A Noiva e a Traição
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Capítulo 2

A decisão de partir para Portugal estava tomada, sólida como uma rocha no peito de JP. Ele comunicou aos pais, que suspiraram aliviados, mas com a tristeza de quem vê um filho sofrer.

No dia seguinte, Isa ligou. A voz dela era falsamente doce.

"JP, querido, onde você se meteu? Fiquei preocupada."

JP sentiu o estômago revirar. A falsidade dela era palpável.

"Isa, acabou," ele disse, a voz firme, apesar da dor que ainda o consumia. "Eu vou embora do Brasil. Não quero mais te ver, não quero mais nada que venha de você."

Houve um silêncio do outro lado da linha, depois um riso debochado.

"Ah, que dramático! Vai fugir só por causa de uma brincadeirinha? Não seja infantil, JP."

"Brincadeirinha?" A raiva subiu pela garganta de JP. "Você chama aquilo de brincadeira? Você me usou, me humilhou."

"Eu já disse, foi pela desfeita que você fez ao Rico. E ainda faltam 98."

JP desligou. Não havia mais nada a ser dito. A rejeição era explícita, final.

Ele começou a esvaziar a pequena casa alugada em Olinda. Cada objeto parecia carregar uma lembrança dolorosa de Isa. O cavaquinho que ela elogiara, os versos de samba que ele compusera para ela, as fotos que tiraram juntos nos seus poucos momentos de felicidade fabricada.

JP juntou tudo numa caixa. As cartas, os presentes baratos que ele dera com tanto carinho e que ela provavelmente desprezara. Levou a caixa para o quintal e ateou fogo. As chamas consumiram as memórias, transformando-as em cinzas, assim como seu amor por ela havia se tornado. Era uma catarse dolorosa, mas necessária. Ele precisava se livrar de cada vestígio dela para seguir em frente.

Alguns dias depois, enquanto JP ajudava seus pais a encaixotar as poucas posses para a mudança, Isa apareceu na porta de sua casa. Ela olhou ao redor, para as caixas, para o vazio da casa.

"O que está acontecendo aqui, JP? Você está mesmo de mudança?" A voz dela tinha um tom de surpresa, quase confusão.

"Estou, Isa. Vou para Portugal com meus pais."

"Portugal? Assim, de repente? E vai me deixar aqui, sozinha?" Havia um quê de acusação na voz dela, como se ele estivesse cometendo uma grande injustiça.

JP riu sem humor. "Sozinha? Você tem o Rico, tem suas amigas. Vocês se divertem tanto juntos."

Isa franziu a testa, parecendo genuinamente intrigada com a frieza dele.

"Não seja assim, JP. Eu sei que você ficou chateado com a história do hospital, mas já passou. Vamos esquecer isso."

Ela tentou se aproximar, tocar o braço dele, mas JP recuou.

"Esquecer? Você acha que é simples assim?"

"Olha," disse Isa, mudando de tática, a voz agora sedutora. "Vai ter uma festa de São João lá na fazenda da minha família em Gravatá. Uma festança daquelas, com muita comida, forró, quadrilha. Quero que você vá. Como meu convidado especial."

JP a encarou, desconfiado. Outra armadilha? Outra humilhação planejada?

"Não, obrigado, Isa. Tenho mais o que fazer."

"Ah, vamos, JP! Vai ser divertido. E o Rico vai estar lá, quem sabe vocês não se entendem?"

A menção a Rico só aumentou a repulsa de JP.

"Eu já disse que não."

Mas Isa era persistente. Ela insistiu, fez charme, usou todos os seus artifícios. JP, exausto da discussão e querendo apenas que ela fosse embora, acabou cedendo, contra sua vontade.

"Tudo bem, Isa. Eu vou. Mas não espere nada de mim."

Ela sorriu, vitoriosa. "Ótimo! Te pego no sábado."

Quando ela saiu, JP sentiu um aperto no peito. Ele sabia que ir àquela festa era um erro, mas uma parte dele, masoquista talvez, queria ver até onde iria a crueldade dela.

            
            

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