Capítulo 2 2

Capítulo Um

É claro que eu sabia que isso iria acontecer. Meu pai tinha apagado da memória meu primeiro marido, Antonio, durante o seu enterro. Eu era muito jovem para ficar solteira. Mas eu não esperava que meu pai fosse

encontrar um novo marido para mim tão rápido, e eu definitivamente não esperava que meu novo marido fosse Dante – The Boss – Cavallaro.

O funeral de Antonio foi a apenas nove meses atrás, o que tornava o meu novo compromisso quase inadequado. Minha mãe era geralmente uma das primeiras a atacar qualquer um que cometesse uma gafe social, e ainda assim ela não conseguia ver nada de errado com o fato de que hoje, menos de um ano depois de eu dizer adeus a Antonio, estava indo me encontrar com o meu próximo marido. Eu nunca tinha amado Antonio como uma mulher ama um homem, embora eu tivesse acreditado nisso por um tempo, e nosso casamento nunca tinha sido real, mas eu esperava ter mais tempo antes que fosse obrigada a outro casamento, especialmente quando eu nem sequer tive um tempo sozinha.

- Você é tão sortuda, Dante Cavallaro concordou em casar com você. Isso veio como uma surpresa para todos, ele decidir aceitar uma mulher que já foi casada. Ele poderia ter escolhido entre uma fila de jovens mulheres ansiosas, afinal, - minha mãe disse enquanto escovava meus cabelos castanho-escuros Ela não queria magoar os meus sentimentos; estava apenas afirmando o óbvio. Eu sabia que era verdade. Todo mundo sabia.

Um homem na posição de Dante não se contentava com as sobras de outro, um homem menor. Isso é o que a maioria das pessoas provavelmente pensava e, ainda assim, eu deveria me casar com ele. Eu, que nem sequer queria me casar com alguém tão poderoso e astuto quanto Dante Cavallaro. Eu, que queria ficar sozinha, nem que fosse para proteger o segredo de Antonio. Como eu ia conseguir manter a mentira? Dante era conhecido por ser um homem que sempre sabia quando alguém estava mentindo.

- Ele vai ser o Chefe da Outfit em dois meses, e quando você se casar com ele, vai ser a mulher mais influente em Chicago e no CentroOeste. E se você mantiver sua boa amizade com Aria, vai ter conexões em Nova York também.

Como de costume, minha mãe estava muito à frente, já planejando dominar o mundo, enquanto eu ainda estava tentando me acostumar com o fato de que deveria me casar com The Boss. Isso era muito perigoso. Eu não era uma boa mentirosa. Durante os anos de casada com Antonio eu tinha melhorado minhas habilidades de forma contínua, mas havia uma grande diferença entre mentir para o mundo exterior e para o seu marido. A raiva por Antonio ressurgiu como tantas vezes nos últimos meses. Ele tinha me forçado a essa situação.

Mamma recuou, admirando seu trabalho. Meu cabelo escuro caiu em cachos suaves e brilhantes sobre os meus ombros e costas. Eu me levantei. Para a ocasião, tinha escolhido uma saia lápis creme e uma blusa cor de ameixa que marcava a minha cintura, e saltos pretos baixos. Eu era uma das mulheres mais altas da Outfit, com quase 1,75 m, e, naturalmente, minha mãe se preocupou que Dante ficasse mais baixo que eu, caso usasse salto alto. Eu não me incomodei em apontar que Dante era, pelo menos, 12 cm mais alto do que eu; assim, eu não ficaria mais alta do que ele nem usando salto alto. E essa não era a primeira vez que eu o via, de qualquer maneira. Nós já tínhamos nos encontrado algumas vezes nos eventos da máfia, e tínhamos até mesmo dançado juntos rapidamente no casamento de Aria em agosto, há três meses. Mas nunca tínhamos trocado mais do que as gentilezas esperadas, e eu certamente nunca tive a impressão de que Dante estava remotamente interessado em mim, mas ele era conhecido por ser fechado, de modo que quem poderia saber o que estava realmente acontecendo na sua cabeça?

- Ele namorou alguém desde que sua esposa morreu? - perguntei. Normalmente esse tipo de fofoca se espalhava rápido em nosso círculo, mas talvez eu as tenha perdido. As mulheres mais velhas da família muitas vezes ficavam sabendo da roupa suja de todo mundo em primeira mão. Para ser honesta, fofoca era a principal ocupação da maioria delas.

