Capítulo 4 Será que ele podia ouvir o tempo todo

"Eu não...", Helena se manifestou rapidamente, seu rosto ardendo cada vez mais.

O aperto de Alden ao redor de sua cintura se intensificou ligeiramente. Com um movimento informal, ele ergueu o queixo dela, seus olhos frios e observadores, mas com um leve brilho de diversão.

Embora ele não provocasse o pânico que outros homens provocavam, Helena não se sentia confortável em permitir que qualquer coisa progredisse entre eles ainda.

Os olhos de Alden se moveram lentamente, enquanto ele passava o polegar sobre os lábios dela com suavidade. "Seu batom está borrado."

Helena prendeu a respiração, se virou para o espelho e só então percebeu o batom borrado. A proximidade constante de Alden, algo que até então passara despercebido, a horrorizava agora.

Notando o rubor ilustrar o rosto da mulher, Alden abriu um sorriso discreto antes de soltá-la. "Vou passar essa noite em casa."

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O novo e importante desenvolvimento da cidade estava chamando a atenção de todos, sobretudo com a entrevista programada de Alden.

O bairro escolhido para o projeto era antigo e havia um centro de atendimento lá.

Inicialmente, o Grupo Wilson pretendia realocar todos, mas o retorno de Alden provocou uma complicada mudança de planos.

Indo contra o pretendido, ele decidiu que o lugar passaria por uma reforma, preservando as casas e o centro de atendimento nas suas localizações originais.

De um canto isolado, Helena observava seu marido atentamente. Ele falava de maneira cautelosa, talvez devido à sua deficiência auditiva, mas suas palavras eram sempre claras.

Dominick se aproximou e sussurrou para Helena: "Aconteceu alguma coisa na sala de convivência mais cedo? O senhor Wilson te deu uma bronca?"

Helena se intrigou com a pergunta do diretor. "Não. Por que ele faria isso?"

Dominick coçou o queixo pensativamente. "Dizem que depois que ele perdeu a audição aos 14 anos, se transformou numa pessoa hostil e quase machucou a madrasta. Por isso ele foi mandado para o exterior."

"Você realmente acredita nessas historinhas? Se Alden fosse tão cruel, será que ele se daria ao trabalho de reformar lares para crianças e idosos? Teria sido mais simples demolir tudo", Helena disse firmemente.

Por motivos que ela não não sabia ao certo, ouvir os outros fofocando sobre Alden a irritava profundamente. Ela preferia confiar nas suas experiências com ele ao invés de dar ouvido a essas conversas fiadas.

Mais tarde, a entrevista foi concluída.

Mas quando Helena pensou que seu expediente havia terminado, Laurence Palmer, subgerente da emissora, convocou urgentemente todos que haviam interagido com Alden.

"O Grupo Wilson acabou de cancelar todas as publicidades do nosso Jornal das Nove. Alguém pode explicar o que aconteceu?", exigiu Laurence, furioso.

Ao ouvir isso, Eleanor entrou em pânico internamente. Sendo a âncora do Jornal das Nove, era óbvio que ela era o alvo de Alden.

Decidida a não assumir nenhuma culpa, ela explicou em um tom meigo: "Senhor Palmer, o senhor Wilson não teve problema algum com a maioria de nós, mas Helena passou um tempo sozinha com ele na sala de convivência. Foi ela que manuseou o microfone dele."

Rapidamente, várias funcionárias apoiaram a acusação de Eleanor.

"Vi que o senhor Wilson está usando aliança. Talvez Helena tenha tentado algo inapropriado e o deixou irritado."

"Está mais do que óbvio que a culpa é de Helena!"

Laurence bateu com o punho na mesa, fulminando Helena com o olhar. "É melhor você ter uma boa explicação para isso, Helena!"

Atônita, ela o encarou de volta. "Não fiz nada de errado."

Será que Alden estava retirando as publicidades do programa de Eleanor para se vingar dela?

Furiosa com a perplexidade ingênua de Helena, Eleanor gritou: "Pare de se fazer de inocente! É lógico que isso é culpa sua. O senhor Wilson sabia que você é a âncora do tempo desde o início. Aposto que vocês já se conheciam antes!"

Dominick interrompeu bruscamente: "Engraçado, Eleanor. O Grupo Wilson patrocina diversos programas, mas apenas o seu horário foi cancelado. Talvez você seja o problema."

Batendo o pé no chão raivosamente, a mulher esbravejou: "Dominick, cale...!"

Antes que ela pudesse terminar, a voz de Laurence se elevou: "Chega! Não se trata apenas de um programa. Toda a emissora está em risco. Os lucros caíram este ano. Se não trouxermos a publicidade de volta, sua equipe será a primeira opção quando houver a próxima rodada de demissões."

Diante dessas palavras, uma onda de preocupação se instalou em Helena. Laurence sempre mostrava preferência pelas âncoras de noticiários, então o emprego de Eleanor não estava em risco como o dela.

Ela ainda não havia recebido o pagamento da família Simpson, e seu pai dependia do pouco que ela conseguia ganhar. Em hipótese alguma ela podia perder esse trabalho.

Já passava da meia-noite quando Helena chegou em casa, e a luz do escritório de Alden ainda estava acesa.

Nesses dois meses de casamento, independente do seu marido estar em casa ou fora, ela nunca entrava no escritório ou no quarto principal, preferindo ficar no quarto de hóspedes para manter uma distância razoável.

No entanto, ela precisava de respostas esta noite.

Enquanto Helena se aproximava do escritório cautelosamente, uma voz profunda a assustou por trás. "A casa é sua. Por que está andando como se fosse uma intrusa?"

Helena se virou e colidiu com o peitoral nu de Alden.

Tendo acabado de tomar banho, o rapaz usava apenas uma toalha na cintura, as gotas do cabelo molhado respingando no seu rosto. Seu corpo atlético e presença espontânea irradiavam um charme discreto e marcante.

Helena se afastou rapidamente, envergonhada, se esquecendo da sua intenção inicial.

"Se tem algo para conversar, é só falar", disse Alden, a encarando com indiferença.

Respirando fundo, Helena perguntou: "Você retirou a publicidade do Jornal das Nove da Nexus TV?"

Um arrependimento instantâneo a invadiu quando seus olhos se desviavam para o implante auditivo de Alden, que estava sobre a mesa.

Sem ele, Alden não conseguia ouvi-la.

Ela estava prestes a deixar o assunto para lá, no entanto, a voz dele a assustou novamente. "Quer que eu mude de ideia? Então me diga o que poderá oferecer em troca."

Pega de surpresa, a mulher ergueu a cabeça, encontrando o olhar firme do marido.

Se ele estava sem o implante auditivo, como conseguia ouvi-la? Será que ele podia ouvir o tempo todo?