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O tempo parecia acelerar e desacelerar ao mesmo tempo naquela casa isolada, onde Leonardo e Clara se permitiam, finalmente, viver o presente sem o peso do passado. O sol já havia se posto quando os dois desceram as escadas em direção à cozinha, trocando olhares cheios de cumplicidade e uma leve timidez que ainda pairava no ar, apesar da intimidade recém-descoberta.
- Quer um café? - perguntou Leonardo, tentando parecer casual, mas falhando no tom. Clara sorriu, aceitando.
- Sim, por favor. Eu não tomo café há dias - confessou ela, apoiando as mãos no balcão.
Leonardo mexia a bebida, observando cada gesto dela. Era como se, naquele momento, tudo que importasse no mundo fosse aquele silêncio confortável entre eles.
- Você já pensou no que vai fazer quando voltarmos para a cidade? - perguntou ele, rompendo o silêncio.
Clara deu um suspiro profundo, o olhar distante.
- Eu... não sei, Leo. Sinto que tudo mudou, mas ao mesmo tempo, não quero voltar para a vida que eu tinha antes. É como se aquele capítulo tivesse sido apagado.
- Entendo - disse ele, aproximando-se e apoiando as mãos no balcão, perto das dela. - Eu também não quero repetir os mesmos erros.
Ela o encarou, um brilho de esperança e medo nos olhos.
- Então, o que a gente faz? - perguntou, quase sussurrando.
- A gente começa do zero. Construímos algo novo, juntos. - Leonardo segurou a mão dela, entrelaçando os dedos.
Clara sentiu um nó na garganta, mas sorriu.
- Eu quero isso. Com você.
Eles ficaram ali, mãos dadas, enquanto o silêncio voltava, agora preenchido por uma calma serena.
Algumas semanas depois...
A rotina na casa ainda era um misto de momentos de paz e conversas profundas. Leonardo começava a perceber que, mesmo após tanto tempo afastados, o vínculo entre eles estava mais forte do que nunca. Mas o passado ainda insistia em bater à porta.
Numa tarde chuvosa, enquanto os pingos escorriam pelas janelas, Clara se aproximou de Leonardo na sala.
- Leo, tem algo que eu preciso te contar. - Ela parecia nervosa, os dedos entrelaçados no bolso da blusa.
- O que foi? - Ele se levantou, preocupado.
- É sobre meu passado... Eu não te contei tudo naquela noite, e acho que é hora de ser honesta. - Ela respirou fundo. - Eu não fui só uma garota normal, sabe? Tive momentos difíceis, coisas que nem sei se você vai conseguir entender.
Leonardo a olhou, firme e paciente.
- Eu quero entender, Clara. Quero estar com você em tudo.
Ela engoliu a seco.
- Eu tive um relacionamento abusivo. Fiquei presa por muito tempo, e só consegui sair recentemente. Foi doloroso e difícil, mas eu consegui.
Os olhos de Leonardo se encheram de lágrimas invisíveis.
- Por que você não me contou antes?
- Medo - ela respondeu, olhando para o chão. - Medo de que você me julgasse, ou que isso mudasse tudo entre a gente.
Ele a abraçou com força, sentindo seu coração se partir e se reconstruir ao mesmo tempo.
- Isso não muda nada, Clara. Eu estou aqui. Sempre estive.
Dias depois, um telefonema inesperado
O telefone de Leonardo tocou no meio da noite. O nome do escritório apareceu na tela, mas ele hesitou antes de atender.
- Alô? - disse, a voz cansada.
- Leonardo, é o Roberto, seu braço direito na empresa. Temos um problema sério. - A voz do homem era grave. - A concorrência está avançando rápido, e tem um investidor querendo tirar você do controle da empresa.
Leonardo sentiu o chão sumir sob seus pés.
- Como assim? Eu achava que a empresa estava segura.
- Não está. Você precisa voltar para a cidade. Agora.
Ele desligou, olhando para Clara que dormia tranquila ao seu lado.
- Eu tenho que ir - disse, a voz cheia de conflito.
- Eu sei - ela respondeu, segurando sua mão com força. - E eu vou estar com você.
De volta à cidade
O retorno foi duro. O ritmo frenético da cidade, as reuniões intermináveis, os olhares atentos de investidores e rivais. Leonardo sentia o peso do mundo sobre seus ombros.
Clara estava ao lado dele em cada reunião, cada passo, seu apoio inabalável.
- Você é forte, Leo. Mas não precisa carregar tudo sozinho - ela dizia.
Em uma noite, após uma reunião exaustiva, eles caminharam pela cobertura do prédio da empresa, observando as luzes que piscavam como estrelas distantes.
- Eu tenho medo de perder tudo de novo - confessou Leonardo, a voz rouca.
- Você não vai - Clara respondeu, puxando-o para um abraço apertado. - Nós vamos vencer juntos.
Revelações que mudam tudo
Uma tarde, enquanto revisavam documentos, Clara encontrou algo estranho: um contrato que não deveria existir, com cláusulas que favoreciam um concorrente.
- Leo, isso aqui não está certo - disse ela, mostrando o papel.
- Isso é uma armadilha - ele murmurou, os olhos endurecidos. - Alguém dentro da empresa está tentando me derrubar.
A partir dali, começou uma investigação silenciosa para descobrir quem era o traidor.
Confiança e amor fortalecidos
Mesmo diante da crise, Leonardo e Clara encontravam conforto um no outro, e cada desafio fazia o amor deles crescer.
Numa noite, depois de dias sem descanso, eles se sentaram na varanda do apartamento dele, olhando para a cidade iluminada.
- Eu nunca pensei que encontraria alguém como você - disse Leonardo, segurando a mão dela.
- E eu nunca pensei que teria coragem para recomeçar - respondeu Clara.
Eles se olharam, sabendo que, juntos, poderiam enfrentar qualquer tempestade.