- Padre eu o sinto vir, por favor não deixe que matem meu menino .... a jovem Maria pede enquanto dores atrozes a fazem se contorcer, ela leva a mão até a ferida funda no peito, como se a apertando pudesse parar o tempo e escapar a morte certa.
O padre de meia idade chamado Carras segura sua mão com carinho, os olhos cheios de piedade pela pobre moça.
- Fique tranquila menina, ninguém fará mal aos seu bebê! Agora controle-se e me ajude a trazê-lo ao mundo .
- Ninguém nasce mau padre, eu só confio no Senhor, salve a alma dele, só confio no Senhor para cuidar dele!
O padre olha pra moça que ele escondeu por longos meses, muitos a ignoraram achando que era louca, mas não ele, John Carras acreditava nela, sua fé profunda no bem o fazia ciente de que o mal existe, e que caminha a seu bel prazer sobre a terra.
Os temores de Maria não eram infundados, seu ferimento ocorrido em uma das raras ocasiões em que ela se permitiu sair do esconderijo, mostra a ele que nada era fruto da imaginação de uma esquizofrênica. Alguém a queria morta, e parece que iria conseguir seu objetivo.
Ele olha para irmã Dulce e faz um sinal, parece que chegou a hora, o bebê vai nascer !
Mesmo ferida mortalmente Maria faz uma força sobre-humana, a cada contração a ferida aberta parece minar mais sangue, mas ela não desiste, de forma valente ela continua até que o choro do pequeno menino se faz ouvir, ela sorri por entre as lágrimas, enquanto o padre o mostra a ela , Maria o faz jurar protegê-lo e Carras jura por toda sua fé e por sua própria vida que irá criar e amar o menino. Ele se vira entregando o pequeno a irmã Dulce para que o vista e aqueça, ao virar de volta os olhos de Maria estão parados e congelados para sempre na face pálida.
- Miguel .. irmã Dulce! Ele irá se chamar Miguel! Ele fala enquanto fecha os olhos de Maria e encomenda sua alma ao criador.
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George e Suelen voltam para casa do hospital geral de New York. Sentada no banco de trás ela segura firme a criança que acabou de ter, ela toca o pequeno crucifixo que está em sua família a gerações e agora adorna o pescoço de sua primeira filha.
Sua avó uma refugiada italiana dizia ter sido benzido pelo santo Papa, e assim que a menina nasceu Suelen o colocou em seu pescoço.
Sua pequena Grace, o lindo bebê que ela tanto desejou, Suellen aspira o doce cheiro da menina enquanto a chuva castiga o pequeno carro. Ela gostaria de ter uma câmera para registrar uma imagem da menina usando o belo crucifixo, sua irmã adoraria vê-la com a joia. A fé católica das duas foi tão forte que Dulce, antes chamada Ellen,escolheu o chamado de Deus e se tornou freira após a morte dos pais de ambas. Ela e George desejaram muito essa criança, e agora quando já não tinham mais esperanças de ter um filho , já passando dos quarenta anos eles receberam essa graça. George está encantado com a pequena menina de cabelos negros e boquinha cor de rosa, tudo que sempre sonhou foi com uma filha para completar mais ainda o amor dos dois. E agora como um anjo caído do céu, Grace chegou pra alegrar a vida dos dois.
Até a forte chuva desde o seu nascimento parece ser mais bonita, e a feia cidade de New York parece repleta de luz e encanto, enquanto os Veneto seguem com seu pacotinho de amor para o inicio de uma nova vida.