Ele abaixou os olhos para o meu braço e, por um instante, algo no rosto dele vacilou. Ele me soltou de repente, como se o toque dele fosse tóxico.
- Desculpa... - murmurou, dando um passo para trás. Mas seus olhos, escuros como a noite, não perderam o brilho ameaçador. - Mas só de pensar que ele esteve aqui com você... isso me deixa louco.
Eu o encarei, incrédula, tentando entender do que ele estava falando.
- De quem você está falando? - perguntei, cruzando os braços, tentando proteger a mim mesma do peso de sua presença.
Ele riu, mas era aquele riso frio, carregado de desprezo.
- Como de quem, Emma? Do seu colega da faculdade! Não me faça de idiota. Me diga logo, ele esteve aqui? - Sua voz subiu, a raiva evidente.
Minha mente levou um momento para processar. Ele só podia estar falando de Fabrício.
- Está falando do Fabrício? Claro que não! Por que diabos ele viria aqui? - Minha voz saiu carregada de incredulidade.
Mattia balançou a cabeça, como se eu estivesse mentindo. Seus olhos se estreitaram.
- Ele poderia querer algo de você. Como naquela vez, na faculdade. - Ele deu um passo à frente, diminuindo ainda mais a distância entre nós.
- Isso é ridículo, Mattia! Não acredito que você acha que eu estaria escondendo algo! - rebati, a frustração crescendo dentro de mim. - E você? - apontei um dedo acusador para ele.
Ele arqueou uma sobrancelha, desafiador.
- O que tem eu?
Eu ri, amarga.
- Você tem a audácia de me acusar de algo, mas você pode ir para um bordel e se encontrar com uma mulher qualquer, certo? Mas eu sequer posso falar com um colega da faculdade? É isso mesmo, Mattia?
Ele respirou fundo, visivelmente irritado.
- Isso é diferente.
- Diferente? Como? Porque você é o Mattia Di Lauro? Porque você pode fazer o que quiser e eu não? - O sarcasmo escorria das minhas palavras.
- Eu fui lá para acabar com qualquer coisa que ela pudesse pensar sobre mim!
- Ah, claro, acabar com "os serviços" dela! - disparei, meu tom gotejando ironia.
Ele estreitou os olhos.
- Emma, já chega. Essa conversa não está levando a lugar nenhum. - Ele gesticulou com a mão, como se quisesse encerrar o assunto. - Agora, vamos para o quarto. - Ele estendeu a mão para mim, mas eu recuei, sacudindo a cabeça.
- Não.
Ele parou, claramente surpreso.
- Não quer ir para o quarto comigo? - Sua voz carregava uma mistura de choque e raiva.
- Eu quero, mas não posso... - sussurrei, abaixando o olhar, tentando manter a calma.
Ele deu mais um passo, aproximando-se até que não houvesse mais espaço entre nós. Seus dedos levantaram meu queixo, obrigando-me a olhar para ele.
- Emma, me diga por que não posso ir para o meu quarto.
Engoli em seco, sentindo meu coração bater freneticamente.
- Minha mãe... está lá. - As palavras saíram quase inaudíveis, mas o impacto delas foi imediato.
O rosto de Mattia se contorceu em uma mistura de incredulidade e raiva.
- Sua mãe está no meu quarto? Que merda é essa? - Ele recuou, passando a mão pelos cabelos em um gesto claramente frustrado.
- Ela apareceu de surpresa, Mattia. Eu não tive escolha!
Ele me encarou, os olhos queimando como carvão em brasa.
- Escolha? Emma, nesta casa você sempre tem uma escolha. Sua escolha é me avisar, para que eu resolva as coisas! Você sabe quem eu sou?
- Eu sei muito bem quem você é, Mattia! Mas ela é minha mãe! O que eu deveria fazer? Fingir que ela não existe?
Por um momento, o silêncio tomou conta, enquanto ele lutava com seus próprios demônios. Quando finalmente falou, sua voz era um sussurro perigoso.
- Essa mulher está no meu espaço, Emma. Isso não vai se repetir. Entendeu?
Eu apenas assenti, sentindo as lágrimas queimarem meus olhos, mas me recusando a deixá-las cair. Mattia Di Lauro era implacável, e mesmo no caos, ele sempre precisava ter o controle.