Mamma sorriu tristemente. - Não oficialmente. Há rumores de que ele não conseguia esquecer sua esposa, mas faz mais de três anos e agora que ele está prestes a se tornar o chefe da Outfit, ele não pode continuar preso à memória de uma mulher morta. Ele precisa seguir em frente e produzir um herdeiro. - Ela colocou as mãos nos meus ombros e sorriu para mim. - E você foi a escolhida para lhe dar um filho lindo, querida.

Meu estômago caiu. - Não hoje.

Minha mãe balançou a cabeça com uma risada. - Em breve, com certeza. O casamento será daqui dois meses. - Se fosse pelos meus pais, o casamento teria ocorrido semanas atrás. Eles provavelmente estavam preocupados que Dante mudasse de ideia sobre mim.

- Valentina! Livia! O carro de Dante está vindo.

Minha mãe bateu palmas, então piscou. - Vamos fazê-lo esquecer da sua esposa.

Esperava que ela não dissesse algo de tão mau gosto quando Dante estivesse por perto. Eu a segui até lá embaixo e tentei colocar a minha expressão mais sofisticada. Meu pai abriu a porta. Eu não conseguia me lembrar da última vez que ele, pessoalmente, abriu a porta. Normalmente ele deixava que mamãe ou fizéssemos isso, ou a nossa empregada, mas até mesmo eu poderia dizer que ele estava praticamente pulando com entusiasmo. Será que ele realmente precisava deixar isso tão óbvio, seu desespero para me casar de novo? Isso me fez sentir como o último filhote de cachorro de uma ninhada que a pet shop mal podia esperar para se ver livre.

Os cabelos loiros de Dante apareceram na porta quando a minha mãe e eu paramos no meio do lobby. Estava nevando lá fora e um véu macio de flocos de neve estava sobre a cabeça de Dante, fazendo o seu cabelo parecer quase dourado. Eu acho que algumas pessoas tinham ficado frustradas com o casamento de Aria e Luca. Dante e ela teriam sido um casal de ouro.

Papà abriu mais a porta com um largo sorriso. Dante apertou a sua mão e eles trocaram algumas palavras em voz baixa. Minha mãe estava praticamente pulando ao meu lado. Ela se virou com um sorriso de mil watts quando Dante e meu pai finalmente vieram em nossa direção. Forcei um sorriso em meus próprios lábios, que acabou sendo muito menos radiante que o dela.

Como era tradição, Dante cumprimentou minha mãe primeiro, se curvando para um beijo na mão dela, antes de ficar de frente para mim. Ele me deu um sorriso curto que não alcançou seus olhos azuis, e depois beijou a minha mão. - Valentina, - disse ele em sua voz suave, sem emoção.

Do ponto de vista exclusivamente físico, eu achava Dante mais do que atraente. Ele era alto e um pouco musculoso, impecavelmente vestido em um terno cinzento de três peças escuro, camisa branca e gravata azul clara, e tinha o cabelo cheio, loiro, que foi levemente penteado para trás. Mas todos o chamavam de cold fish , e a partir de nossos encontros rápidos eu sabia que estavam certos.

- É ótimo vê-lo novamente, - eu disse com uma pequena inclinação da minha cabeça.

Dante soltou a minha mão. - Sim, é. - Seu olhar em branco foi para o meu pai. - Eu gostaria de falar com Valentina a sós. - Nenhum tempo com amabilidade foi desperdiçado, como de costume.

- É claro, - disse meu pai ansiosamente, segurando o braço de minha mãe, já a levando para longe. Se eu não tivesse sido casada antes, eles nunca teriam me deixado sozinha com um homem, mas eles achavam que não tinham mais que proteger minha virtude. E eu não poderia lhes dizer que Antonio e eu não tínhamos consumado o nosso casamento. Eu não podia contar a ninguém, muito menos a Dante.

Quando meus pais desapareceram dentro do escritório do meu pai, Dante se virou para mim. - Isto é aceitável para você, eu acho.

Ele parecia tão contido e controlado, como se suas emoções ficassem engarrafadas tão profundamente dentro de si que nem mesmo ele poderia alcançá-las. Fiquei imaginando o quanto era resultado da morte de sua esposa e quanto era seu comportamento natural.

