Capítulo 5 Você nem deveria ter entrado aqui

Sylvie colocou o celular sobre a mesa e virou a tela em direção às suas duas amigas, balançando a cabeça numa descrença fingida. Estalando a língua, ela abriu um sorriso de canto. "Quem diria? A filha adotiva da família Barrett mal terminou o ensino fundamental e já frequentava a sociedade desde os dez anos. Ei, quantos namorados vocês acham que ela já teve?"

Rosie pegou o celular, estreitando os olhos enquanto lia as informações sobre Brenna. Havia também fotos de Brenna de diferentes épocas, exibindo estilo rebelde. Em algumas fotos, ela estava com uma maquiagem ousada e dramática, e em outras, cercada por homens, nenhum deles parecendo comuns, e alguns nitidamente mais velhos do que ela.

Intrigada, Rosie perguntou: "Onde encontrou isso? Já tentei investigar o passado dela mas não encontrei nada."

Abrindo um sorriso convencido, Sylvie se recostou no seu assento. "Pedi para meu irmão pedir para um amigo investigar. Descobrimos que Brenna não frequenta a escola e arranja brigas desde criança. Ela chegou a um ponto em que até precisou deixar o país porque não podia mais ficar aqui."

Ao saber disso, Rosie ficou pasma, suas sobrancelhas arqueadas em incredulidade. "Se ela realmente entrar para a minha família, isso será um verdadeiro desastre, não é?"

"E essa não é a melhor parte?", perguntou Sylvie, seu sorriso se alargando.

Após um momento, Rosie deu uma risadinha. "Acho que sim."

Enquanto isso, Brenna comia sem qualquer cerimônia, não por falta de educação, mas por pura fome. Depois de devorar metade dos pratos, ela finalmente se sentiu satisfeita.

No entanto, a família Harper ainda não havia aparecido.

Ao verificar seu celular, viu que eram duas da tarde, mas ainda sem nenhuma notícia deles.

Cada vez mais impaciente, ela enviou uma mensagem para Rosie. "Quando você vem?"

Rosie respondeu quase instantaneamente: "Desculpe, mas acho que não vou conseguir ir hoje, então vá embora quando terminar de comer. Eu pago a conta."

Enquanto enviava a mensagem, um sorriso lento e conhecedor se estampou nos lábios de Rosie. Em seguida, ela digitou outra mensagem para a garçonete rapidamente.

Como se fosse uma deixa, a garçonete que estava atendendo Brenna se aproximou novamente, seus passos vagarosos.

Brenna havia retirado seu robusto notebook preto e aberto uma página de negociação de ações, sua tela brilhando fracamente.

Percebendo o modelo ultrapassado do dispositivo, a garçonete não conseguiu esconder o desdém, mas procurou manter o tom polido. "Senhorita, pode acertar a conta, por gentileza?"

Ao ouvir isso, Brenna piscou, pega de surpresa pelo pedido da mulher. Ela nem sequer havia indicado estar de saída, e a garçonete já estava a apressando para pagar? Desde quando o atendimento ao cliente do Restaurante Flavor havia se tornado tão ruim?

Virando a tela do celular para a garçonete, ela mostrou a mensagem de Rosie e disse num tom calmo: "Minha amiga disse que pagaria a conta. O nome dela é Rosie Harper."

A garçonete mantinha seu sorriso profissional. "Desculpe, senhorita, mas não conheço sua amiga. O total é de cento e nove mil e oitocentos dólares. Se não puder pagar, não terei escolha senão chamar a polícia."

Do seu espaço reservado, Rosie assistia à cena com satisfação, curiosa para ver qual seria a reação de Brenna. Será que ela pediria ajuda à família Barrett? Ou lavaria pratos por um ano para pagar a dívida? Ou talvez recorreria ao clássico "fugir sem pagar", mostrando a malandragem que diziam que ela tinha?

Os dedos de Rosie seguravam o celular com firmeza enquanto ela gravava a cena silenciosamente.

