img img img Capítulo 5 O que faz aqui
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Capítulo 6 Eu quero você! img
Capítulo 7 Um fruto img
Capítulo 8 Você o ama img
Capítulo 9 Sentimento estranho img
Capítulo 10 Me senti um lixo img
Capítulo 11 Negativo! img
Capítulo 12 Feliz aniversário, Nadina! img
Capítulo 13 Presente de aniversário img
Capítulo 14 Eu vou mata-lo img
Capítulo 15 Vá para o Inferno img
Capítulo 16 Seja Corajosa img
Capítulo 17 Quero filhos... img
Capítulo 18 Minha preciosa menina img
Capítulo 19 Um filho puro... img
Capítulo 20 Esposa Rebelde img
Capítulo 21 Você é podre... img
Capítulo 22 Preciso de você img
Capítulo 23 Minha pequena img
Capítulo 24 Procurando por Nadine img
Capítulo 25 Vamos dormir juntos img
Capítulo 26 Ainda acredita nele img
Capítulo 27 Você é minha! img
Capítulo 28 Não foi ele... img
Capítulo 29 Isso se chama desejo img
Capítulo 30 Está comigo agora img
Capítulo 31 Cortando o mal pela raiz img
Capítulo 32 Sentimento de culpa img
Capítulo 33 Eu vim te matar! img
Capítulo 34 Vamos para casa img
Capítulo 35 Solidão img
Capítulo 36 Carinho img
Capítulo 37 Doce Nadine img
Capítulo 38 Quem era ela img
Capítulo 39 Quero que seja minha img
Capítulo 40 Um passado pesaroso img
Capítulo 41 Eu matei o seu pai img
Capítulo 42 Você escolheu ficar img
Capítulo 43 Minha doce mulher img
Capítulo 44 Vou lutar por você img
Capítulo 45 Esteja preparada img
Capítulo 46 Os fantasmas do passado img
Capítulo 47 Prometa para mim... img
Capítulo 48 Divida a vida comigo img
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Capítulo 5 O que faz aqui

- Onde.... Onde, você. - Elizeu apontou para a porta do quarto.

- Eu? - Nadine o sentou na cama. - Eu tenho de sair.

- Não! - A voz dele saiu misturada a saliva excessiva. - Você... não.

Nadine estava cansada de um dia inteiro de trabalho com ele, e ainda tinha de ir para a faculdade de noite. Ia desconversar, até sentir o beliscão no braço. Elizeu fazia tanta força que o rosto estava vermelho.

Ela podia apenas se soltar, e deixá-lo nas mãos do pessoal da igreja, que vinha ajudando durante aquele ano. A verdade é que Nadine estava tão amargurada que espalmou a mão no rosto do pai. A recolheu rapidamente. Era tarde, não podia voltar atrás. Rafael tomou chá de sumiço, e ela estava bem feliz com isso. Ficar apanhando do pai a vida toda não era um dos planos dela.

- Escuta aqui, - Ela aproximou o rosto ao dele. - Nunca mais vai me bater. Eu não sou a minha mãe que apanhou a vida toda. Pensa que eu não sei que matou a minha mãe de tanto surra-la? Ferrou com a mente dela até que Cristina morreu, louca e depressiva. Eu não sou ela. Então começa a me respeitar. Afinal, o inferno aceita velhos também, e eu posso muito bem errar a quantidade de remédios.

Nadine o deixou sentado na cama e saiu do quarto, tinhas os olhos cheios de lágrimas por falar o que sabia sobre a mãe depois de tantos anos.

O pior de tudo, foi que ela não se sentia culpada por estapear o pai. Na verdade, sentia um alívio enorme e uma vontade louca de rir.

(***)

Jà era o segundo ano de faculdade, Nadine nunca mais levou um beliscão sequer do pai, mas não ficou impune. Sempre que podia, Elizeu dava um jeito de arremessar alguma coisa nela. Principalmente o que estivesse comendo. Para o desespero dela, ele também conseguiu recuperar a fala e começava a se mover pela casa com a ajuda de um andador.

- Fui mandada embora. - Nadine respirou fundo, tentando conter os olhos que ameaçavam transbordar.

- Mas a Kelly dizia que você era uma funcionária ótima.

- Eu sei. - Ela respondeu a amiga. - É que ela vai embora do Brasil. O consultório vai ficar muito tempo fechado. Não sei como vou custear a faculdade, Amanda.

- Seu pai tem parte com diabo. Deve ter cochichado no ouvido da sua patroa.

- Devem ser irmãos. - Nadine diminuiu os passos ao dobrar a rua de casa. - Queria que você estivesse aqui.

- Eu também, Na. Na verdade, queria que você estivesse aqui, é tão satisfatório ajudar o próximo. Ia adorar as crianças Africanas.

