Capítulo 5 Sinais não tão pequenos

Nova York, agora

Lana

Ele não tocava em mim.

Mas me olhava como se tocasse.

Como se cada centímetro do meu corpo estivesse sendo mapeado lentamente por aquele olhar escuro, controlado... e perigosamente à beira do colapso.

Desde que Josh saiu de novo - dessa vez para resolver algo no carro - o silêncio entre mim e Ethan parecia ter mudado de forma. Não era mais desconfortável. Era denso. Elétrico.

Eu estava de pernas cruzadas no sofá, usando um vestido preto justo, o tecido deslizando sobre minha pele como uma segunda camada de intenção. Havia feito isso por mim, claro. Mas também por ele. Porque eu queria ver. Queria testar.

E estava funcionando.

Os olhos dele vagavam até onde não deviam. Voltavam. E tentavam fingir que não tinham ido. Mas eu sabia. Sentia. E cada movimento contido dele era como gasolina num fogo que eu não tinha mais vontade de apagar.

- Ethan - disse, minha voz baixa, firme. - Você sabe que eu cresci, certo?

Ele me encarou. Devagar. Como se cada palavra precisasse ser traduzida em mil pensamentos antes de chegar à resposta.

- Sim, eu sei. - respondeu com a voz rouca, contida.

- Então acho que podemos parar com esse teatrinho. Eu não sou mais uma adolescente.

O músculo da mandíbula dele saltou, visível. Mas ele não disse nada. Apenas desviou o olhar, como se aquilo fosse mais seguro do que me enfrentar.

- Eu quero você - continuei, sem rodeios. - Não só porque você é bonito ou porque faz parte de uma memória adolescente. Mas porque hoje eu sou mulher suficiente pra saber o que eu quero. E eu quero você.

Ele passou a mão pelo cabelo, visivelmente tenso. O ar ao nosso redor parecia mais quente. Mais pesado. O peito dele subia e descia com mais intensidade. E mesmo tentando disfarçar, eu vi. O desconforto dele. O controle vacilando.

E sim, eu vi quando ele quase engasgou e cruzou as pernas de leve. Uma tentativa desesperada de esconder o que o corpo dele já havia gritado.

- Lana, isso... - começou, a voz baixa, arranhada. - Isso não pode acontecer.

- Por quê? Porque sou irmã do seu melhor amigo?

- Sim. E porque você merece mais do que um erro meu.

- E se for o erro certo?

Ele apertou os olhos por um segundo, como se lutasse com pensamentos que ele mesmo não queria ter.

- Você está brincando com fogo. - ele disse.

Me inclinei, aproximando meu rosto do dele. Quase o suficiente para encostar. Quase.

- Então queima comigo, Ethan.

Ele se levantou de súbito, os olhos evitando os meus. Caminhou até a janela, de costas, tentando se recompor.

Mas já era tarde.

O desejo estava ali. Vivo. Visível.

E pela primeira vez... ele não conseguiu esconder.

                         

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