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O sol da manhã começava a tingir o céu de tons dourados enquanto a névoa sutil que pairava sobre o lago lentamente se dissipava, deixando o ar fresco e carregado de promessas para o dia. A casa de madeira, isolada entre árvores altas e o silêncio da natureza, era um refúgio perfeito para fugir da correria da cidade e do peso das responsabilidades que Leonardo carregava.
Clara estava sentada na varanda, enrolada numa manta grossa, os olhos fixos no horizonte onde o azul do céu encontrava a superfície calma do lago. Entre as mãos, segurava uma xícara quente de chá de camomila, que liberava um aroma suave e reconfortante.
O som leve de passos a fez virar o rosto. Leonardo apareceu, vestindo uma camiseta branca simples e uma calça de moletom, os cabelos ainda desalinhados pela noite mal dormida. Ele a observou por um instante, admirando a tranquilidade dela.
- Você sempre teve essa mania de olhar o horizonte como se estivesse buscando algo - disse ele, aproximando-se devagar.
- Talvez eu esteja mesmo - respondeu Clara, com um sorriso leve. - Ainda estou tentando entender se isso aqui é real, Leo. Se a gente realmente conseguiu voltar um pro outro depois de tanto tempo.
Leonardo sentou-se ao lado dela, tomando a xícara delicadamente da mão dela para dar um gole no chá. O calor do líquido parecia acalmar o frio que ainda se alojava no peito dele.
- É real - ele disse, olhando para o lago refletindo o sol. - Depois de tantos anos, de tanta distância e silêncio, finalmente estamos aqui. Juntos.
Clara desviou o olhar, mordendo o lábio inferior.
- Por que você desapareceu assim? Você nunca me explicou direito... - a voz dela saiu quase um sussurro.
Leonardo fechou os olhos, e a dor daquele passado veio com força. Ele respirou fundo antes de responder.
- Meu pai morreu quando eu tinha vinte e poucos anos, Clara. Foi tudo muito rápido... Eu tive que assumir a empresa, as contas, as responsabilidades... Eu estava perdido, assustado, e não sabia como pedir ajuda. E, de algum jeito, me afastei de tudo o que eu mais amava, inclusive de você.
Ela segurou a mão dele, apertando com ternura.
- Eu sinto muito, Leo. Eu entendo.
- Na época, eu não conseguia falar disso. Era como se o peso de tudo me engolisse. Eu tentei ser forte, e acabei me fechando. Mas nunca te esqueci. Você sempre foi a minha âncora, o meu porto seguro - disse ele, olhando nos olhos dela, a voz embargada.
O silêncio entre os dois foi confortável, carregado de sentimentos não ditos.
- Eu também não te esqueci - respondeu Clara, com um sorriso triste. - Esperei por você, mesmo quando parecia impossível.
Leonardo a puxou para perto, envolvendo-a em um abraço firme e quente.
- Ontem, quando você me beijou... eu senti como se o tempo tivesse parado.
- Eu também senti isso - ela respondeu, a voz trêmula.
Eles se olharam, o desejo crescendo silencioso entre eles. Leonardo passou as mãos pelo cabelo dela, acariciando o rosto delicadamente.
- Quero fazer isso direito, Clara. Quero que cada toque, cada beijo, seja uma lembrança que a gente guarde para sempre.
Ela sorriu, as bochechas coradas.
- Eu esperei tempo demais pra isso, Leo. Quero que seja intenso, verdadeiro.
Ele se aproximou lentamente, encontrando os lábios dela num beijo suave, terno, mas carregado de uma paixão reprimida durante anos. As mãos de Leonardo desceram pelas costas dela, puxando-a para perto, enquanto Clara enroscava os dedos nos cabelos dele.
- Me leva pra dentro - sussurrou ela contra os lábios dele.
Leonardo a conduziu até o quarto de hóspedes, fechando a porta atrás deles. A tensão no ar era palpável, uma mistura de ansiedade, desejo e carinho que fazia os corações baterem mais rápido.
Com delicadeza, ele encostou Clara na porta, prendendo-a entre seu corpo e a madeira fria. Os olhos deles se encontraram, profundos e sinceros.
Ele começou a explorar o corpo dela com toques suaves, beijando o pescoço, os ombros, cada pedaço de pele exposta com um cuidado quase reverente.
- Você é linda - murmurou, a voz rouca de emoção.
Clara fechou os olhos, sentindo o calor daquelas palavras e o toque dos lábios dele em sua pele.
A blusa dela caiu no chão, seguida pela camisa dele, num ritmo pausado, como se cada peça de roupa removida fosse um passo em direção ao reencontro do corpo e da alma.
Eles se uniram lentamente, como se redescobrissem a forma do outro. Cada movimento, cada suspiro, cada toque parecia contar uma história antiga, cheia de saudade e amor reprimido.
Clara sentia o corpo arder sob as mãos de Leonardo, a pele se arrepia a cada contato. Ele a segurava com firmeza e ternura ao mesmo tempo, como se não fosse apenas um desejo físico, mas uma necessidade de cura, de reconexão.
- Eu te esperei, Leo - ela sussurrou, sentindo o calor crescer dentro dela.
- E eu nunca te esqueci - ele respondeu, segurando o rosto dela entre as mãos.
O quarto se encheu dos sons deles, da respiração entrecortada, dos gemidos baixos, dos sussurros carinhosos que preenchiam o espaço com uma intimidade que ia além do físico.
Depois de horas, estavam deitados lado a lado, ainda nus, as mãos entrelaçadas, corpos suados e corações finalmente em paz.
Clara descansou a cabeça no peito dele, ouvindo o ritmo constante da respiração.
- Quando a gente voltar para a cidade, como vai ser? - perguntou, com uma pontada de medo.
Leonardo apertou a mão dela, sentindo a ansiedade crescer.
- Não sei... Mas sei que não quero mais esconder você. Quero que o mundo saiba que você faz parte de mim, que eu sou seu - disse ele, com convicção.
- Isso assusta - admitiu Clara, olhando para o teto.
- Tudo que vale a pena assusta um pouco - respondeu ele, sorrindo. - Mas juntos, a gente pode enfrentar qualquer coisa.
Ela sorriu, sentindo uma mistura de medo e esperança.
- Então vamos recomeçar, Leo.
Ele a beijou novamente, lento e doce, selando a promessa de um novo começo.
E, pela primeira vez em anos, Leonardo sentiu que, finalmente, estava em casa.