Capítulo 5 Tentação Impossível

Capítulo 5: "Tentação Impossível"

(Narrado por Isabella Whitmore)

O som irritante do alarme me tirou do que parecia ser o meu primeiro momento de paz nos últimos dias. Sentei-me na cama, os lençóis bagunçados ao meu redor, e passei a mão pelo rosto, tentando afastar o peso dos últimos eventos. Eu deveria estar acostumada com o caos que Alexander causava, mas, de alguma forma, ele sempre encontrava novas maneiras de me surpreender.

Levantei-me lentamente, sentindo o piso frio contra os pés descalços enquanto caminhava até o closet. A rotina de escolher algo para vestir sempre foi um desafio para mim, mas hoje, parecia uma batalha.

- Foco, Isabella - murmurei para mim mesma, olhando para o espelho.

O reflexo que me encarava parecia tão confuso quanto eu. Nos últimos dias, Alexander tinha ocupado mais espaço na minha mente do que eu estava disposta a admitir. Toda interação com ele era como um jogo perigoso de xadrez. Cada palavra, cada olhar, carregava uma tensão que me deixava fora de equilíbrio.

Escolhi um vestido de seda azul que abraçava minhas curvas de maneira estratégica. Não era uma provocação direta, mas eu sabia que ele notaria. Ele sempre notava.

Enquanto me preparava para mais uma reunião de família, algo que eu normalmente odiaria, mas que agora parecia uma oportunidade para manter o controle da situação, tentei racionalizar meus sentimentos.

Ele é insuportável. Arrogante. Controlador. Um autêntico babaca.

Mas, por alguma razão, estar perto dele era como brincar com fogo. E eu sempre gostei de calor.

A tensão era quase palpável no ar enquanto me sentava à mesa de jantar da mansão dos Beaumont. A decoração impecável, com detalhes em dourado e cristais reluzentes, parecia uma extensão da personalidade de Alexander, controlada e fria, mas cheia de arrogância velada.

Alexander estava sentado do outro lado da mesa, impecável em um terno cinza escuro que parecia ter sido feito sob medida para exibir sua superioridade. Seus olhos me analisaram por um breve momento antes de ele desviar o olhar, como se eu fosse um detalhe insignificante.

Minha vontade era jogar uma taça de vinho nele.

Durante o jantar, minha mãe e a dele discutiam detalhes sobre o casamento. Cada palavra parecia um lembrete cruel de que eu estava presa a esse destino ridículo.

- E a decoração? - perguntou a mãe de Alexander, com um sorriso que eu sabia ser falso.

- Eu estava pensando em algo mais moderno - respondi, lançando um olhar desafiador para Alexander.

Ele, é claro, não perdeu a oportunidade de intervir.

- Moderno ou caótico?

- Pelo menos eu sei como lidar com caos, diferente de algumas pessoas que preferem fugir dele - retruquei, sem hesitar.

O silêncio que se seguiu foi breve, mas carregado. Sua mandíbula contraiu, e eu senti uma pontada de satisfação.

Mas a verdade era que, enquanto eu mantinha a postura de quem não se importava, por dentro, meu coração estava disparado. Não era só a raiva que ele provocava. Era algo mais. Algo que eu não queria nomear.

Depois do jantar, a família decidiu aproveitar o salão principal. Um piano de cauda estava sendo tocado suavemente, preenchendo o ambiente com uma melodia delicada, quase melancólica.

Eu estava no bar, servindo-me de uma taça de vinho quando Alexander se aproximou.

- Decidiu beber para esquecer que está presa a mim? - ele perguntou, o tom sarcástico.

Eu revirei os olhos.

- Não se sinta tão especial.

Ele se encostou ao balcão, a proximidade me deixando tensa. Seu perfume amadeirado invadiu meus sentidos, e eu odiei o quanto gostei.

- Você tem um talento impressionante para esconder o que realmente sente - ele comentou, observando-me como se estivesse tentando decifrar um quebra-cabeça.

- E você tem um talento impressionante para irritar qualquer um ao seu redor.

Ele riu, um som baixo que fez algo dentro de mim vacilar.

- Você gosta de mim mais do que quer admitir, Isabella.

- E você tem uma autoestima maior do que deveria.

Ele inclinou-se ligeiramente para mim, o olhar intenso.

- Talvez seja porque você continua me desafiando.

Mais tarde, no terraço, o ar fresco da noite parecia aliviar um pouco da tensão acumulada. Mas, claro, Alexander apareceu novamente.

- Está me perseguindo? - perguntei, fingindo indiferença.

- Apenas curioso para saber o que você está tramando.

Eu o encarei, cruzando os braços.

- Talvez eu esteja pensando em como fugir desse casamento ridículo.

Ele deu um passo à frente, e eu não recuei.

- Você não vai a lugar nenhum, Isabella. Nenhum de nós vai.

A firmeza na voz dele me irritou e, ao mesmo tempo, me deixou sem palavras.

- Você acha que pode me controlar? - perguntei, a voz carregada de raiva.

- Não. Mas acho que você gosta da ideia de tentar me controlar.

Antes que eu pudesse pensar, dei um passo à frente e o beijei. Não havia suavidade, apenas uma explosão de raiva e desejo.

O beijo foi como uma luta, uma disputa de poder. Suas mãos seguraram minha cintura, trazendo-me para mais perto, e eu podia sentir a força contida nele. Era como se ambos estivéssemos tentando provar algo.

Quando nos afastamos, ambos estávamos ofegantes.

- Isso... - comecei, tentando encontrar as palavras. - Isso não significa nada.

Ele sorriu, aquele sorriso irritante que fazia meu sangue ferver.

- Claro que não.

Eu sabia que tinha cometido um erro. Mas, ao mesmo tempo, não conseguia ignorar o calor que ainda queimava dentro de mim.

E, pelo olhar de Alexander, ele sabia exatamente o que estava fazendo comigo.

"Talvez ele esteja ganhando esse jogo", pensei.

Mas isso não significava que eu não estava disposta a lutar.