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O pecado favorito do padre

UllyCKety
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Capítulo 1 Minha fé

AVISO - ESTE LIVRO É UM DARK ROMANCE

Essa não é uma história de amor convencional.

É suja. Intensa. Insana. Proibida.

Aqui, o desejo arde junto com a culpa.

O certo e o errado se misturam no escuro.

E nem sempre o herói é quem salva, ás vezes, ele é quem destrói... com prazer.

Este livro contém cenas explícitas, violência, sequestro, manipulação psicológica, temas religiosos sensíveis, abuso de poder e relacionamentos moralmente questionáveis.

Se você procura conforto, pare por aqui.

Mas se quiser se perder na escuridão, e talvez gostar disso, seja bem-vinda. Prepare-se: sua alma será testada...E sua calcinha, ficará molhada. Mais de uma vez.

Entre por sua conta e risco.

O inferno tem seus próprios pecados... e alguns, o beijam como se fosse o paraíso.

A autora:

Este livro nasceu em um momento inesperado, entre as injeções de insulina, corredores de hospital e a ansiedade de dar à luz meu bebê. Lá, conheci uma ex-freira, também prestes a se tornar mãe. Ela havia deixado a abadia para viver um amor proibido, casar-se com o homem por quem se apaixonou... e construir uma nova vida. Aquela história me marcou. Plantou uma semente.

Há muito tempo eu desejava escrever um Dark romance. Algo que tocasse os limites do aceitável. Que desafiasse a moral, a fé... e o coração. Eu queria escrever sobre o desejo que queima onde não deveria existir. E acho que encontrei o tom com Laura e Alexei.

Alexei não é um mocinho comum. Ele é possessivo, brutal às vezes, totalmente dominado por um tipo de amor que queima e sufoca. Você vai odiá-lo. E, logo depois, vai amar cada centímetro do inferno que ele é. Porque o Alexei protege o que é dele. E a forma dele de amar, mesmo torta, ainda é amor. Obsessivo, sexy, selvagem e, acima de tudo, devoto.

No fim das contas... é isso que tantas de nós desejam, não é? Um homem que nos enxergue como únicas. Como rainhas.

Então, mergulhe. Sinta. Arda.

E, por favor, não odeie demais o meu mocinho.

Dedicatória:

Dedicado a todos que já arderam em silêncio por aquilo que não podiam tocar. Aos que desejaram com os olhos, o corpo e a alma. Aos que amaram o proibido, saborearam o risco e, mesmo conhecendo o abismo, pularam sem hesitar. Porque alguns desejos não foram feitos para serem negados. Foram feitos para nos consumir.

Capítulo 1

LAURA

O pecado nem sempre sussurra. Às vezes, ele vem de batina e com olhos cinzentos.

O som grave do órgão preenchia a nave da Basílica com uma solenidade quase sufocante, cada nota estendendo-se como uma prece invisível que subia pelas colunas até o teto abobadado. Eu mantinha as minhas mãos entrelaçadas sobre o colo; minha postura impecável, meus olhos castanhos erguidos na direção do altar, mas a minha mente vagava, inquieta.

O ritual das manhãs religiosas já fazia parte da minha rotina; tão vital como a minha respiração. No entanto, naquela manhã em especial, havia algo diferente no ar. Ou talvez fosse apenas eu mesma. Havia uma inquietação em mim, presa entre o meu estômago e o meu coração.

Ouvi o bispo iniciar a homilia com sua voz firme, pausada, como quem carrega o peso do mundo em cada palavra. Eu não conseguia evitar a sensação de que estava encenando um papel que todos esperavam que eu representasse perfeitamente. A filha devota. A freira exemplar. A menina que aos vinte e cinco anos já havia escolhido uma vida de castidade e serviço, como se isso fosse simples. Como se essa vida tivesse sido de fato uma escolha.

Quantas vezes eu já ouvira, com uma mistura de espanto e reprovação: "Tão nova... já se entregou à vida religiosa?"

Como se fosse um crime não desejar o mesmo mundo das outras garotas da minha idade - festas, namoros, selfies com legendas espirituosas e planos de casamento. Eu não os condenava por não entenderem. Eu mesma não tinha certeza se compreendia.

O hábito cinza não era só um símbolo de fé, mas uma muralha cuidadosamente construída entre eu mesma e tudo aquilo que ameaçava demais. As memórias do passado. Minha família. As expectativas sufocantes. Os homens. E tudo mais a minha volta, que me lembrava de um mundo a qual não pertencia mais.

Eu suspirei, discretamente, e abaixei os olhos para o véu que cobriam meus joelhos. Sabia que não devia me perder em pensamentos no meio da cerimônia, mas havia dias em que a fé parecia apenas um eco, um som que se repetia sem encontrar resposta.

Após a bênção final, as freiras começaram a se dispersar em silêncio, cada uma retomando seu lugar na rotina de sempre. Eu se levantei devagar, sentindo o incômodo habitual nos joelhos por ficar tanto tempo ajoelhada.

