Minha mãe o escolhera especialmente para mim, como presente de aniversário.
Nunca fui muito adepta de maquiagem, então optei apenas por um pouco de rímel e um batom em tom de rosa suave.
Uma vez preparada, deixei meu quarto e desci.
Não pude deixar de me surpreender com a decoração que preenchia minha casa. Estava simplesmente encantadora. Flores adornavam todos os lados, e o suave aroma das rosas preenchia o ar com uma fragrância agradável.
"Quando conseguiram organizar tudo isso?", me perguntei, surpresa.
Com um sorriso nos lábios, segui em direção à sala de estar.
Assim que entrei, fui envolvida por um abraço caloroso.
"Você está maravilhosa!"
Sorri para minha melhor amiga.
Meus pais também nutriam grande afeto por Teresa. Era impensável celebrar meu aniversário sem a presença dela.
"Obrigada, amiga", respondi com sinceridade.
Assim que ela se afastou, reparei nas outras pessoas presentes na sala. Meu pai, minha mãe, Alfa Neil, Luna Elena e os irmãos Iversen estavam todos ali.
Notei que Ethan parecia desconfortável, embora não soubesse o motivo. Já Ryan, mantinha o olhar fixo em mim, com uma expressão de admiração evidente.
Desviei rapidamente o olhar deles.
"Minha querida, venha até aqui. Como sua filha cresceu, Glen", declarou o Alfa Neil ao meu pai, estendendo-me a mão de maneira acolhedora.
Sorrindo de forma discreta, aproximei-me e segurei a mão dele em cumprimento.
"Alfa."
"Faz dois anos desde a última vez que te vi. Depois disso, sua mãe nunca mais trouxe você para a casa da matilha", ele comentou com uma leve crítica.
Balançando a cabeça em sinal de desculpas, minha mãe exclamou: "Peço perdão, Alfa. Da próxima vez, farei questão de levá-la comigo."
"Ela está deslumbrante! Precisamos marcar mais encontros como este, Joey", acrescentou Luna Elena, afagando gentilmente meus cabelos.
Não consegui conter o rubor ao ouvir essas palavras.
Logo, nos acomodados e começamos a conversar sobre memórias antigas.
Instintivamente, meus olhos buscaram Ethan. E, para minha surpresa, ele também estava me observando.
Eu queria desviar o olhar, mas meus olhos pareciam ignorar minha mente e seguiam apenas o que meu coração desejava.
Ethan desviou o olhar e se concentrou em seu celular. Foi então que pude observá-lo com mais atenção.
Ele usava uma camisa branca combinada com jeans preto. A tonalidade clara de sua pele contrastava lindamente com a roupa, enquanto os músculos delineados sob o tecido destacavam-se sutilmente.
Estava prestes a desviar meu olhar quando percebi outro par de olhos sobre mim. Olhei para a direita, e lá, estava Ryan, me encarando fixamente. A jaqueta preta e as calças escuras acentuavam ainda mais seu ar de rebeldia.
"Ele deve estar entediado, já que não há nenhuma garota por aqui com quem flertar", pensei.
Essa interação silenciosa não passou despercebida pela Luna Elena.
"Você já conhece Ryan?", ela perguntou.
Antes que eu tivesse a chance de responder, o Alfa Neil interveio: "Como ela o conheceria? Allison é uma garota boa e correta. Não vejo como seu filho poderia estar entre suas companhias."
Um silêncio constrangedor se instalou no ambiente. Estava claro que os rumores eram verdadeiros. A relação entre Alfa Neil e Ryan era visivelmente distante.
"Pai."
Escutei a voz de Ethan e virei o rosto para ele.
Desde a infância, após a morte de seus pais biológicos, ele chamava Alfa Neil e Luna Elena de pai e mãe.
Ethan balançou a cabeça discretamente para Alfa Neil, como se pedisse que não levasse a discussão adiante.
"Sim, Alfa, você tem razão. Talvez eu também não devesse ter comparecido a esta celebração."
A voz de Ryan ressoou pelo ambiente enquanto ele se erguia e se dirigia à porta principal.
"Ryan", chamou Ethan, levantando-se em seguida e indo atrás do irmão.
Então os dois saíram da nossa casa.
"Que tipo de espetáculo é esse? Estão tentando arruinar o aniversário da minha melhor amiga?", Teresa resmungou, visivelmente contrariada.
Apertei suavemente sua mão, pedindo silenciosamente que não comentasse nada neste momento.
"Por favor, Alfa, tente manter a calma", meu pai interveio, tentando apaziguar.
Luna Elena, por sua vez, aparentava estar chateada.
Olhei para fora e vi Ethan segurando o braço de Ryan, conduzindo-o para outro local.
"Faltam apenas dois minutos", anunciou Teresa, levantando-se com a intenção de suavizar o clima.
Em seguida, ela dirigiu-se até a cozinha e retornou com um grande bolo decorado.
"Uau", sussurrei.
O bolo estava encantador, adornado com detalhes nas cores branca e rosa. No centro, velas em formato dos números "1" e "8" ardiam suavemente, marcando minha passagem para a maioridade.
Assim que o relógio marcou meia-noite, levantei-me, cercada por todos que se reuniram ao meu redor. Neste instante, afastei quaisquer pensamentos dispersos.
Fechei os olhos e, em silêncio, formulei meu desejo: "Que eu encontre logo meu companheiro de alma e consiga seguir em frente com minha vida."
Abrindo os olhos, soprei as duas velas. Todos aplaudiram calorosamente e expressaram seus votos de felicidades.
Comecei a cortar o bolo enquanto recebia cumprimentos e palavras de incentivo.
Minha mãe, claramente emocionada, quase chorou ao me ver completar dezoito anos, uma fase significativa entre os lobisomens. Isso porque, ao atingirmos a maturidade, reconhecíamos nossos parceiros destinados, iniciando assim nossas próprias jornadas familiares.
"Feliz aniversário!", exclamou Teresa, animada, e me ofereceu um pedaço generoso do bolo na boca.
Ri com a empolgação dela e apanhei um guardanapo para limpar os lábios.
Os convidados ao nosso redor riam conosco, contagiados pelo momento.
"Para onde esses meninos foram? Vou dar uma olhada", comentou Luna Elena, demonstrando intenção de sair para procurar Ethan e Ryan.
"Não se preocupe, Luna. Allison, vá chamá-los para entrar", interveio meu pai, pedindo que eu mesma fosse procurá-los.
Não pude recusar seu pedido, então me dirigi à porta principal.
Assim que pisei para fora de casa, uma sensação estranha começou a me invadir. Minha respiração tornou-se ofegante, e meu coração acelerou intensamente. De repente, senti um aroma marcante de chocolate amargo não apenas o cheiro do doce em si, mas algo mais profundo, quase hipnotizante.
Instintivamente, avancei em direção ao cheiro, determinada a encontrar sua origem. Segui pela estrada, guiada por esse perfume inebriante.
Meus passos se detiveram bruscamente ao avistar duas figuras paradas à beira da estrada.
Observei suas costas voltadas para mim, mantendo uma certa distância entre nós.
Minha loba interior começou a estremecer de felicidade, como se, finalmente, tivesse encontrado seu companheiro destinado.
Era um deles!
Dentro de mim, ouvia repetidamente: "Companheiro."
Porém, no instante em que um deles se virou e seus olhos vermelhos brilharam na noite, não consegui conter minha surpresa e exclamei: "Companheiro?"