Capítulo 4 O Peso do Silêncio

Com o terceiro dia Amanhecendo, Victor pediu para sofia ficar na caverna, enquanto ele iria pescar e levar alimentos.

A solidão da ilha, aquele silêncio que parecia engolir qualquer som, era o que mais a incomodava. Ela não estava acostumada a ficar quieta, a se sentir tão... deslocada

"Como você está?" A pergunta de Victor a tirou de seus pensamentos, mas a voz dele não era apenas uma formalidade. Ele realmente parecia querer saber.

Sofia parou, olhando ao redor. Era difícil dar uma resposta sincera, sem que parecesse fraca ou frágil. Mas ela não queria mentir. "Cansada," ela disse finalmente, a palavra saindo mais suave do que pretendia. "E... confusa."

Sofia sempre se orgulhou de seu controle, de sua habilidade de dominar qualquer situação. Mas ali, na ilha, isso parecia irreal. Ela olhou para ele, tentando ver além daquele exterior impassível. "E você? Como está lidando com isso?"

Victor deu um leve sorriso, mas ele não parecia divertindo-se com a situação. "Já passei por coisas piores. Não que isso me faça imune à tensão. Mas tenho algo que você não tem." Ele fez uma pausa, o olhar em Sofia como se estivesse prestes a contar um segredo. "Eu não espero que as coisas voltem a ser como antes. Aqui, tudo é imprevisível. E eu estou aprendendo a lidar com isso."

Sofia, pela primeira vez, olhou para ele com um pouco mais de curiosidade. "Não espera que as coisas voltem? Então você... já perdeu algo antes?" Ela sabia que sua pergunta era íntima, mas não soubera como evitar. Algo na maneira como ele falava a fazia querer entender mais, como se houvesse uma história não contada ali.

Victor suspirou, e com seus olhos fixos em Sofia, não exatamente triste, mas pensativo. "Perdi mais do que você pode imaginar. Mas isso não importa aqui. O que importa é o agora."

Sofia sentiu algo dentro dela se apertar. Ela sabia o que ele queria dizer. Ela também tinha perdido muito. Mas sua dor estava guardada dentro de um casulo de poder e fachada. Aqui, ela não podia esconder sua fragilidade, sua necessidade de saber que o futuro não estava completamente fora de seu alcance.

"Eu não sou boa nisso, sabe?" Ela disse de repente, sentindo a necessidade de falar. "Não sou boa em ficar... esperando. Em não ter controle." Sua voz se quebrou um pouco, mas ela se recusou a deixar que a emoção dominasse.

Victor, sem uma palavra, deu um passo à frente e colocou uma mão firme em seu ombro. A sensação de seu toque não a fez sentir-se fraca, mas estranhamente segura. Como se, naquele momento, ele estivesse dizendo que o peso do mundo não precisava estar sobre seus ombros sozinha. "Você não precisa ser boa nisso. Ninguém precisa ser perfeito aqui. O que precisamos é apenas... continuar. Cada um fazendo sua parte."

Sofia olhou para ele, seu rosto mais próximo do que ela esperava. Seus olhos estavam tão próximos, tão intensos. E, por um momento, ela sentiu que poderia acreditar nele. A pressão da liderança, da responsabilidade, da imagem que ela sempre manteve, estava começando a desmoronar. Mas não de uma forma frágil. Era mais como se um novo tipo de força estivesse começando a nascer dentro dela, algo mais genuíno, mais humano.

Victor se aproximou, o rosto sério. "Preciso te contar uma coisa," ele disse, a voz baixa. "É sobre o acidente. Acho que o helicóptero foi sabotado."

Sofia sentiu um arrepio percorrer sua espinha. A possibilidade de sabotagem fazia sua mente girar com perguntas e medos.

Sofia olhou para ele, tentando encontrar a mesma certeza dentro de si. A confiança de Victor parecia inabalável, e ela queria desesperadamente acreditar nele. A ideia de que alguém poderia ter sabotado o helicóptero tornava tudo ainda mais urgente e aterrorizante, mas também reforçava a determinação de Sofia em sobreviver e descobrir a verdade.

"Se o helicóptero foi sabotado, então há alguém que não quer que voltemos," disse Sofia, mais para si mesma do que para Victor. "Mas isso só me dá mais vontade de sobreviver e enfrentar quem quer que seja."

"Você realmente acredita que podemos sair daqui?" perguntou Sofia, a voz mais baixa agora, mas carregada de esperança"

"Eu acredito, sim. Não importa quanto tempo demore. Vamos conseguir."

Aquelas palavras não foram uma promessa vazia. Ela sentiu a sinceridade nelas. Mas, mais importante, ela sentiu que, de alguma forma, ele não estava só falando sobre sobreviver à ilha. Ele estava falando sobre lidar com a solidão de suas próprias vidas, as dores que ambos carregavam sem nunca deixar que os outros vissem.

E, pela primeira vez desde o acidente, Sofia sentiu que não estava sozinha na ilha. Ela tinha alguém ao seu lado. Não alguém que a julgava ou que esperava que fosse perfeita, mas alguém que a entendia. Mesmo que ele nunca dissesse, ela sabia: Ambos estavam tendo apoio mútuo.

            
            

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