- Irmã Laura. - A voz do arcebispo a chamou com familiaridade, e eu me virei de imediato.

O arcebispo Nicolau era uma figura quase paterna na minha vida, embora jamais tivesse sido afetuoso como um pai. Era respeitado por todos - especialmente por minha família - e há anos ocupava o posto com autoridade inabalável. Havia algo em seu olhar que lembrava muito o de seu verdadeiro pai: impenetrável.

- Sim, Eminência? -Eu respondi, com a cabeça levemente curvada.

- Precisamos conversar brevemente antes da sua ida aos preparativos do evento. Tenho uma informação importante. - Ele sorriu de maneira contida, como se aquilo fosse uma honra que ela deveria entender por si só.

Eles caminharam juntos em direção à sacristia, onde ele lhe ofereceu um lugar para sentar. Mas eu me mantive de pé.

- Um representante internacional da ordem foi convidado para passar alguns dias conosco. Chega ainda hoje, para acompanhar o evento beneficente e observar nosso trabalho com as missões.

- Um representante? -Eu perguntei, surpresa. - De onde? - Não era tão comum quando parecia, não percebíamos representantes da ordem ainda mais internacionais.

- Da Romênia. Um jovem sacerdote. Muito bem recomendado. Chama-se Padre Andrei Iliescu. Discreto, culto, disciplinado. O tipo de homem que inspira respeito.

Eu assenti, mas não disse nada.

- Sua família estará presente no evento hoje, não? - ele continuou.

- Sim. Meus pais chegam no fim da tarde.

- Ótimo. Quero que esteja por perto quando o apresentarmos ao público. Você representa bem a imagem que a Basílica deseja manter.

Eu engoli seco. A imagem era importante para nossa abadia, eu respeitava isso. Na verdade eu me sentia muito feliz de ser um exemplo. As noviças sempre vinham me pedir conselhos, as mais velhas me enviam como um exemplo a ser seguido. Isso era motivo de orgulho a todos a minha volta, principalmente para os meus pais.

Em seguida me despeço do arcebispo, e saio com a promessa de cuidar dos detalhes finais do evento.

Mais tarde, eu notei que as freiras pareciam mais agitadas do que o normal. Cochichos discretos cortavam os corredores.

- Ouvi dizer que ele fala cinco idiomas.

- Dizem que é muito jovem...

- Um padre estrangeiro... imaginem só!

Eu não pude evitar um sorrisinho contido. A presença masculina na Basílica era sempre uma novidade, especialmente para as mais jovens e recém-chegadas. Eu tentava não ser tão severa sobre isso, todas ali eram muito jovens, e tinham ido parar na Basílica por sua própria vontade, e tinham decidido entregar seu futuro a Deus da mesma maneira. Obviamente que eu não as incentivava, e muito menos as deixava acreditar que eu não seria rígida sobre isso.

Mas, quanto mais elas falavam, algo naquela movimentação começou a me incomodar. Algo em mim mesma, um certo entusiasmo contido, que não combinava com os votos de castidade e humildade que eu havia feito.

Ainda assim, eu segui para a ala onde o evento estava sendo montado. Minhas mãos sabiam o que fazer - organizar a mesa de doações, supervisionar os quitutes que seriam servidos, revisar a lista de convidados e oradores. Perder-se nessas tarefas era, para mim, uma forma de me ancorar.

Trabalhar evita pensar. Principalmente em coisas indevidas.

O salão da Basílica foi decorado com simplicidade, mas elegância. Havia arranjos florais discretos, velas perfumadas e uma mesa com quitutes típicos - tortas pequenas, pães artesanais, frutas frescas e sucos naturais. Os funcionários se movimentavam com precisão, todos conscientes de que o evento era patrocinado por uma das famílias mais influentes da região: a minha.

Quando meus pais chegaram, o impacto foi imediato.

Meu pai, Luiz Antônio Barreto de Mendonça, era um homem de presença. Austero, alto, sempre vestido de forma impecável. Tinha o olhar de quem sabia o peso que carregava - o nome da nossa família, o papel dentro da Igreja, a honra a ser preservada. Minha mãe, Dona Carmem, era a imagem perfeita da dama religiosa e contida. Sempre muito educada, discreta, com os cabelos castanhos presos num coque impecável e a voz mansa que raramente se elevava. Mas por trás daquela aparência serena, havia um olhar apagado, ferido por dores que talvez eu nunca compreendesse por completo. Ela não era mais a mulher que me criou - ou pelo menos, não como eu lembrava. A vida tinha sido cruel com ela. todos os acontecimentos com a minha irmã acabaram de quebrá-la. Desde então, ela passava a maior parte dos dias dopada de remédios, vagando pelos cômodos com passos leves e ausentes, como se procurasse uma versão dela mesma que já não existia. Ainda havia fé nos lábios dela, mas era uma fé cansada, de quem aprendeu a aceitar o silêncio como resposta.

- Laura. - meu pai disse, estendendo a mão, como se cumprimentasse uma colega de trabalho

            
            

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