Capítulo 5 Mascarados pt. 02

Cameron e Nate haviam se separado sem querer. Um tropeço, um grito, um disparo. E Cameron estava sozinho.

Ele se escondeu dentro de uma vala de escoamento. A pistola tremia em sua mão - dois tiros sobrando.

Um mascarado caminhava perto, assoviando uma melodia infantil, arrastando uma corrente como se fosse um brinquedo.

- "Eu sei que tem alguém aqui... posso sentir o medo," - dizia.

- "Medo tem cheiro, você sabia?"

Cameron fechou os olhos, tentando controlar a respiração.

Foi então que ouviu uma pancada - o som de algo pesado batendo contra um crânio.

Silêncio.

Depois, passos correndo.

Quando ele saiu da vala, viu o mascarado caído no chão.

E Nate, com um pedaço de tronco ensanguentado nas mãos, ofegando.

- "Achei que você tava morto," disse Cameron.

- "Tava quase."

Eles não riram. Ninguém ria naquela noite.

Devon e Isaiah caminhavam pelas estradas vazias a caminho da floresta. A cidade parecia um campo de batalha em pausa - janelas arrombadas, alarmes tocando ao longe, uma fumaça negra subindo de alguma loja que pegava fogo.

- "Você já participou da Purgação?" - perguntou Isaiah.

Devon demorou a responder.

- "Quando eu tinha treze anos... meu pai trancou a gente dentro do porão. Disse que era pro nosso bem. Mas minha mãe... ela abriu a porta. Disse que a Purgação era uma chance de 'libertação'."

- "O que aconteceu?"

- "Ela não voltou. Meu pai morreu um ano depois. Eu fiquei com meus avós."

Isaiah assentiu.

- "Meus irmãos viram a Purgação como um jogo. Começaram pequeno: bater em mendigo, quebrar carros. Agora eles filmam tudo. Fazem vídeos. Postam como troféus."

- "E você?"

- "Eu aprendi a correr."

                         

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