/0/14863/coverbig.jpg?v=776e4f260f3f0a92139167ec7f3ce6d0)
Steve não respondeu, apenas fez uma careta de dor.
"Bem, tenho que te decepcionar. Sua anjinha é a sua atropeladora," Mathew disse a ele.
"Sério?" Steve perguntou enquanto tentava reorganizar seus pensamentos.
"Ela disse que a culpa não foi dela, porém ela parecida bem preocupada com você, o que a fez parecer suspeita. Mas a dona Ana foi testemunha do acidente e disse que a anjinha não teve culpa."
Steve ficou calado, parecendo pensar bem antes de responder. Ele fechou os olhos e depois respondeu: "Ela tem razão, a culpa foi toda minha. Atravessei a rua como um louco."
"Amanda queria prendê-la, mas eu não deixei. E também não tomei o depoimento dela. Você vai ter muito tempo para fazer isso depois."
"Como assim?" Steve não entendeu.
"Ela é a nossa nova policial administrativa. Ironia do destino, não? Você queria uma nova funcionária para te ajudar, para o trabalho fluir melhor, mas ela te colocou em uma cama de hospital antes mesmo do primeiro dia de
trabalho."
"Mas nós só esperávamos por ela daqui a dez dias," Steve ponderou.
"Ela não queria correr o risco de chegar atrasada," Mathew sorriu. "Brincadeiras a parte, eu disse a ela que voltasse para a Cidade dos Pinheiros e ficasse lá até o festival acabar. Não há mais vagas no hotel."
"Mas o acidente pode ter danificado o carro dela e...," Antes que Steve completasse a frase, sua mãe e irmã adentraram o quarto de hospital.
"Steve! Como isso foi acontecer, meu filho?" Carmem perguntou com preocupação.
"Oi, mãe. Eu vou ficar bem, não se preocupe."
"Como posso não me preocupar?" Carmem disse a ele e depois olhou furiosa para Mathew. "Eu ouvi dizer que você deixou a mulher que atropelou o meu filho sair impune. Eu exijo que você tome providências!"
"Mamãe, eu resolvo esse assunto, por favor não se meta nisso," Steve disse a ela.
"O que você vai resolver deitado em uma cama de hospital?"
Mathew conhecia muito bem o temperamento da mãe de Steve e não quis ficar no mesmo ambiente que ela. "Eu preciso voltar para a delegacia, Steve. Vejo você amanhã."
Steve assentiu. "Ok, Mathew. Obrigado por ter vindo."
"Vá trabalhar e faça seu trabalho direito!" Carmem disse a Mathew enquanto ele saía do quarto e Steve a repreendeu. "Se é para fazer escândalo é melhor você ir embora, mãe. Estou com dor e quero ficar sozinho."
Priscila olhou para o irmão com um olhar de quem pedia desculpas e tocou no braço de Carmem. "Mãe, vamos deixar meu irmão descansar. Amanhã você pode voltar para vê-lo."
"Como está essa menininha?" Steve perguntou apontando para a barriga grande da irmã.
Priscila sorriu enquanto acariciava a barriga. "Ela está ótima."
"Que bom," Steve respondeu.
Carmem saiu a contragosto do quarto de hospital com Priscila e então Steve suspirou. "Por que minha mãe precisa ser tão difícil?"
Meia hora depois...
"Você pediu muita coisa, e nós não conseguimos comer nem a metade," Dona Ana disse para Vallery.
"Não tem problema, eu vou pedir ao garçom que embrulhe para que a senhora possa levar para casa," Vallery acenou para o garçom.
"Titia, posso levar bolo para casa?" Larinha perguntou timidamente com sua voz fina.
"Claro que sim, querida." Vallery segurou a mãozinha de Larinha e sorriu. Lá fora a neve caía com mais intensidade.
Depois que o garçom entregou tudo o que sobrou para Vallery, elas foram embora. Vallery as levou para casa na subida da montanha. "É bem longe da cidade. Os pais da Larinha estão em casa?" Vallery perguntou ao estacionar o carro em frente a uma casa de madeira estilosa.
Dona Ana olhou para Vallery com um semblante triste. "Somos só eu e Larinha nessa vida."
"Ah... me desculpe," Vallery disse ao perceber que havia feito uma pergunta invasiva.
"Não precisa se desculpar," Dona Ana abriu a porta do carro e saiu lentamente enquanto Larinha cochilava no banco de trás do carro.
"Eu pego a Larinha," Vallery disse enquanto abria o cinto de segurança. Ela tirou Larinha do carro e foi na direção da casa.
"Essa casa é do Steve, Vallery. Eu e Larinha moramos lá," Dona Ana apontou para uma cabana simples a alguns metros de distância.
"Então vocês são vizinhos," Vallery sentia o vento frio no rosto enquanto cobria o rosto de Larinha com o cobertor.
"Steve é muito bom, ele deixou que eu e Larinha morássemos aqui quando nós não tínhamos para onde ir. Se não fosse por ele, eu teria perdido a guarda da Larinha."
Vallery esperou que Dona Ana abrisse a porta e então entrou com Larinha. "Onde eu ponho a Larinha?"
"Pode pôr ela ali no sofá. Eu vou acender a lareira, não temos aquecedor."
Vallery colocou Larinha no sofá com cuidado para que a garotinha não acordasse e depois voltou ao carro e pegou tudo o que ela havia trago do restaurante. Após deixar as embalagens com comida sobre a mesa perguntou se Dona Ana queria ajuda pra acender a lareira. Ela ajudou Dona Ana e bebeu um pouco de água antes de ir embora.
"Estou preocupada com você na estrada com essa neve caindo," Dona Ana disse a Vallery com sinceridade.
"Eu não vou para a Cidade dos Pinheiros hoje, preciso ir ao hospital pedir desculpas ao xerife. Eu tenho medo de que ele pense que eu não me importei," Vallery respondeu.
"E depois?"
"Depois?... Depois eu durmo no carro."
"Não vá ao hospital hoje. A mãe dele provavelmente está lá e, acredite em mim, você não vai querer encontrar a megera lá."
Vallery sorriu. "Ela é tão ruim assim?"
"É pior," Dona Ana respondeu e apontou para um sofá. "Tudo o que eu tenho para te oferecer é um sofá velho. Fique com a gente hoje, você não pode dormir no carro senão vai congelar. Você não faz ideia do frio que faz na madrugada."
"Eu aceito, se não for incomodar a senhora e a Larinha."
"Você não incomoda. A Larinha vai adorar ter você aqui, ela praticamente não tem convivência com outras pessoas além de mim e o Steve."
No hospital, Steve telefonou para Mathew . Ele queria saber se estava tudo em ordem na cidade e também queria perguntar sobre Vallery, se ela havia conseguido voltar para a cidade dos Pinheiros.
Mathew rapidamente o deixou a par de tudo e o tranquilizou sobre o policiamento na cidade. " E sobre a sua anjinha, eu a vi indo na direção da sua casa nas montanhas com Dona Ana e a menina. Não a vi voltar."
"Não falei assim, Mathew. Pare de chamá-la de anjinha com deboche, tenha respeito," Steve disse com um semblante sério que Mathew não podia ver, mas podia imaginar. Steve encerrou a chamada e ficou pensativo. Seu subconsciente estava mais ansioso em conhecer a "anjinha" do que ele podia imaginar.