caminho!"

O tempo passava, e sua condição só piorava. Quando Lillian Dawson finalmente apareceu, Daniela estava com uma febre alta.

A dor na costela fraturada era incessante e latejante, enquanto seu rosto inchado a fazia parecer um reflexo distorcido de si mesma.

Lillian cerrou os punhos, a frustração evidente no seu semblante. "Eles enlouqueceram? Escolher aquela inútil no seu lugar? Vou acabar com eles agora mesmo!"

A fúria transbordava da sua voz enquanto ela pegava o celular, os dedos já discando um número.

Mas antes que ela pudesse completar a chamada, Daniela, mesmo debilitada, colocou a mão sobre a dela e pressionou o botão para encerrar.

Transbordando irritação, Lilian exclamou: "Isso é violência, Daniela! Você foi ferida! Vai mesmo perdoar Alexander depois de tudo isso?"

O olhar de Lilian então pousou sobre as bandagens manchadas de sangue fresco e o nó na sua garganta se desfez, enquanto lágrimas começavam a rolar pelo seu rosto.

Inspirando fundo, ela segurou Daniela com firmeza, a ajudando a se levantar. "Vamos sair daqui primeiro. Na hora certa, lidaremos com eles."

Observando o estado enfraquecido de Daniela, Lillian acenou com a cabeça, suas lágrimas se misturando com uma determinação feroz.

Ela jurou, com cada fibra do seu ser, que iria destruir aqueles dois e tudo o que eles representavam.

Com uma determinação feroz, ela se levantou e foi cuidar dos trâmites para a alta hospitalar de Daniela.

Do lado de fora, Daniela esperava, observando os andares superiores do hospital, onde o luxuoso quarto do terceiro andar ainda brilhava.

Lá dentro, Alexander estava aninhado sob a suave luz do abajur, descascando uma maçã. Seus lábios se curvaram num sorriso caloroso enquanto conversava com Joyce.

Daniela abriu um sorriso tenso e triste.

Havia se passado dez anos e, ainda assim, o calor daquele sorriso, que ela tanto desejara ao longo dos anos, nunca fora destinado a ela.

Joyce, no entanto, o conquistara sem esforço.

Nesse momento, Daniela percebeu que estivera errada o tempo todo.

O cansaço tomou conta do seu corpo, e ela se sentiu frágil, incapaz de permanecer de pé.

Antes que tudo escurecesse ao seu redor, ela viu Lillian correndo na sua direção, o rosto marcado pela preocupação.

Logo depois, ela foi levada rapidamente para a unidade de terapia intensiva.

O soro gelado penetrou suas veias, e o mundo ao seu redor desapareceu numa névoa.

Quando finalmente acordou, dois dias haviam se passado.

"Daniela! Você está bem?" Os olhos de Lillian, inchados e vermelhos, entregavam a exaustão de uma noite sem sono, passada em vigília ao lado de Daniela.

Daniela se ergueu lentamente, sua voz rouca ao responder: "Não se preocupe, estou bem."

Após o café da manhã, Daniela pegou o celular.

A manchete que estourava nas redes sociais era sobre "a noiva do incêndio", e a avalanche de comentários, quase todos cruéis, a acertava em cheio.

Lillian exclamou com a mandíbula cerrada: "Não podemos deixar Joyce escapar impune! A internet inteira está aplaudindo ela, a chamando de bela e bondosa, dizendo que ela é a verdadeira herdeira da família Harper."

Daniela, por sua vez, permanecia imóvel, e seus olhos deslizavam pelas palavras agressivas na tela, mas havia algo diferente na sua expressão. As críticas, por mais amargas que fossem, não a tocavam mais como antes.

Algo dentro dela havia se quebrado de uma vez por todas, mas ao mesmo tempo, uma sensação de liberdade a envolvia.

A partir deste momento, ela decidiu reservar seu coração para aqueles que realmente a amavam.

A antiga Daniela, aquela que se deixava ser ferida e manipulada, havia perecido nas chamas.