Juliete não poderia se dar ao luxo de se distrair com sentimentos ou hesitações. Seu objetivo era claro, e Adrien era uma peça fundamental para alcançá-lo. Mas ele não poderia desconfiar.
Não agora.
Ela desceu as escadas com a leveza de quem sabia exatamente o que estava fazendo. Sua presença era magnética, e quando entrou na cabine principal, Adrien a percebeu de imediato. Seu olhar era afiado, cético, mas também curioso. Um homem acostumado a avaliar pessoas, mas não imune ao charme de uma mulher como ela.
- Senhor Delacroix - ela disse, com um sorriso enigmático.
- Senhorita Dubois. - Ele ergueu o copo de uísque, como se brindasse algo silencioso.
- Espero que esteja aproveitando a viagem.
- Oh, estou sim. Mas creio que nossa conversa pode torná-la ainda mais interessante. - Juliete inclinou levemente a cabeça, permitindo que um fio de cabelo caísse sobre o ombro. O efeito foi sutil, mas Adrien notou. Era um homem que observava detalhes.
Ele apoiou um braço no encosto do sofá de couro e sorriu de forma contida.
- Então me diga, o que torna essa viagem digna de uma conversa entre nós?
Juliete apenas sorriu, levando a taça aos lábios. Ela não lhe daria respostas fáceis. Ainda não.
A noite avançou entre olhares, toques sutis e conversas que nunca revelavam demais. Adrien percebia que Juliete era diferente de qualquer mulher que já conhecera. Ela não tentava impressioná-lo com palavras vazias ou sorrisos fáceis. Ela sabia o valor do mistério. E ele, um homem acostumado a conquistar, começava a sentir-se atraído pelo desafio.
Mais tarde, enquanto Juliete caminhava pelo convés, sentindo o vento frio contra a pele, Adrien a seguiu. Ele parou ao seu lado, observando a escuridão do oceano.
- Você é um enigma, Juliete. - Sua voz soava baixa, quase como um segredo compartilhado entre os dois. Ela virou-se para encará-lo, seu rosto iluminado pela luz suave da lua. - E enigmas devem ser desvendados, senhor Delacroix? - Sua voz era sedosa, provocante. Ele segurou o olhar dela, aproximando-se ligeiramente. Havia algo nela que o puxava, algo que ele não conseguia definir. Juliete sabia disso. Estava funcionando.
- Apenas se valerem a pena. - Ele sorriu, deslizando os dedos pelo próprio copo de uísque, como se calculasse seus próximos movimentos.
Juliete soltou uma risada baixa, dando um pequeno passo para trás, mantendo o controle do jogo.
- Boa noite, Adrien. - E então, virou-se e caminhou para longe, deixando no ar o perfume envolvente e um rastro de perguntas sem resposta.
Adrien observou sua silhueta desaparecer no interior do iate. Ele não sabia o que Juliete Dubois realmente queria. Mas sabia que queria mais dela. E, naquele instante, sem perceber, ele estava exatamente onde ela desejava que estivesse.