Ela ergueu a cabeça para me olhar, suspirou e repousou novamente no meu peito. Silêncio. O silêncio que detesto.
- Emma, pode falar. O que foi? Não gostou do que fizemos? - Minha voz saiu mais baixa, mas carregava um tom de urgência.
- Não é isso... Foi incrível... - respondeu, quase num sussurro.
Ainda assim, eu sentia que havia algo errado. Algo que ela guardava.
- Então por que você está assim? - insisti, buscando em seu olhar uma resposta que suas palavras não traziam.
Ela se levantou um pouco, apoiando o corpo sobre o meu para me fitar. Seus olhos estavam embaçados, como se um peso invisível os puxasse para longe.
- Eu não quero... - Sua voz falhou, e ela abaixou a cabeça, como se as palavras a sufocassem.
Meu estômago revirou. Detesto incertezas. Detesto não ter controle.
- Emma, o que você está tentando me dizer? Não vai me dizer que quer se separar de mim? - A pergunta saiu mais ríspida do que eu pretendia.
Ela arregalou os olhos, assustada com o meu tom, mas logo se recompôs.
- Eu não quero viver assim... Sabendo que você vai... - Sua voz quebrou, e uma lágrima escorreu por sua face.
Me sentei na cama imediatamente, puxando-a junto. Queria vê-la, segurá-la, entender o que diabos estava acontecendo.
- Você não vai passar por isso. - Segurei seu rosto entre minhas mãos, limpando a lágrima com o polegar. - Você é quem eu quero. Não existe outra.
- Se fosse verdade, você não teria ido lá ver aquela puta! - disparou, empurrando minhas mãos para longe.
A acusação me atingiu como um tiro. Fechei os punhos, não de raiva dela, mas de frustração.
- Fui lá pra dizer que não precisaria mais dos serviços da Rafaela.
- Dos serviços? - Ela estreitou os olhos, a voz carregada de desconfiança.
- Sim. Eu pagava para ela ser minha submissa. - Parei, percebendo o peso das minhas palavras, e corrigi: - Minha ex-submissa. Agora é você quem preenche isso.
Ela desviou o olhar, e meu coração disparou. Eu não posso perdê-la.
- Por favor, acredite em mim.
Emma ficou em silêncio por um tempo, ajeitando uma mecha de cabelo atrás da orelha. Então, finalmente, ergueu os olhos para mim.
- Você foi lá pra dizer que não queria mais... os serviços dela?
- Sim.
O olhar dela mudou. Não era raiva, mas algo mais profundo, mais cortante. Dúvida.
Ela se levantou do meu colo, enrolando o lençol em volta do corpo como se precisasse de uma barreira entre nós.
- O que foi? Por que está fazendo isso? - perguntei, levantando também.
- Bruno, não posso acreditar no que está falando. Que foi só lá pra conversar... e ainda... - Ela parou, a voz falhando.
- Merda! Já disse que foi só uma conversa e nada mais! - explodi, o tom mais alto do que queria.
Ela recuou, e percebi que havia ido longe demais. Suspirei e tentei me aproximar, mas ela se afastou novamente.
- Emma, o que está acontecendo aqui? - Minha voz saiu baixa, quase um rosnado. - Quem esteve aqui?
Ela desviou o olhar, e algo dentro de mim queimou.
- FALA LOGO, PORRA! - gritei, avançando alguns passos.
- Ninguém... - murmurou, mas seu olhar a traiu.
- NÃO MINTA PRA MIM! - agarrei seu braço, fazendo-a me encarar. - ELE ESTEVE AQUI?
- Quem você está falando? - A confusão dela parecia genuína, mas algo estava errado.
Eu a soltei, passando a mão pelos cabelos enquanto tentava organizar meus pensamentos. Respirei fundo, tentando controlar a raiva que fervia dentro de mim.
- Emma, o que aconteceu aqui? - perguntei novamente, a voz mais baixa, mas ainda carregada de tensão.
Ela ficou em silêncio por um momento, mas finalmente ergueu o olhar para mim.
- Mattia... preciso te contar algo.
Meu peito apertou. Ela sabia algo, e não ia gostar do que eu estava prestes a ouvir.