- Um dia, quem sabe. Bem, cheguei em casa, tem um carro estranho parado aqui, deve ser algum enfermeiro novo, ou sei lá, alguém da igreja. Se cuida, Amanda. Me manda fotos.

- Pode deixar. Se cuida você também.

Amanda havia largado a faculdade, disse para Nadine que embarcaria em uma missão. E lá estava ela, vivendo.

-"Todo mundo vive, menos eu." - Nadine pensou, com desgosto.

Nadine encerrou a ligação, jogou o celular na bolsa e passou pelo portão. Estava cansada e já era um tanto tarde, e não era ninguém conhecido. Talvez o pai estivesse morrendo de vez, ou só fosse um mal-estar, de vários outros. Ou fosse somente uma visita.

Nadine passou pelo pátio ouvindo vozes, a porta da frente estava meio aberta, e pela pouca visão, ela sentiu o peito afundar. Reconhecia a mulher sentada na poltrona, calada e diminuta como sempre. Empurrou a porta com a respiração presa.

- Rafael? O que faz aqui?

Rafael se levantou, naqueles poucos anos havia mudado um pouco. O corte de cabelo, a magreza que já não era a mesma, e o estilo dos óculos. Parecia até mais bonito, como se isso fosse possível.

Ele também paralisou, percorreu todo o corpo dela e parou no olhar que sempre achou marcante. Nadine estava bem mais encorpada, séria e não desviou o olhar, manteve o queixo erguido. O cabelo ainda era enorme e brilhoso. Se ele não fosse apaixonado por ela no passado, agora se via louco.

- Na. - Foi tudo o que disse. - Voltamos.

- È. - Ela concordou. - Estou vendo. - Deslizou os olhos para vê-lo também sem a aliança. - Veio visitar meu pai?

- Sim. - Ele sorriu, sem graça. - Mas eu também queria falar com você.

- Na boa, Rafael, estou cansada para discutir o que já não temos mais. Pode voltar amanhã.

- Mas....

- Deixa ela, filho. - Maria segurou o ombro do filho. - Está tarde, precisamos descansar. Acredito que a irmã Nadine vai precisar de um tempo. Amanhã você volta só, e conversa com ela.

- Obrigada, Maria. - Nadine sentiu o olhar carinhoso da mulher. - Me desculpa pela forma como foram tratados, voltem amanhã, preparo um almoço e depois vejo o que o Rafael tem a dizer.

Rafael concordou, embora tenha usado a voz calma a macia, havia algo novo nos olhos dele que deixava Nadine inquieta. Rafael era calculista, não dava um passo em falso.

A família se foi, e Nadine lembrou que ele tinha uma irmã mais nova. Como todas as noites, ajudou o pai a se trocar, medicou e o colocou na cama.

- Boa noite, pai. - Nadine o ajeitou sob a coberta.

- Nadine. - Elizeu proferiu, com a voz embolada.

- Boa noite, pai. - Ela o encarou.

Elizeu manteve o olhar frio na filha, a mão trêmula apertava próximo ao pulso.

- O que foi? Rafael quer alguma coisa?

Ele somente negou, se acomodou na cama e fechou os olhos.

Nadine pouco dormiu, teve sonhos estranhos envolvendo o irmão, polícia, e por fim, sonhou com Rafael na frente da igreja, sorrindo para as chamas altas que a envolviam.

Acordou antes da sete, se levantou e se ocupou com a casa. Enquanto preparava o almoço pensou em tudo o que Rafael já fez, ou o que nunca fez. Quando deu por si, estava sentada na sala, ouvindo Maria contar sobre a morte de Durval, sustentando a mesma mentira do câncer.

- Não vi a sua outra filha. Onde ela está?

- Bem, a Bruna. - Ela deu um olhar estranho para o filho. - Está estudando fora. Sabe como é.

- Eu sei. - Nadine sorriu. Não acreditava naquela conversa.

Almoçaram ouvindo o testemunho de Elizeu, sobre como venceu a morte e pretendia voltar a liderar a igreja.

- Depois que o Durval se foi, fiquei responsável pelo grupo de jovens. - Elizeu disse. - Com o seu retorno, entendi como um sinal. Veja bem, você é jovem, e voltou com uma bagagem grande de experiências boas. Se concordar, passará a liderar os jovens, como o seu pai fazia.

- Eu... - Rafael abaixou os olhos. - Nem sei o que dizer. É uma honra, e uma responsabilidade. Preciso acertar algumas coisas antes, se tudo for como desejei todo esse tempo, posso me preparar para isso.

- Tome o tempo que precisar.

Após o almoço chegou o momento em que Nadine tanto temeu.

- Vamos conversar longe daqui, Na. Tenho algumas coisas para te contar. Pode ser?

- Claro.

                         

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