- Sim, - eu disse, esperando que ele não pudesse ver como eu estava nervosa. Fiz um gesto em direção a uma porta para a nossa esquerda. - Gostaria de se sentar para a nossa conversa?

Dante assentiu e eu o levei para a sala. Eu me afundei no sofá, e ele pegou a poltrona à minha frente. Pensei que ele fosse se sentar ao meu lado, mas ele parecia contente em manter o máximo de espaço entre nós. Além do breve beijo em minha mão, ele fez questão de não me tocar. Ele provavelmente considerou inadequado, por não sermos casados. Isso é o que eu achava, pelo menos.

- Eu presumo que o seu pai lhe disse que nosso casamento está previsto para 05 de janeiro.

Eu procurei por um lampejo de tristeza ou melancolia em sua voz, mas não havia nada. Eu descansei minhas mãos no meu colo, ligando meus dedos. Havia menos chances de Dante notar meu tremor dessa forma. - Sim. Ele me disse há alguns dias.

- Eu percebo o funeral do seu marido foi há menos de um ano, mas meu pai se aposenta no final deste ano e é esperado que eu me case quando assumir o seu lugar.

Baixei os olhos quando o meu peito se apertou com as emoções enterradas. Antonio não tinha sido um bom marido, não tinha sido qualquer tipo de marido, mas ele tinha sido meu amigo e eu o conhecia por toda a minha vida, e foi por isso que eu tinha concordado em me casar com ele. É claro que eu tinha sido ingênua, não tinha percebido o que realmente significava me casar com um homem que não estava interessado em mim, ou nas mulheres em geral. Eu queria ajudá-lo. Ser gay não era algo tolerado dentro da máfia. Se alguém descobrisse que Antonio gostava de homens, eles o teriam matado. Quando ele pediu minha ajuda, eu agarrei a chance, secretamente esperando que pudesse conquistá-lo. Eu pensei que ele poderia optar por não ser mais gay, pensei que nós poderíamos ter um casamento de verdade em algum momento, mas a esperança foi rapidamente destruída. É por isso que uma parte de mim, desagradável e egoísta, ficou aliviada quando Antonio morreu. Pensei que eu estava finalmente livre para encontrar um homem que me amasse, ou pelo menos me desejasse. Felizmente, era apenas uma parte muito pequena de mim, e eu me sentia culpada sempre que me lembrava disso. E, no entanto, talvez esta fosse a minha chance. Talvez o meu segundo casamento finalmente me desse um marido que via em mim mais do que um mal necessário.

Dante parecia não entender o meu silêncio. - Se é cedo demais para você, nós ainda podemos cancelar o acordo.

Mamãe iria me matar, e papai provavelmente iria ter um acidente vascular cerebral. - Não, - eu disse rapidamente. - Está tudo bem. Eu me perdi em minhas memórias por um momento. - Eu lhe dei um sorriso. Ele não devolveu, só me encaro com frieza.

- Muito bem, - disse ele finalmente. - Eu gostaria de discutir com você os preparativos, bem como o tempo até o evento. Dois meses não é muito tempo, mas esse casamento não vai ser uma grande celebração, está tudo bem.

Eu balancei a cabeça. Parte de mim estava triste que este casamento ia ser bastante discreto, mas algo maior tão logo depois da morte de Antonio teria sido de mau gosto, e uma vez que esse era o segundo casamento de ambos, meu e de Dante, insistir em uma festa esplêndida seria ridículo.

- Por que você me escolheu? Tenho certeza de que há muitas outras opções. - Eu estava pensando sobre isso desde que meu pai me contou sobre seu acordo com Dante. Eu sabia que era uma pergunta que eu não deveria fazer. Mamãe teria tido um ataque se estivesse presente.

A expressão de Dante não se alterou. - Claro. Meu pai sugeriu sua prima Gianna, mas eu não queria uma esposa menor de idade. Infelizmente, a maioria das mulheres em seus vinte anos já é casada, e a maioria das viúvas são mais velhas do que eu ou têm filhos, ambos os fatores inaceitáveis para um homem na minha posição, como você provavelmente vai entender.

