Zoe: Relaxa, amiga. Você vai se sair bem. Mas se precisar, já sabe: código vermelho e eu invado esse hotel de salto e spray de pimenta!
Babi sorriu, mas a tensão no peito não diminuiu.
Para se distrair, passou boa parte do dia organizando o pequeno apartamento. Limpou a pia da cozinha, arrumou o armário, dobrou as roupas que sempre deixava jogadas. A cada hora que passava, sentia o tempo se esgotando.
Às sete da noite, foi até o espelho e começou a se arrumar.
Escolheu um vestido preto curto que valorizava seu corpo magro, deixando suas pernas à mostra e marcando seus seios de um jeito sutil, sem exageros. Colocou um salto médio, porque não queria parecer muito arrumada.
Observou-se no reflexo. Seu corpo esguio e exageradamente pálido contrastava com a roupa escura. Nunca puxou muita coisa de sua mãe espanhola-parecia bem mais com o pai americano. Os olhos expressivos e os cabelos escuros eram o único traço herdado da mãe.
Gostava do que via. Pelo menos, o suficiente para se sentir confiante.
Por fim, vestiu um casaco trench verde escuro para se proteger do frio da noite e chamou um Uber.
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O carro parou em frente ao La Royale.
Babi respirou fundo antes de sair. O hotel era ainda mais impressionante de perto, com sua fachada de vidro iluminada e um saguão luxuoso que fazia qualquer um se sentir insignificante.
Ela atravessou as portas de entrada, tentando ignorar a sensação de que não pertencia àquele lugar.
Foi até a recepção, onde um funcionário de terno impecável sorriu para ela.
- Boa noite, senhorita. Em que posso ajudá-la?
- Tem uma reserva para... Baby Baby.
O recepcionista não demonstrou nenhuma reação ao nome incomum. Apenas digitou algo no computador e depois pegou um cartão-chave.
- Quarto 1205. Elevadores à sua direita.
Babi pegou a chave com dedos ligeiramente trêmulos.
Seguiu para os elevadores, subiu até o 12º andar e parou diante da porta numerada.
Respirou fundo uma última vez.
Girou a maçaneta e entrou.
O quarto era algo saído de um sonho.
Um espaço enorme, iluminado por luzes suaves embutidas no teto. O chão de mármore brilhava sob seus pés, e o tapete felpudo no centro parecia tão macio que ela teve vontade de se deitar ali mesmo. Uma cama king size, impecavelmente arrumada com lençóis brancos e travesseiros fofos, dominava a parede principal.
As cortinas de um azul profundo estavam entreabertas, revelando uma vista impressionante da cidade, com suas luzes piscando como estrelas artificiais. O sofá de couro creme combinava perfeitamente com a mesa de vidro, onde repousava uma garrafa de uisque ao lado de dois copos vazios.
Havia até uma varanda.
Babi retirou o casaco devagar, ainda absorvendo cada detalhe. Aquele lugar parecia de outro mundo-tão diferente de seu apartamento pequeno e gasto, onde cada móvel era de segunda mão e as paredes tinham rachaduras que seu senhorio se recusava a consertar.
Ela passou a ponta dos dedos pelo encosto do sofá, sentindo a textura suave do couro. Será que algum dia teria acesso a esse tipo de vida sem precisar... se vender?
Um som repentino quebrou seus pensamentos.
TOC, TOC, TOC.
Babi congelou.
A batida na porta a trouxe de volta à realidade.
Seus músculos se retesaram.
E se ele tivesse mentido? E se fosse um velho barrigudo e suado, como os que Zoe já encontrou? Ela nunca confiou totalmente nesse site.
Mas agora não podia simplesmente sair correndo.
Respirando fundo, virou a maçaneta e abriu a porta.
Seu coração quase parou.
Diante dela, estava um homem maravilhoso.
Alto, de ombros largos e corpo bem definido, vestido em um terno escuro perfeitamente ajustado. O tecido delineava sua silhueta musculosa de um jeito quase irritante.
O cabelo loiro e liso caía levemente sobre o rosto, os fios bagunçados de um jeito que parecia ao mesmo tempo natural e meticulosamente calculado. Seus olhos eram de um azul escuro intenso, penetrantes e avaliadores.
Ele parecia mais jovem que 32 anos, mas sua postura e expressão séria exalavam uma maturidade inquestionável.
- Boa noite - disse ele, com uma voz grave e firme.
Sem esperar resposta, passou por ela, entrando no quarto como se já fosse seu dono.
Babi piscou, surpresa com a atitude.
- Feche a porta - ele acrescentou sem olhar para trás.
Ela crispou os lábios.
O tom autoritário não lhe agradou, mas manteve-se em silêncio.
Afinal, ele estava pagando por isso.
200 dólares apenas para um encontro. Apenas para conversar, segundo ele.
Babi fechou a porta devagar, o estômago revirando.
Algo lhe dizia que aquela noite seria diferente de qualquer outra em sua vida.