A Fuga do Adorável Mentiroso
img img A Fuga do Adorável Mentiroso img Capítulo 2 Uma Verdade Incômoda
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Capítulo 6 Um lar para todas img
Capítulo 7 A Chegada Inesperada img
Capítulo 8 Reencontros em meio ao caos img
Capítulo 9 Decisões img
Capítulo 10 Encruzilhada img
Capítulo 11 Desafio à Paciência img
Capítulo 12 Uma Oportunidade em Silêncio img
Capítulo 13 O Peso da Ausência img
Capítulo 14 Sob Pressão: O Peso da Paternidade img
Capítulo 15 Retraso img
Capítulo 16 Segredos, Surpresas e o Peso da Verdade img
Capítulo 17 Redescobrindo Clara img
Capítulo 18 Uma Segunda Chance img
Capítulo 19 Amores Ocultos img
Capítulo 20 Encruzilhadas e Silêncio img
Capítulo 21 O Encontro Inevitável img
Capítulo 22 A Verdade em Seus Olhos img
Capítulo 23 Sombras na Madrugada img
Capítulo 24 A Última Chamada img
Capítulo 25 Um Telefone Perdido img
Capítulo 26 Uma Verdade Incômoda img
Capítulo 27 Em Busca de Respostas img
Capítulo 28 Um Novo Refúgio img
Capítulo 29 Desabafo no Clube img
Capítulo 30 Novos Rumos img
Capítulo 31 Sob o Mesmo Céu img
Capítulo 32 Desfoque img
Capítulo 33 Vento no Rosto img
Capítulo 34 Conexão inesperada img
Capítulo 35 O Último Pôr do Sol img
Capítulo 36 Sombras e luzes img
Capítulo 37 A Última Tentativa img
Capítulo 38 Um Novo Começo img
Capítulo 39 Fuga e Surpresa img
Capítulo 40 A verdade espreita img
Capítulo 41 Entre a dúvida e o desejo img
Capítulo 42 Um dia no hotel img
Capítulo 43 Sombras e segredos img
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Capítulo 2 Uma Verdade Incômoda

A noite seguia seu curso na gala, entre risadas, música e taças de champanhe. No entanto, para Mateo, tudo parecia acontecer em câmera lenta. Cada conversa soava como um eco distante, e cada felicitação era um lembrete de quão frágil era sua posição.

Lucía, alheia à tormenta interna de seu noivo, deslizava-se entre os convidados com uma graça natural, apertando mãos e aceitando elogios. Seu sorriso iluminava o salão, e Mateo não conseguia evitar uma pontada de culpa ao vê-la tão feliz.

Enquanto isso, do lado de fora do clube, Clara e Dana haviam conseguido sair sem chamar muita atenção. Apesar do frio que atravessava os prédios de Nova York, Clara mal o sentia. Sua mente fervilhava de pensamentos enquanto segurava a barriga com ambas as mãos.

– Você está bem? – perguntou Dana, que caminhava ao lado dela com o rosto pálido.

Clara assentiu, embora soubesse que não estava.

– Não posso acreditar que ele está lá, agindo como se nada tivesse acontecido – disse entre dentes, apertando os lábios para conter as lágrimas. – Dá vontade de voltar e contar toda a verdade para aquela mulher.

– E arruinar a noite dela, para quê? – respondeu Dana, com uma mistura de cansaço e frustração. – Isso não vai mudar o que ele fez.

Clara parou abruptamente, obrigando Dana a fazer o mesmo.

– E daí? Vamos deixar ele sair impune? Continuar brincando com nossas vidas como se não importássemos?

Dana abaixou o olhar, desconfortável. Não podia negar que compartilhava da raiva de Clara, mas também sabia que Mateo tinha uma habilidade particular de sair ileso de qualquer situação. Ambas tinham sido testemunhas disso mais vezes do que gostariam de admitir.

