Capítulo 2 Um anjo em minha vida

Amanda não quis saber das informações da testemunha e se aproximou de Vallery. "Você está presa". Amanda era alta e Vallery ergueu a cabeça para olhar para ela.

"Foi um acidente," Vallery disse calmamente para Amanda, mas só viu raiva nos olhos dela. Amanda estava disposta a não facilitar para Vallery e queria ser vista como eficiente aos olhos das pessoas que estavam ali. "Eu já disse que você está presa. Estenda as mãos ou eu mesma vou fazer isso."

"A ambulância está chegando," Vallery disse enquanto se desviava de Amanda e se aproximava de Steve. Vallery estava mais preocupada com o estado de Steve do que Amanda, que só queria pôr a culpa nela.

Neste momento, um outro carro se aproximou com mais um policial e o som da sirene da ambulância já se ouvia. Mathew era o segundo no comando depois de Steve. Enquanto ele saia do carro, a ambulância se aproximava rapidamente.

"Como está o Steve?" Mathew perguntou para Miguel enquanto se agachava ao lado do xerife.

"Precisamos imobilizá-lo e levá-lo para o hospital," Miguel respondeu enquanto fazia sinal para que a equipe que chegou com a ambulância se apressasse.

Os primeiros socorros foram prestados e Steve foi levado para o hospital. Vallery abriu a porta do carro e pegou seu distintivo na bolsa enquanto Amanda tentava puxá -la.

"O que está acontecendo, Amanda?" Mathew perguntou ao vê-la agir daquela maneira e depois olhou para Vallery da cabeça aos pés.

"Ela atropelou o Steve e está tentando fugir, você não está vendo?"

Vallery levantou sua mão e mostrou a Mathew seu distintivo. "Eu sou a nova policial da cidade, vim para trabalhar no setor administrativo. Não foi minha intenção machucar aquele homem, foi um acidente." Vallery contou a ele o que havia acontecido e a senhorinha confirmou o que Vallery havia dito.

Vallery olhou com expectativa para Mathew, quase suplicando com o olhar que ele acreditasse nela. "Me desculpe, xerife."

"Bom, não é a mim que você tem que pedir desculpas. E ele é o xerife," Mathew apontou na direção que a ambulância havia ido. "Você atropelou o seu chefe."

"Oh!" Vallery exclamou e Mathew sorriu. "Vá embora, mas devo lhe dar uma notícia ruim: temos um festival na cidade nesse final de semana e não há mais vagas no nosso único hotel. Pelo que eu sei, você só começa a trabalhar daqui a 10 dias. Sugiro que volte pelo caminho que você veio e se hospede em um hotel da cidade anterior." O telefone dele tocou e ele se afastou alguns passos para atender a ligação. Amanda foi atrás dele.

"Como assim ela pode ir embora?" Amanda o questionou e Mathew olhou sério para ela enquanto terminava de ouvir as informações ao telefone. Nadine também o questionou, não porque estivesse preocupada com o ex-marido, mas porque não havia gostado de Vallery.

"Ok," Mathew disse e logo guardou o telefone no bolso do casaco. "Steve vai decidir sobre isso. O médico disse que ele vai ficar bem," Mathew respondeu e então se virou para o grupo de pessoas que estava ao redor. "Podem ir para casa! Dispersem!"

Vallery respirou aliviada ao ouvir que Steve ficaria bem e viu as pessoas irem embora, incluindo a senhorinha que se afastava com dificuldade. Vallery viu dois olhinhos olhando para ela com curiosidade por sobre o ombro da pequena senhora.

"Obrigada", Vallery disse para Mathew e foi na direção da senhora e da criança. "Olá!" Vallery apressou os passos para se aproximar. A pequena senhora se virou para Vallery e sorriu. "Olá."

Vallery também sorriu para ela e agradeceu. "Muito obrigada por ter contado a verdade. A senhora me ajudou muito."

"Não, querida. Eu não ajudei. Ninguém nessa cidade me daria ouvidos. Tome cuidado com a Amanda, ela é ardilosa. Também tome cuidado com o Mathew, ele é um conquistador barato."

"Eu meio que percebi," Vallery disse a ela.

A neve começou a cair com mais frequência e a senhorinha disse que precisava ir porque o caminho era longo para ela. " Eu levo a senhora para casa," disse Vallery.

"Não é necessário, você ainda precisa voltar para a Cidade dos Pinheiros antes que a noite chegue."

"Eu faço questão," Vallery disse a ela.

"Minha filha, a estrada vai ficar perigosa. Eu não quero que nada ruim te aconteça."

Vallery ficou emocionada com a preocupação da senhorinha. As pessoas não costumavam se preocupar com ela.

"Vovó, eu estou com fome," a menina disse timidamente para a avó e Vallery ouviu. Ela olhou em volta e avistou um café a alguns metros dali. "Titia vai levar você para comer alguma coisa bem gostosa, está bem?" Vallery sorriu para a garotinha e depois olhou para a vovó de rosto bem enrugado pelo sofrimento da vida. " Eu vou ficar muito chateada se a senhora recusar minha oferta."

"Nós estamos mal vestidas," vovó Ana hesitou.

Vallery não se importou com isso, levou as duas para o café e se sentou em frente a elas. Ela ofereceu o cardápio para a vovó enquanto perguntava o nome dela.

"Meu nome é Ana," a vovó respondeu.

"Eu sou a Vallery. A senhora pode pedir o que quiser."

Vallery tocou o queixinho da menina e perguntou meigamente. "E qual o seu nome, princesinha?"

"Larinha," a menina respondeu timidamente.

"Seu nome é lindo, Larinha. Você também pode pedir o que quiser." Vallery abriu o cardápio para ver as opções de lanche infantil.

Vovó Ana tirou a manta que envolvia Larinha para protegê-la do frio que fazia lá fora e o coração de Vallery ficou apertado ao perceber que a perna direita de Larinha só ia até o joelho.

"Um projétil e depois uma infecção," vovó Ana disse quando viu que Vallery havia ficado chocada.

"Eu sinto muito, " Vallery disse para a Vovó Ana enquanto acariciava os cabelos de Larinha. Os olhos de Vallery ficaram úmidos e ela deixou uma lágrima escapar.

"Por que você está chorando, titia?" Larinha perguntou inocentemente.

Vallery imediatamente secou a lágrima. "Caiu alguma coisa no meu olho, Larinha. Mas eu já retirei. Você já decidiu o que você quer comer?"

"Eu não sei," Larinha respondeu.

Vallery então pediu várias coisas deixando vovó Ana envergonhada. "É muita coisa, Vallery. A conta vai ser alta."

"O que sobrar a senhora leva para casa. E não se preocupe quanto ao valor."

Enquanto isso no hospital, Steve abriu os olhos e viu Mathew olhando para ele com preocupação. "Hey, cara. O que aconteceu?" Steve perguntou a ele.

"Você foi atropelado, Steve. Não se lembra?"

"Não. Só me lembro de ter visto um anjo," Steve respondeu em meio a dor.

Mathew sorriu. "Por acaso esse anjo tinha longos cabelos marrons ondulados, intensos olhos castanhos e uma boca linda?"

            
            

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