A Substituta Perfeita
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Capítulo 3

A festa no sítio do Tio Afonso continuou pela noite. Ricardo bebeu mais do que devia, o olhar fixo em Clara, a risada um pouco alta demais. Sofia, cansada daquela encenação, decidiu que era hora de ir. Com dificuldade, conseguiu levar Ricardo, cambaleante, para um dos quartos de hóspedes.

Ele desabou na cama, os olhos vidrados. Sofia começou a tirar os sapatos dele.

"Clara...", ele murmurou, a voz pastosa. "Eu te amo tanto, Clara. Sempre te amei."

Sofia congelou. As palavras, ditas na embriaguez, eram como facas afiadas. Ele a confundira com Clara. A verdade, crua e dolorosa, escapando pelos lábios bêbados.

"Você é tão linda, Clara. Casei com ela só para ficar perto de você, sabia? Ela é tão parecida com você..."

Sofia sentiu o ar faltar. Então, era isso. Ele nem sequer tentava esconder quando estava bêbado. A sobriedade era apenas uma máscara para seus verdadeiros sentimentos e comportamentos.

Ela afastou-se dele, o coração pesado, a raiva crescendo. Precisava de ar. Saiu do quarto, caminhou pela varanda escura, tentando processar a dor, a humilhação. Quando voltou, alguns minutos depois, Ricardo não estava mais no quarto. O pânico a atingiu. Onde ele teria ido naquele estado?

Procurou-o pela casa, e o encontrou na varanda dos fundos. Ele não estava sozinho. Clara estava com ele. Eles conversavam em voz baixa, íntimos. Sofia escondeu-se nas sombras, o coração batendo descontroladamente.

"Eu não aguento mais, Clara," Ricardo dizia, a voz embargada. "Casei com a Sofia por sua causa. Para ter você por perto. Essa obsessão está me enlouquecendo. Eu a vejo e vejo você. É uma tortura."

Clara parecia chocada. "Ricardo, como você pode dizer isso? E a Sofia? E o filho de vocês? Você não sente nada por ela?"

A pergunta de Clara ecoou na noite, mas a resposta de Ricardo foi ainda mais devastadora.

"Ela é só uma substituta, Clara. Uma cópia. E o filho... se for menina, vai se chamar Clara. Em sua homenagem."

Sofia sentiu como se seu mundo tivesse desabado. Traição final. Desumanização. Ele não apenas a usara, mas planejara apagar sua identidade até mesmo no nome de um filho.

Devastada, Sofia recuou para as sombras, as lágrimas escorrendo silenciosamente. Ele achava que ela nunca o deixaria, que ela era fraca, dependente. Mal sabia ele a força que estava nascendo dentro dela, a força da dor e da raiva. Ela iria quebrar aquele ciclo de engano. Ela buscaria sua liberdade.

Nos dias seguintes, Sofia agiu em segredo. Pesquisou sobre Portugal, sobre vistos, sobre recomeços. Não alertou ninguém sobre seus planos. A decisão estava tomada.

Numa manhã, o telefone tocou. Era Clara.

"Sofia, querida, preciso de um favor. Gostaria que me acompanhasse ao cemitério. Quero visitar o túmulo dos meus pais, seus avós. Ricardo está ocupado."

A voz de Clara era suave, quase suplicante. Sofia sentiu um nó no estômago. Confrontar o passado, e confrontar Clara. Era um fardo pesado, mas ela aceitou. Talvez fosse necessário.

            
            

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