Eu balancei a cabeça. Havia tantas regras de etiqueta para encontrar o cônjuge certo, especialmente para um homem na posição de Dante, que foi por isso que muitos ficaram chocados quando eu fui anunciada como sua futura esposa. Dante tinha pisado em muitos dedos com essa decisão.

- Então você era a única escolha lógica. Você é, evidentemente, ainda muito jovem, mas isso não pode ser alterado.

Por um momento eu fiquei atordoada em silêncio por seu raciocínio sem emoção. Eu não era tão ingênua como eu costumava ser, mas esperava que pelo menos parte da razão pela qual Dante tinha me escolhido fosse por ele estar atraído por mim, me achado bonita ou fascinante até certo ponto, mas esta explicação fria destruiu aquela pequena centelha de esperança.

- Eu tenho vinte e três anos, - eu disse em uma voz surpreendentemente calma. Talvez o distanciamento de Dante tenha passado para mim. Se assim fosse, eu seria conhecida como a rainha do gelo em muito pouco tempo. - Eu não sou jovem para os nossos padrões de casamento.

- Doze anos mais nova do que eu. Isso é mais do que eu gostaria. - Sua falecida esposa era apenas dois anos mais nova que ele, e eles estiveram casados por quase 12 anos antes que ela morresse de câncer. Ainda assim, o jeito que ele falou fez parecer como se eu o tivesse obrigado a se casar comigo. A maioria dos homens em nosso mundo assumiam jovens amantes quando suas esposas ficavam mais velhas, e Dante estava descontente por eu ser muito jovem.

- Então talvez você deva procurar outra mulher. Eu não pedi a você para casar comigo. - No momento em que as palavras saíram, eu bati a mão sobre a minha boca, e então encontrei o olhar de Dante. Ele não parecia irritado, ele não parecia nada. Seu rosto estava como sempre esteve. Estoico e sem emoção. - Sinto muito. Isso foi muito rude. Eu não deveria ter dito.

Dante sacudiu a cabeça. Nem um único fio de cabelo saiu do lugar. Não havia sequer uma partícula de sujeira nas pernas das calças, apesar da neve de novembro. - Está tudo bem. Eu não tive a intenção de ofendê-la.

Eu desejava que ele não soasse tão blasé, mas não havia nada que eu pudesse fazer sobre isso, pelo menos não até nos casarmos. - Você não me ofendeu. Sinto muito. Eu não devia ter dito isso.

- Vamos voltar aos trilhos. Há mais algumas coisas que precisamos discutir e, infelizmente, eu tenho uma reunião marcada para hoje à noite e um vôo amanhã de manhã.

- Você está indo a Nova York para o noivado de Matteo e Gianna. - Minha família não tinha conseguido um convite. Tal como aconteceu na festa de noivado de Aria, apenas a família mais próxima e os respectivos chefes da máfia de Nova York e Chicago tinham sido convidados. Eu, na verdade, fiquei feliz com isso. Teria sido o primeiro evento social depois do meu noivado com Dante ter se tornado público. Fofocas e olhares curiosos teriam me seguido por toda parte.

Uma pitada de surpresa brilhou em seus olhos, mas depois desapareceu. - Sim, é verdade. - Ele enfiou a mão no bolso do casaco e estendeu uma caixinha de veludo. Eu tomei dele e abri. Um anel de noivado de diamante estava lá dentro. Eu tinha tirado a aliança que Antonio tinha me dado somente algumas semanas atrás. Ela nunca significou muito para mim, de qualquer maneira.

- Espero que você goste.

- Sim, obrigada. - Depois de um momento de hesitação, peguei o anel e o coloquei no meu dedo. Dante não tinha dado qualquer indicação de que queria fazer isso por mim. Meu olhar cintilou em direção a sua mão esquerda e meu estômago despencou. Ele ainda estava usando sua aliança. Outra explosão estranha de decepção me encheu. Se ele a usava depois de todo esse tempo, é porque ainda estava apaixonado por sua esposa morta, ou era uma simples questão de hábito?

Ele percebeu o meu olhar e, pela primeira vez, sua máscara escorregou, mas ela se foi tão rápido que eu não tive certeza de que realmente vi isso. Ele não me deu uma explicação ou um pedido de desculpas, mas eu não esperava isso de um homem como ele.

