Capítulo 4 Ajuda

Susan percebe o estado emocional de Natasha, visivelmente alterado, havia algo de errado, uma mulher tão forte, não era comum ver a mãe de Andrew derramar lágrimas assim.

- Andrew, meu amor, parabéns, você foi muito bem! Olha fica brincando um pouco, eu vou ali falar com sua mãe... Diz a fisioterapeuta.

O pequeno fica sentado no chão, brincando com o seu inseparável bonequinho, Susan se aproxima de Natasha.

- Estas lágrimas, são pela conquista do seu filho? Ou são lágrimas de algum tipo de preocupação? Eu sou mulher, e acho que uma mulher consegue entender a outra... Não precisa guardar tudo só para você, sei que você é uma mulher forte e solitária, fazendo o melhor que pode para cuidar do seu filho... Se quiser desabafar... Pode contar comigo...

Natasha estava tão aflita, desde a descoberta de sua doença, nos resultados de exame, o medo que tinha era de morrer e deixar o filho só, abandonado...

Susan faz um sinal para suas duas auxiliares, para cuidarem de Andrew e o ajudar em alguns exercícios e chama Natasha para sua sala, uma vez lá afastada do filho, Natasha desaba em lágrimas.

- Chora mãe! Pode chorar... Você não precisa ser forte o tempo inteiro, coloque para fora estas lágrimas que te sufocam, isso vai te fazer bem...

- Meu filho Dra... Tão pequeno, tão frágil, ele precisa tanto de mim! O pai é um irresponsável que nos abandonou assim que o Andrew nasceu, sem sequer ajudar com o mínimo, eu tive de me virar até aqui, me desdobrar para poder oferecer o melhor ao meu filho e o proteger... Ele põe na cabeça que é um samurai, que sonha que foi um samurai e tem noite que tem pesadelos, acorda gritando por mim...

- Deve estimular isso de forma positiva nele! Andrew é uma criança especial, não especial pela sua condição física, mas especial no sentido de ser alguém único! Olha como seu filho é forte! Como ele não se abala, se desafia a cada sessão de fisioterapia, e como ele tem um grau de maturidade anormal para sua idade tão pequena? Mãe, eu sou espírita, de acordo com a doutrina espírita, nada na nossa vida é por acaso, Andrew não nasceu assim por que possa ser injusto da parte de Deus, não, pelo contrário! Se Deus permitiu que ele viesse ao mundo assim, tem um motivo, uma razão, vai que em outra existência ele possa mesmo ter sido um samurai? Pela determinação e poder de concentração que ele tem, não seria de duvidar... E se você e ele estão juntos nesta situação, como mãe e filho, é por que tinha que ser assim, Deus não é injusto e não nos impõe provas que não podemos suportar, nós mesmo escolhemos o fardo que vamos carregar, não sei qual sua fé, em que você acredita, mas é assim que eu creio, isso nos dá uma esperança maior... Uma clareza sobre as nuances de nossa vida. Diz Susan.

- Dra... Me desculpe, mas onde está clareza e agir de Deus, numa situação como a nossa? Meu filho nasce praticamente condenado a uma cadeira de rodas, sabemos que dificilmente ele vai andar sem aquela cadeira, ele tem dificuldades de equilíbrio e cai com facilidade, agora ele precisa estudar e fico imaginando com vai sofrer com o bullying! E mais ainda, fico imaginando como vai ser, se por acaso eu faltar em sua vida! Diz Natasha mostrando o exame para Susan.

Ela olha o documento... e coloca a mão no rosto, com uma expressão de espanto.

- Então Dra...? Será que isso também faz parte dos planos de Deus? Como a sua religião explica isso? Uma mãe que tem que cuidar do filho, de repente morrer vítima de câncer! Isso também faz parte da programação divina? Questiona Natasha.

- Eu... Eu entendo sua situação Natasha, mas agora mais do que nunca você precisa ser forte, aliás forte você já é! Só que precisa usar esta força que possui para lutar, sei que ser diagnosticada com câncer, causa um desespero profundo! Mas você pode vencer! Eu também já enfrente esta doença, tive câncer no útero, tive que passar por um tratamento doloroso e cansativo, abdicar do meu sonho de ser mãe... Isso não é fácil, acredite, mas eu aprendi a ver meus pacientes como o Andrew, como filhos... filhos que eu não pude colocar no mundo... A vida não é fácil para ninguém Natasha, claro que para alguns os fardo parece ser mais pesado, mas esmorecer não vai nos fazer vencer, você pode contar comigo para o que precisar, você e o Andrew não estão sozinhos... No que eu puder, irei ajudar... Diz a simpática Dra...

Natasha sente-se acolhida e mais calma após desabafo...

- Obrigada Dra... Eu, realmente, não sei como agradecer pelas palavras... Me desculpe qualquer coisa... Diz ela com um pouco mais de ânimo...

            
            

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