Capítulo 5 Que seja do jeito que você quiser

"Senhora Mitchell..."

Os olhos de Sylvia brilharam com uma chama de esperança desesperada assim que avistou Esme Mitchell.

Com o coração apertado, ela deu um passo à frente e, sem pensar, se lançou nos braços da mulher, a abraçando com força.

Lágrimas deslizavam por seu rosto, a pintando como uma protagonista trágica, consumida pela dor - uma cena com o poder de derreter até o mais duro dos corações.

Nem mesmo William, com sua postura sempre firme e inabalável, conseguiu manter sua expressão fria diante da cena comovente.

Renee, que observava o acontecimento, não podia deixar de sentir um desconforto, percebendo que não tinha talento para demonstrações dramáticas.

"Não se preocupe, Sylvia. Eu vou proteger você", Esme disse, com uma voz firme e, ao mesmo tempo, acolhedora.

"Mãe, por favor, não vamos piorar as coisas", William interrompeu, a tensão em seu rosto visível. Ao lado de Esme, ele se sentia impotente.

"William, se eu não tivesse aparecido, você simplesmente teria ficado aí, parado, depois de tudo que Renee disse? Eu sei que talvez eu tenha fingido não ver antes, mas agora, com Sylvia esperando seu filho, um novo membro da família Mitchell, você vai realmente deixar Renee fazer o que bem entender sem reagir?", o tom de Esme era uma mistura de reprovação e proteção.

Ao ouvir que o bebê seria outro Mitchell, Sylvia baixou os olhos e sua alegria pela maternidade foi ofuscada pelo peso dessas palavras.

William, que até então tentara esconder seus sentimentos, lançou um olhar rápido e carregado de complexidade para Sylvia.

Frustrado, ele afirmou: "Eu posso lidar com isso, mãe."

"Como exatamente você vai lidar com isso, William? Vai ficar aí, assistindo a Renee atacar Sylvia e não fazer nada?", Esme retrucou bruscamente, sua frustração refletindo a do filho, mas por razões diferentes.

Renee se mantinha imperturbável, como uma rocha inabalável, sua voz ecoando com uma mistura sutil de ironia e uma determinação afiada enquanto se voltava para sua sogra.

"Eu sou sua nora, a única esposa legítima do William. Não importa o quanto sua família seja influente, ele não teria coragem de cometer bigamia, certo?"

Esme se irritou e respondeu de forma cortante e concisa: "Chega dessa conversa fiada!"

Indignada, Renee retrucou: "Conversa fiada? É assim que você se refere a tudo isso? É verdade que fui eu quem correu atrás do William no começo, mas ao longo dos anos, tanto eu quanto minha família assumimos fardos pesados para sustentar a posição da sua família. E agora, você pensa que pode simplesmente me substituir pela Sylvia? Você teve ao menos a ousadia de consultar os outros membros da família Mitchell antes de tomar essas decisões?"

O desprezo em seu olhar era palpável enquanto ela fixava os olhos em Sylvia.

"Comparar Sylvia comigo é ridículo."

"Renee, já chega." William alertou.

A advertência do filho parecia ter dado forças a Esme, que, agora mais solta em seu desdém, continuou com um tom ainda mais venenoso: "William, você a ouviu? Não é assim que uma mulher da nossa posição deve se comportar. Ela não tem o mínimo de educação ou compostura que uma herdeira precisa. Eu sempre disse isso: Renee é obstinada e impulsiva demais para nossa família. Você nunca deveria ter se casado com ela. Lembra como eu me opus a isso desde o começo?"

Mas Renee não se deixou abalar. Em vez de ceder à raiva ou à frustração, ela soltou uma risada sonora, repleta de desprezo e diversão.

"Claro, uma amante é uma mulher de grande classe e maneiras irrepreensíveis, não é mesmo?"

Porém, no fundo, Renee sabia que ela era a pessoa que estava entre William e Sylvia.

A história começou há alguns anos, quando a família de Sylvia enfrentava dificuldades financeiras.

