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Enrico estava sentado à cabeceira da mesa no escritório, com Matteo e outros três capangas de confiança ao redor. Os mapas das regiões dominadas pela máfia estavam espalhados sobre a mesa, marcados com anotações e pontos vermelhos.
- Ferraro está se movimentando - disse Matteo, passando a mão pelo cabelo. - Eles tentaram interceptar a carga ontem à noite.
Enrico apertou os lábios, o maxilar travado.
- Resolveram?
- Sim. Perdemos dois homens, mas a mercadoria chegou inteira.
Ele esfregou o queixo, pensativo. Enquanto os outros discutiam estratégias, sua mente escapava para outra coisa.
Ou melhor, para outra pessoa.
Sophia.
Ele notava os olhares dela. Sempre notava. Aquela insistência, aquele brilho nos olhos quando ele falava... Era irritante e, ao mesmo tempo, o prendia de um jeito que ele não queria admitir.
- Enrico? - Matteo chamou sua atenção.
- Fale com Lorenzo. Quero o dobro de segurança nas rotas. - A voz dele saiu firme, voltando ao foco.
O encontro seguiu por mais alguns minutos até Enzo se levantar.
- Preciso sair. Tenho... um compromisso. - Ele disse, olhando rapidamente para o relógio.
Enrico o encarou, desconfiado.
- Que compromisso?
Enzo sorriu de canto.
- Nada que te interesse, chefe.
Ele saiu, deixando Enrico com a testa franzida. Algo estava estranho.
No galpão abandonado, Sophia estava com as mãos sujas de pólvora, o cabelo preso de qualquer jeito, o peito subindo e descendo pelo esforço do treino.
- Mais uma vez - disse Enzo, jogando outra lata no ar.
Ela levantou a arma com precisão, disparando sem hesitar. A lata voou longe.
- Você tá cada vez melhor - ele elogiou, ofegante. - Mas precisa se mexer mais rápido.
- Eu sei. - Sophia limpou o suor da testa.
Eles treinaram corpo a corpo, luta com faca, tiro de precisão. Ela adorava aquilo. Era como se estivesse onde sempre pertenceu.
Até que ouviram passos do lado de fora.
- Alguém tá aqui. - Enzo sussurrou, sacando a arma.
Homens armados invadiram o galpão sem aviso. Os tiros começaram instantaneamente, estourando as paredes e janelas.
- Se abaixa! - Enzo gritou.
Mas Sophia não se abaixou. Ela revidou.
Ela correu para trás das caixas, atirando com precisão. Derrubou dois homens com tiros certeiros, enquanto Enzo lidava com o restante.
- Temos que sair daqui! - ele disse, puxando Sophia pela mão.
Eles fugiram pela saída dos fundos, correndo pelas vielas até despistarem os agressores.
Quando chegaram à mansão, Enrico estava de pé, os olhos faiscando de raiva.
- Que porra aconteceu?! - ele rugiu, olhando para os dois ensanguentados e sujos.
- A gente foi atacado - Enzo começou, mas Enrico avançou para cima dele.
- Por que estavam sem segurança?
Enzo abriu a boca para responder, mas Sophia se meteu na frente.
- Isso não é da sua conta! - ela disparou, encarando Enrico com firmeza.
O ambiente congelou.
- Como é que é? - A voz dele desceu para um tom perigoso.
- A gente consegue se cuidar sozinhos. Não precisamos de babá - ela cuspiu as palavras, o peito inflado de raiva.
Enrico se aproximou, ficando a centímetros do rosto dela.
- Você tem ideia do risco que correu? Podia ter morrido.
- Mas não morri.
Ele cerrou os punhos, tentando se controlar.
Os pais de Sophia apareceram logo depois, alarmados.
- O que aconteceu? - perguntou Luca.
- Eles foram atacados - disse Enrico, os olhos ainda fixos em Sophia. - Sem segurança.
- Vocês foram TREINAR? - gritou Amélia, olhando para Enzo.
- Não foi isso... - Sophia cortou, inventando uma desculpa rápida. - A gente só foi pegar umas coisas no galpão antigo. Não sabíamos que ia ter gente lá.
Enrico bufou, descrente.
- Se eu descobrir que estão mentindo... - ele avisou, antes de sair pisando forte.
Sophia segurou a respiração. Ela sabia que aquilo não acabaria ali.
E que Enrico ficaria ainda mais atento a ela.