Nesse momento, Vivian e Sylvie se aproximaram da mesa de Brenna. A comoção também chamou a atenção dos clientes próximos, que ergueram seus celulares discretamente para capturar a cena.

Pousando seus olhos em Brenna com um desprezo mal disfarçado, Vivian declarou: "Senhorita, se não pode pagar pela sua refeição, nem deveria ter entrado aqui. Este lugar é para a alta sociedade. Você deveria ir a um restaurante mais apropriado para o seu nível."

Abrindo um sorriso enquanto cruzava os braços, Sylvie acrescentou: "O gasto mínimo aqui é de dez mil. Duvido que você ganhe isso em um mês. Inclusive, minha família está procurando alguém para limpar os banheiros. Trabalhe para eles por um mês que pago sua conta. O que me diz?"

Diante da proposta da amiga, Vivian soltou uma risadinha. "Quanta generosidade, Sylvie. Se não quiser limpar privada, posso pagar a conta para você, senhorita. Sem a necessidade de limpar nada, apenas se ajoelhar e engraxar meus sapatos. Então, você não terá que se preocupar em arcar com a conta."

Enquanto isso, cliques ecoavam pelo salão com as pessoas tirando fotos, algumas já até publicando a cena na Internet.

Ao ver isso, Rosie ficou exultante. As pessoas que ela havia contratado estavam fazendo seu trabalho perfeitamente, cada uma capturando a situação e compartilhando nas redes sociais.

Ela estava convicta que logo o nome de Brenna seria difamado, e que nem a família Harper nem Ethan iriam querer ter nada a ver com Brenna.

Numa tentativa de se fazer de boazinha, a irmã que chegaria para resolver essa confusão, Rosie saiu discretamente para o calor escaldante, monitorando o caos de fora do estabelecimento.

Pegando sua bolsa de grife, Vivian olhou para a garçonete. "Quanto deu a conta dela?"

Prontamente, a garçonete respondeu: "Cento e nove mil e oitocentos dólares."

Vivian então puxou um maço grosso de dinheiro e o jogou sobre a mesa, desviando seu olhar para Brenna. "Faça o que dizemos, que pagaremos sua conta."

Brenna se recostou na cadeira com os braços cruzados, seus olhos alternando entre as duas mulheres à sua frente. Julgando pela roupa e atitude delas, com certeza elas eram de famílias ricas - mimadas, arrogantes e claramente ali para provocá-la.

Ela não as ofendeu em nenhum momento, mas agora elas estavam lá, fazendo de tudo para humilhá-la. Obviamente, alguém estava mexendo os pauzinhos nos bastidores.

"Quem vocês pensam que são para virem se intrometer? Eu nem conheço vocês", ela disse, indignada.

Antes que Sylvie ou Vivian respondessem, Brenna olhou em direção à escada, notando um homem alto que acabara de chegar.

Ele tinha um nariz esculpido, lábios finos, mas definidos, e um maxilar tão perfeito que parecia esculpido por um mestre artesão. Seus olhos brilhavam como uma obsidiana polida abaixo das sobrancelhas perfeitamente arqueadas, sua presença dominando o lugar num piscar de olhos.

Enquanto observava a cena, o homem franziu a testa, seu rosto bonito obscurecido por um descontentamento inegável. Estava claro que ele já havia entendido o que estava acontecendo.

Mesmo com um homem tão deslumbrante no ambiente, Brenna permanecia com seu semblante impassível. Um rosto bonito não a distrairia das idiotas que estavam a importunando.

Sylvie e Vivian estavam furiosas, sem sequer reparar o homem atrás delas.

Fervendo de raiva com o insulto de Brenna, Vivian ergueu a mão, prestes a lhe dar um tapa no rosto. Mas, no segundo seguinte, uma mão firme agarrou seu pulso, a impedindo da agressão.

Nesse momento, o ar fugiu de Vivian enquanto ela se virava bruscamente, a um passo de esbravejar sua fúria, até que seus olhos se fixaram no homem que a segurava, fazendo seu coração afundar.

O que Ethan Mitchell estava fazendo aqui?

"E-Ethan?", ela gaguejou.