Capítulo 3 Pecado de adolescente

Lana

Nova York, agora

Na época, eu dizia a mim mesma que era só uma admiração. Só uma daquelas paixões bobas e temporárias, como tantas meninas da escola tinham por professores ou artistas de cinema.

Mas Ethan Wang não era um cara de filme. Ele era real. Alto, com ombros largos, cabelo preto liso que ele sempre penteava com os dedos, e olhos escuros que pareciam atravessar qualquer mentira.

Naquela época, eu tinha 15 anos. Era líder de torcida no colégio, sabia que chamava atenção - as roupas justas da equipe, as apresentações nos jogos, os olhares no corredor. Mas com Ethan... era como se todo o resto desaparecesse. Ele não olhava.

E isso só deixava tudo ainda mais... perigoso.

Lembro de um sábado em particular. Tínhamos um jogo do time da escola, e eu estava atrasada. Entrei em casa correndo, o uniforme ainda colado no corpo, a pele suada da apresentação. Ele estava sentado no sofá, rindo de algo que Josh disse, com a cabeça ligeiramente inclinada para o lado. A risada dele era a mesma - baixa, contida, como se ele tivesse controle até da forma como se divertia.

Ethan se virou para olhar.

E por um instante, só um, nossos olhos se encontraram.

Disciplinado. Observador. Um homem que dizia mais com silêncios do que com palavras.

Mas agora, olhando para ele depois de tanto tempo, era impossível não ver o que ele se tornou.

A mandíbula marcada, os ombros largos preenchendo com perfeição a camisa escura, os dedos longos repousando com casualidade sobre o joelho. Havia nele uma calma perigosa, como se soubesse o efeito que causava - mas escolhesse não usá-la. Ou talvez soubesse... e usasse do mesmo jeito.

Meu olhar se perdeu por um segundo e, como em um feitiço cruel, fui arrastada de volta para uma memória antiga.

Eu estava sentada no tapete da sala, com o caderno de matemática aberto, fingindo estudar. Na verdade, estava de olho no corredor, esperando Josh chegar com o novo amigo da faculdade que ele tanto falava. E então eles entraram.

Ethan. Alto, despreocupado, com o cabelo levemente bagunçado e uma mochila jogada no ombro. Usava uma camiseta preta que se ajustava aos ombros largos e sorria de um jeito fácil, quase preguiçoso. Tinha algo nele que era absurdamente natural - como se não precisasse tentar para ser o centro de tudo.

Josh se aproximou, jogou a mochila no sofá e disse: - Essa é minha irmã, Lana. Cuidado, ela ouve atrás das paredes.

Eu revirei os olhos. Mas Ethan apenas sorriu para mim. Um sorriso simples, simpático. Mas que fez meu estômago dar um nó. Ele disse "prazer" - e foi só isso.

Mas naquele instante, minha mente registrou tudo: o timbre grave da voz, o antebraço forte, o jeito como ele parecia grande demais para aquele ambiente. Naquela mesma semana, ele voltou.

E depois na outra. E na seguinte.

Frequentava nossa casa mais do que qualquer outro amigo dele. Eu fingia não notar, fingia não ligar. Mas a verdade é que cada passo dele pelo corredor, cada risada abafada vinda do quarto do meu irmão, era um terremoto dentro de mim.

Aos olhos dele, eu era só a irmãzinha do Josh. Mas aos meus... ele era a perdição vestida em jeans e camiseta preta.

E foi também naquele dia que eu soube. Que ele seria meu primeiro pecado, ainda que apenas na imaginação.

Voltei ao presente com um suspiro discreto, tentando disfarçar o calor que subia pelo meu pescoço.

Josh se levantou e foi buscar algo no quarto, deixando-me sozinha com Ethan por alguns segundos.

Ele não disse nada.

Apenas continuou ali, calmo, virado para a televisão desligada.

E foi aí que ele olhou para mim.

Rápido. Intenso. E desviou.

Como se também estivesse lutando com alguma coisa. Ou - talvez - fosse só a minha mente me pregando peças.

De novo.

            
            

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