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Cameron e Nate haviam se separado sem querer. Um tropeço, um grito, um disparo. E Cameron estava sozinho.
Ele se escondeu dentro de uma vala de escoamento. A pistola tremia em sua mão - dois tiros sobrando.
Um mascarado caminhava perto, assoviando uma melodia infantil, arrastando uma corrente como se fosse um brinquedo.
- "Eu sei que tem alguém aqui... posso sentir o medo," - dizia.
- "Medo tem cheiro, você sabia?"
Cameron fechou os olhos, tentando controlar a respiração.
Foi então que ouviu uma pancada - o som de algo pesado batendo contra um crânio.
Silêncio.
Depois, passos correndo.
Quando ele saiu da vala, viu o mascarado caído no chão.
E Nate, com um pedaço de tronco ensanguentado nas mãos, ofegando.
- "Achei que você tava morto," disse Cameron.
- "Tava quase."
Eles não riram. Ninguém ria naquela noite.
Devon e Isaiah caminhavam pelas estradas vazias a caminho da floresta. A cidade parecia um campo de batalha em pausa - janelas arrombadas, alarmes tocando ao longe, uma fumaça negra subindo de alguma loja que pegava fogo.
- "Você já participou da Purgação?" - perguntou Isaiah.
Devon demorou a responder.
- "Quando eu tinha treze anos... meu pai trancou a gente dentro do porão. Disse que era pro nosso bem. Mas minha mãe... ela abriu a porta. Disse que a Purgação era uma chance de 'libertação'."
- "O que aconteceu?"
- "Ela não voltou. Meu pai morreu um ano depois. Eu fiquei com meus avós."
Isaiah assentiu.
- "Meus irmãos viram a Purgação como um jogo. Começaram pequeno: bater em mendigo, quebrar carros. Agora eles filmam tudo. Fazem vídeos. Postam como troféus."
- "E você?"
- "Eu aprendi a correr."