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Depois de desabafar com Susan, Natasha sente-se mais leve, talvez era tudo que ela precisava, desabafar, botar para fora um pouco daquilo que lhe incomodava, sobre principalmente a doença recém descoberta, estava encerrada a sessão de fisioterapia de Andrew.
- Dra., muito obrigada por tudo... Diz Natasha.
- Disponha meu bem, e se precisar de qualquer coisa, pode me ligar, fico feliz em poder ajudar, e você, garotinho... Cuida bem da sua mãe! Diz a Dra.
- Eu sempre cuido dela! Sempre! Diz o garoto.
- Filho agradeça a Dra. pela bandana...
A fisioterapeuta abraça o pequeno...
- Não precisa agradecer, olha faz os exercícios direitinho em casa com sua mãe e logo você vai poder deixar a cadeira de rodas... tudo bem?
- Sim, pode deixar, e eu vou poder correr por aí? Fazer amigos e brincar? Pergunta o pequeno cheio de expectativas e sonhos.
- Amigos você pode fazer sempre meu amor, duvido quem não vai querer fazer amizade com um menino legal como é você! Correr por aí... Bem, correr por quê? A vida é para ser apreciada, aproveitada... E quando corremos, deixamos os mais lindos detalhes passar despercebidos... Diz a Dra. sem isso desmotivar o pequeno, afinal, dada sua condição física, ele mesmo com muita fisioterapia, não conseguiria correr, nem caminhar com a desenvoltura que ele gostaria, mas nem por isso deveria ficar condenado a uma cadeira de rodas.
Passado então alguns dias, o garoto é matriculado na escola, estava eufórico sobre o início das aulas, sobre quem seria sua professora, ao tempo em que Natasha havia começado a fazer o tratamento para tratar o câncer no seu intestino, seu médico descartou a necessidade de uma cirurgia e indicou apenas a radioterapia, depois de solicitar novos exames.
- Meu filho, tenho algo para lhe falar, é algo bem importante e quero que ouça com atenção...
O garoto volta sua atenção para sua mãe, como um filho obediente que ele é e a escuta atenciosamente.
- Meu amor, estou passando por um problema de saúde, lembra que andei sentindo mal? Me queixando de dor...
- Sim mamãe...
- Então filho, a mamãe tem uma doença que precisa ser tratada para ficar bem, agora que você vai começar a estudar, vamos ficar um tempo longe um do outro durante o dia, vou deixar você na escola cedinho e fazer meu tratamento, a mamãe vai ficar um pouco fraca, vai se sentir mal, mas é tudo por pouco tempo viu, eu quero que você lanche na escola direitinho, obedeça a sua professora... E no final do dia, eu vou te buscar na escola. Tudo bem?
- Tudo bem, mamãe...
Com os olhos cheios de lágrimas, Natasha abraça seu filho, ela havia ficado aliviada por não ser necessário fazer a cirurgia, mas sabia que a radioterapia iria trazer efeitos colaterais, que afetaria sua qualidade de vida, ela temia, o médico havia lhe dito sobre isso,agora ela sabia que tinha de ser forte, por ela e por Andrew.
A noite, o garoto sonha com Hiroshi, o sensei de vidas passadas, o ser que agora era seu mentor espiritual.
- Preocupado com sua mãe? Pergunta ele.
- Sim,mamãe está doente, ela me falou hoje.
- Ela ficará bem, você precisa saber que nossa existência é como o sopro do ar! Passageiro e continuo... o vento sopra pelas folhas de uma árvore e por toda parte,e depois desaparece, mas sempre volta a soprar... Assim é nossa existência, hoje estamos aqui, amanhã não mais,existem coisas difíceis de aceitar, quando se enxerga do ponto de vista dos olhos da carne, mas que quando vemos com o coração, com o espírito... fica mais fácil de entender... Diz Hiroshi
O garoto não consegue entender as palavras de Hiroshi, ou não queria as entender, fato que aquele sonho por muito e muito tempo, foi a última vez que sensei e discípulo se viam, Natasha fez tratamento de Radioterapia,que infelizmente não foi o suficiente para lhe curar, pois o câncer havia se espalhado já pelo seu intestino, Natasha lutou por anos contra a doença,desencarnando 3 anos depois...
Desolado, o pequeno Andrew, ainda com 8 anos agora, fora levado para um abrigo, após a morte de sua mãe, fechado, deprimido,o garoto sentia a dor de perder um familiar, seu alicerce, era uma dor que parecia cruel demais e difícil de lidar... Para um garoto tão pequeno.
- Meu pequeno samurai! Espero que possa resistir e seguir em frente! Tinha que ser assim... Infelizmente, este era o tempo que tínhamos juntos... Agora tudo ficou claro para mim! Diz o espírito de Natasha ao lado do filho sem ser notada por ele.
- Andrew está experimentando um pouco da dor que fez tantos sentirem, na pele de Shimaru, tinha que ser assim... Eu falhei como seu sensei antes, está sendo uma oportunidade valiosa para nós dois, ele aprenderá muito através da dor como Andrew, e eu como seu mentor, irei ter minha segunda chance de lhe ensinar o caminho correto agora... Diz o Espírito de Hiroshi.
De repente, uma mulher do abrigo se aproxima de Andrew e o leva na cadeira de rodas.
- Garoto, você vai sair daqui hoje, vamos, se anime! Seu pai veio lhe buscar...
Natasha vê o filho ser levado por aquela mulher, ao tempo em que um túnel de luz surge próximo a ela...
- Então encerra aqui meu papel? Como eu gostaria de ficar mais tempo com ele, ver ele se tornar um grande homem! Diz Natasha voltando a ter a aparência daquela moça chinesa, Liu...
- Você verá! Do plano espiritual você verá! Você retribuiu o que ele fez por você e pelo seu filho... Liu Chan... Obrigado.
Os dois se reverenciam... E com uma lágrima escorrendo no olho, Liu segue para a espiritualidade...
Andrew então conhece o seu pai...
- Garoto, este é o seu pai! Diz a mulher do abrigo.
O pequeno levanta a cabeça e olha para aquele homem de aspecto elegante, terno, gravata...
- Tudo bem, meu filho? Sei que não nos conhecemos, na verdade, eu nem sabia que tinha um filho... bom, eu ... Eu espero que possamos nos dar bem, nos entender daqui pra frente...
- Você não é meu pai! Eu não tenho pai! Eu quero a minha mãe de volta! Diz o garoto chorando desesperado pela dor que lhe sufocava.
Pedro, se abaixa perto da cadeira de rodas do filho e com os olhos cheios de água, perde Perdão ao filho.
- Me perdoa filho, me perdoa por ser um pai ausente, por não estar por perto de você e da sua mãe, quando mais precisaram... Um dia você vai entender... Vai entender que ninguém teve culpa de nada...