A posição instável da família Mitchell impedia qualquer ajuda direta, mas William, decidido a salvar Sylvia, foi atrás de Renee.

Nos últimos cinco anos, William praticamente ignorou sua esposa, tratando sua afeição como se fosse inexistente.

Renee, incansável, nunca deixou de perseguir o que ela acreditava ser o seu direito.

Ironicamente, a primeira vez que William tomou a iniciativa de procurá-la não foi por causa de algum sentimento romântico, mas para implorar por ajuda em nome de Sylvia.

Essa atitude dele não fez mais do que alimentar o desprezo profundo que Renee sentia por Sylvia, uma rivalidade que já vinha desde a infância.

Quando William chegou até ela, com aquele pedido aparentemente nobre, Renee viu uma oportunidade de virar o jogo.

Ela lhe lançou a proposta de casamento, esperando que ele vacilasse. Mas, para sua surpresa, William não apenas aceitou, como o fez sem pensar duas vezes.

A obediência dele, aquela aceitação imediata, atingiu Renee como um soco no estômago, mostrando para ela a verdadeira importância de Sylvia na vida dele.

Sylvia sempre foi a pedra no sapato de Renee, a fonte de todos os seus problemas desde que ela se casara com William.

Absorvida por esses pensamentos, Renee foi arrancada da sua contemplação amarga por um tapa firme e sonoro.

Ela virou a cabeça rapidamente, os olhos brilhando de fúria, e viu Esme parada ali, com uma expressão inflexível.

Com firmeza, a mulher declarou: "Este tapa é pela Sylvia. Renee, não pense que pode atormentar a vida dela só porque ela é órfã e vulnerável."

"Mãe! Por que diabos você fez isso?", William interrompeu, se colocando na frente de Renee de forma protetora.

Renee não pareceu nem um pouco grata por sua defesa. Em vez disso, zombou com um riso carregado de amargura, que fez o ambiente se encher de tensão. "Ah, então eu sou a vilã agora? Tudo bem. Que seja do jeito que você quiser."

Num movimento rápido e impiedoso, Renee avançou, seus dedos se entrelaçaram nos cabelos de Sylvia e, com um gesto feroz, ela estapeou a jovem com toda a força que possuía.

Suas ações eram ferozes e imediatas, e ela não hesitou em acertar as contas ali mesmo, pois se recusava a sofrer qualquer ofensa em silêncio.

"Ela pode não ter família, mas eu me recuso a deixar essa garota pisotear a dignidade da família Carter!", Renee afirmou, sua voz carregada de convicção e fúria.

Esme, por mais que tentasse desesperadamente acalmar a situação, era como uma brisa fraca diante de um furacão.

Ela, que havia sido criada com tanto zelo e disciplina, não conseguia competir com a força avassaladora de Renee.

Já Sylvia, sempre tão gentil e modesta, era como uma folha ao vento, sem forças para se defender diante da tempestade que Renee criara.

Com um simples gesto, Renee conseguia dominar a sala inteira.

"William! Você vai ficar aí, só assistindo? Vai deixá-la sair por aí fazendo essa bagunça?", a voz de Esme falhou sob a tensão, seu apelo carregado de desespero.

Os olhos de Renee se voltaram, finalmente, para William, que estava ali, imóvel, observando tudo sem expressar uma única emoção. Ela sabia que, com suas habilidades, ele poderia ter interrompido tudo a qualquer momento.

Mas, então, por que ele permanecia passivo? Por que não fazia nada para defender Sylvia?

Perdida em pensamentos, Renee mal registrou a sensação de um braço forte envolvendo sua cintura. Seus pés balançaram no ar, enquanto ela tentava, sem sucesso, se desvencilhar.

William, a tratando com a mesma consideração que dispensaria a um saco de batatas, a afastou da mulher.

Com a voz calma, mas firme, ele declarou: "Mãe, eu sei cuidar dos meus próprios assuntos. É a última vez que eu vou te pedir para ficar fora disso."

Em seguida, ele carregou Renee de volta para casa.