- Seu pai pede que façamos um passeio social antes do casamento. Como todos nós concordamos que uma festa de noivado de verdade é desnecessária... - eu nunca fui consultada, mas não fiquei surpresa - ... eu sugiro que participemos da festa anual de Natal da família Scuderi juntos.

Até onde eu conseguia me lembrar, minha família esteve na casa da família Scuderi no primeiro domingo do Advento . - Parece uma boa ideia.

Dante me deu um sorriso frio. - Então está resolvido. Vou informar ao seu pai quando eu venho buscá-la.

- Você pode dizer para mim. Eu tenho um telefone e sou capaz de usá-lo.

Dante me olhou. Houve um lampejo de algo como diversão no seu rosto por um segundo. - Claro. Se isso é o que você prefere. - Ele tirou o telefone do bolso. - Qual o seu número?

Eu precisei de um momento para engolir o riso antes de conseguir lhe responder.

Depois de anotar, ele enfiou o telefone de volta em sua jaqueta e se ficou de pé sem dizer outra palavra. Levantei-me também e levei meu tempo alisando as rugas inexistentes em minha saia, para mascarar o meu aborrecimento por trás de toda aquela educação.

- Obrigado pelo seu tempo, - disse ele formalmente. Eu realmente esperava que ele se soltasse após o casamento. Nem sempre ele era assim tão contido. Eu tinha ouvido histórias sobre como ele se estabeleceu na posição de herdeiro do título de seu pai e quão eficiente ele era quando se tratava de lidar com traidores e inimigos. Havia algo escuro e feroz por trás de seu comportamento de príncipe de gelo.

- De nada. - Eu caminhei em direção à porta, mas Dante chegou antes de mim e segurou-a aberta para eu passar. Agradeci rapidamente antes de pisar em nosso lobby. - Eu vou chamar meus pais para que eles possam se despedir.

- Na verdade, eu gostaria de ter uma conversa em particular com seu pai antes de ir.

Foi inútil tentar obter qualquer informação a partir de sua expressão, então não me incomodei. Em vez disso, caminhei até o final do corredor ao lado dele e bati na porta do escritório do meu pai. As vozes ali dentro morreram e, um momento depois, meu pai abriu a porta. Mamãe estava bem atrás dele. Pelo olhar em seu rosto eu poderia dizer que ela estava ansiosa para me bombardear com perguntas, mas Dante estava logo atrás de mim.

- Dante gostaria de ter uma palavrinha com você, - eu disse, e então me virei para Dante. - Até a festa de Natal. - Eu considerei passar os lábios no seu rosto, mas descartei a ideia imediatamente. Em vez disso, inclinei a cabeça com um sorriso antes de me afastar. Os saltos da minha mãe estalaram atrás de mim, então ela começou a andar ao meu lado. Ela uniu nossos braços. - Como foi? Dante não parecia muito satisfeito. Você fez algo que o ofendeu?

Eu olhei para ela. - Claro que não. O rosto de Dante está congelado naquela expressão.

- Shhh. - Minha mãe olhou atrás de nós. - E se ele te ouvir?

Eu não acho que ele se importaria.

Mamma digitalizou meu rosto. - Você deveria estar feliz, Valentina. Você ganhou um marido na loteria, e eu tenho certeza que há um amante apaixonado escondido debaixo daquele exterior frio.

- Mãe, por favor - Na minha vida, até agora eu sofri com duas palestras da minha mãe sobre sexo: a primeira foi aquela em que ela tentou me falar sobre os pássaros e as abelhas, quando eu tinha quinze anos e já estava bem ciente da mecânica no sexo. Mesmo em uma escola católica somente para garotas a informação deu um jeito de se espalhar. E a segunda, um pouco antes do meu casamento com Antonio. Eu não acho que eu iria sobreviver a uma terceira.

Mas eu esperava que ela estivesse certa. Graças ao desinteresse de Antonio por mulheres, eu nunca tive a oportunidade de desfrutar de um amante apaixonado, ou qualquer tipo de amante. Eu estava mais do que pronta para finalmente me livrar da minha virgindade, mesmo que isso representasse o risco de Dante descobrir que meu primeiro

casamento tinha sido de fachada, porém, eu cruzei essa ponte quando

me meti nisso.

            
            

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