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Caio voltou. E com ele, voltou o calor, o arrepio, o descontrole. Helena tentava fingir que a rotina havia retomado seu lugar, mas era mentira. A cafeteria agora tinha outro cheiro, outro ritmo. Era como se cada parede tivesse memórias gravadas, como se cada esquina do balcão lembrasse o toque dele em sua pele.
Eles se viam à noite, quando a cidade dormia. Quando o café era apenas o pretexto e os beijos, a verdadeira receita. Se amavam com pressa, com fome, como se o tempo fosse inimigo. Não havia promessas. Só desejo. Uma urgência que crescia a cada encontro.
Helena passou a viver em dois mundos: o da mulher prática e independente à luz do dia, e o da amante intensa e entregue quando as portas fechavam. Ela se assustava com a facilidade com que Caio dominava seus pensamentos. Era como cafeína demais no sangue – tirava o sono, acelerava o coração e viciava.
Ele também parecia viciado. Chegava sem avisar, pegava-a pela cintura, sussurrava palavras em seu ouvido que a faziam derreter por dentro.
– Você é o tipo de pecado que eu cometeria mil vezes – dizia ele, entre beijos no pescoço.
Ela fingia não se abalar. Mas se abalava. O corpo inteiro respondia, como se ele tivesse descoberto o mapa da sua pele.
Era um jogo perigoso. E viciante. Como café forte na madrugada: amargo, intenso, necessário.
E, mesmo sabendo que todo vício cobra seu preço, ela não queria parar. Ainda não.