– Olha, Clara – disse finalmente –, eu entendo o que você sente. Mas agora o mais importante não é Mateo, são nossos filhos. Não vou permitir que ele nos arraste para outro escândalo que termine prejudicando eles.

Clara apertou os punhos, mas não respondeu. Sabia que Dana tinha razão, embora a ideia de deixar Mateo e seguir adiante sem consequências a corroesse por dentro.

De volta ao salão, Mateo tentava retomar a conversa com um grupo de investidores que seu futuro sogro havia apresentado. Porém, sua mente não conseguia se concentrar. Ele continuava remoendo o fato de Clara e Dana terem estado lá, observando-o.

Quando finalmente encontrou um momento para se afastar, aproximou-se de Lucía e sussurrou em seu ouvido:

– Vou tomar um pouco de ar. Volto em alguns minutos.

Lucía sorriu, sem suspeitar de nada.

– Não demore.

Mateo saiu por uma das portas laterais e dirigiu-se ao jardim do clube. A noite estava fria, e o ar fresco atingiu seu rosto, mas não conseguiu acalmá-lo. Caminhou entre os arbustos perfeitamente podados, tentando pensar em uma forma de lidar com a situação.

Ele sabia que Clara não ficaria de braços cruzados. Havia visto a determinação nos olhos dela, mesmo à distância. E Dana... bem, ela sempre fora mais cautelosa, mas também mais metódica. Se as duas decidissem unir forças, seria questão de tempo até que toda a verdade viesse à tona.

"O que posso fazer?", pensou, passando as mãos pelo cabelo. A única solução que lhe vinha à mente era falar com elas, tentar convencê-las de que não ganhariam nada expondo-o. Mas isso implicava enfrentá-las, e a ideia o apavorava.

A lembrança de Clara e Melina veio como um redemoinho à sua mente. A última vez que as viu, Clara estava sentada na sala de sua casa, com a barriga de seis meses de gêmeos e os olhos cheios de lágrimas. Melina, sua filha, estava ao lado, com o rosto preocupado.

Os gêmeos que estavam a caminho enchiam Mateo de uma mistura de alegria e terror. Embora nunca admitisse, já havia imaginado mais de uma vez como seria ter uma família com Clara, mas tudo isso parecia tão distante agora, tão impossível.

Mateo sentiu um nó no estômago. Era injusto que ele estivesse ali, naquele elegante clube, comemorando seu noivado com Lucía, enquanto Clara e Melina enfrentavam o peso de sua ausência. E as expectativas de Dana, a outra mulher envolvida, também não eram fáceis de ignorar. Ambas haviam confiado nele, e ele as havia traído.

– Você é um covarde, Mateo – murmurou para si mesmo, parando ao lado de uma fonte que brilhava sob a luz das luminárias.

Abriu a torneira da fonte e deixou que a água fria fluísse entre suas mãos antes de levá-la ao rosto. Ao olhar seu reflexo na água, mal se reconheceu. A imagem que a superfície devolvia não era a de um homem feliz nem triunfante, mas de alguém que se esforçava para manter uma mentira.

Ele sabia que havia escondido coisas demais de Lucía. Embora tivesse contado que Dana estava grávida, minimizara a situação, garantindo que não representava nenhum obstáculo para o relacionamento deles. Mas nunca mencionou que Melina, sua filha, vivia com Clara, nem que ela esperava gêmeos.

Mateo fechou os olhos com força, tentando bloquear os pensamentos que o atormentavam. Mas o peso de suas decisões continuava esmagando-o, como se cada passo que dava o aproximasse mais de um abismo do qual não conseguiria sair.

Com um suspiro pesado, secou o rosto com as mãos e se obrigou a voltar ao salão. Lucía o esperava, ainda rodeada de convidados que a felicitavam. Mateo se juntou a ela, esforçando-se para manter a compostura. Mas, no fundo, sabia que sua fachada começava a desmoronar e que o preço de suas mentiras seria mais alto do que jamais imaginara.

            
            

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