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Casada por Contrato com o CEO Cruel

Ale S.
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Capítulo 1 O contrato

A chuva castigava São Paulo como se tentasse lavar a dor que crescia dentro de Isadora. Ela apertou a xícara de café entre os dedos trêmulos, os olhos fixos na calçada encharcada do outro lado da vitrine do café onde trabalhava. O dia estava cinzento, e o tempo parecia ter parado desde que ela lera a carta de despejo naquela manhã.

A floricultura que sua avó construíra com tanto amor estava afundada em dívidas que Isadora não conseguia mais esconder. Ela havia tentado de tudo: rifas, empréstimos, promoções. Mas nada parecia suficiente. O aluguel atrasado, os fornecedores pressionando, e agora... a ameaça de fechamento.

- Tem certeza que não tem outro jeito? - Clara perguntou, sentando-se ao seu lado.

Amiga fiel desde o ensino médio, ela a conhecia melhor que ninguém.

- Eu não posso contar para a vovó, Clara. Ela passou a vida inteira naquele lugar. É o único elo que ela tem com o meu avô... ela não suportaria saber.

Clara tirou algo da bolsa: um cartão preto com letras douradas.

- Então... tem isso. Não gosto da ideia, mas... talvez seja sua única saída.

Isadora pegou o cartão, lendo lentamente o nome: Leonardo Vasconcellos.

- Quem é ele?

- Um homem extremamente rico. Misterioso. Consegue o que quer. - Clara baixou a voz. - E agora, ele quer uma esposa.

Isadora quase riu.

- Uma esposa? Isso é sério?

- Seríssimo. Ele tem uma cláusula no testamento do pai que exige que esteja casado para assumir uma parte da herança. Não quer amor, não quer escândalos. Quer discrição. Alguém que saiba obedecer às regras.

A floricultura. Sua avó. As contas...

Seria isso mesmo que o universo esperava dela?

Naquela noite, Isadora subiu até a cobertura de um edifício luxuoso no centro da cidade. O segurança a levou até um salão imenso com paredes de vidro, vista panorâmica e móveis de design moderno. Tudo ali gritava poder.

Então ele apareceu.

Alto, ombros largos, terno sob medida, cabelos escuros impecáveis e um olhar tão intenso que fez a espinha de Isadora arrepiar.

Leonardo Vasconcellos.

- Sente-se - disse ele, apontando para a poltrona diante da lareira.

Isadora se sentou, tentando disfarçar a ansiedade.

- Eu soube que está procurando... uma esposa.

Leonardo cruzou as pernas com elegância.

- E você está desesperada o bastante para aceitar. Gosto disso. Pessoas desesperadas são mais obedientes.

- Eu não sou obediente - rebateu ela, o que pareceu arrancar um leve sorriso dele. O primeiro.

- Veremos. - Ele estendeu um envelope sobre a mesa. - Um contrato. Um ano de casamento. Você receberá o valor da dívida da floricultura à vista. Além disso, vinte mil por mês. Em troca, será minha esposa no papel... e no dia a dia.

- No dia a dia? - A garganta de Isadora secou.

- Dormiremos sob o mesmo teto. Iremos a eventos. Haverá aparências a manter... e certas necessidades a satisfazer. Eu não finjo casamento com uma desconhecida. Ou aceita as minhas regras, ou sai pela porta.

Isadora sentiu o coração bater descompassado.

Ele estava falando de um casamento real. Sem amor, mas com presença. Intimidade. Desejo.

Ela olhou para o contrato. E pensou na floricultura. Na avó. Em todas as noites em que chorou sem saber o que fazer.

Então o olhou de volta.

- O que você ganha com isso, além da herança?

Leonardo se inclinou para a frente, os olhos mergulhando nos dela.

- Obediência. Controle. E alguém que não me peça amor - disse com frieza. - Porque esse é um luxo que não pretendo voltar a sentir.

O silêncio entre eles era espesso.

Isadora sentiu que, ao assinar aquele papel, estaria vendendo uma parte de si. Mas talvez fosse exatamente isso que ele procurava: alguém com alma ferida, que não se apegasse fácil.

Ela puxou o contrato.

E antes de assinar, olhou para ele mais uma vez.

- Se você cruzar o limite, eu saio. Não importa quanto me pague.

- E se eu for o limite? - perguntou ele, num sussurro rouco.

Isadora não respondeu.

Porque, no fundo, ela temia que ele fosse.

            
            

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