Capítulo 4 EPISÓDIO 1 - Parte 4

" Mais uma para a série: "os micos de Bryan" Fala sério... não pode me falar depois? Eu vou ficar a noite inteira acordado! P*ta merda, cara! "

"CALMA, borboleta. Só foi apenas um pequeno deslize... "

"Se deslize for sinônimo de Apocalipse, então sim."

"E então, me fala o que você tá pensando. Me fala o que pretende. Eu posso te ajudar." Comentou, trocando abruptamente de assunto.

" Quero algo simples, mas que seja muito marcante. Eu planejei algo como uma trilha de rosas e um jantar à luz de velas. É muito... cafona? " Perguntou Gus. Ele ajeitou os óculos. Bryan pareceu avaliar, mas sua expressão carregada ao fim do pensamento fez Gus duvidar de si mesmo.

Para que que eu preciso da sua opinião mesmo? Era quase inútil perguntar a um conquistador barato como um apaixonado devia agir.

" Achei fofo. Se eu fosse gay, com certeza daria para você. É bem o estilo daquela megera... só que, como eu sei que ela odeia surpresas, já deve ter notado que você tá escondendo alguma coisa e deve estar desconfiada... vai por mim, sei do que estou falando. " Concluiu ele. Gus olhou para o lado, bem quando uma moça de corpo esguio passou rapidamente por perto da cadeira de Bryan, e o copo de café que segurava voou por cima da cabeça de seu amigo e explodiu sobre a mesa, derramando o líquido e jorrando, caindo como uma cachoeira sobre as pernas de Gus. Ele quis gritar, mas apenas segurou. Suas bochechas rosadas ficaram vermelhas de súbito. O café estava pelando de tão quente.

"Me desculpe! Não queria ter feito isso... como sou desastrada! " Disse a moça. Bryan congelou, calando-se repentinamente. Gus estava encharcado de café.

" Ellen?" Chamou Bryan. Gus fitou a cara dela, olhando-a através dos óculos. Ela tinha intensos olhos azuis. O cabelo preto e longo estava penteado para trás, fazia bem o tipo de Bryan. Morena, olhos azuis e corpo escultural. A moça virou para Bryan quando ele disse o nome. E abriu um sorriso, mas logo fitou Gus novamente. Ela pegou de sua bolsa um lenço, e virou para Gus novamente.

"NÃO fiz por mal " Disse, e estendeu o braço. Gus levantou, percebendo que ela abaixou e iria tentar limpar a mancha de café. Ele pulou para trás e sentiu as bochechas queimarem de vergonha. A mulher tentou novamente, e dessa vez, o acertou em cheio. Ele suspirou. Estava congelado, mas ainda sentia as pernas queimando. Ela cuidadosamente esfregou sua calça.

"Sério. Não precisa. Eu, eu posso cuidar disso sozinho... certo? Certo. " Exclamou ele, e sua voz saiu arranhada. Ela o fitou de baixo para cima e ele olhou para Bryan. Bryan piscou várias vezes e pareceu se divertir. A moça apertou suas pernas, e algo começou a se contorcer por debaixo de sua cueca.

Se controla, maldito!

Ainda queimando por dentro e por fora, Gus se afastou dela e a viu se erguer. Ela o olhou, abaixando os óculos e virando para Bryan. Gus deu as costas e se apressou em sair de perto. Já um pouco mais longe, suspirou aliviado e olhou para a calça. Ele levou os olhos para a mulher e franziu o cenho. Nada demais tinha acontecido, somente um esbarro que lhe custou sua calça favorita.

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Depois de ficar o dia inteiro pensando no que iria fazer, acabou optando pelo que sempre quis. Finalmente havia terminado de preparar tudo.

Gus virou para frente, encarando a porta do apartamento. A meia luz feita pelas velas espalhadas para todos os lados dava um ar romântico, e as pétalas jogadas numa trilha levavam à mesa. As luzes estavam apagadas, e tudo já estava pronto. Gus estava esperando Liz chegar. Ele girou, verificando se algo estava fora do lugar, uma melodia suave e lenta ressoava baixinho como um sussurro.

Gus respirou fundo e sorriu. Seu coração disparou. Ele tirou o celular do bolso e digitou o número de Liz. A primeira tentativa deu errado, e a segunda caiu direto na caixa. Ele franziu as sobrancelhas e apoiou a mão no quadril. No mesmo instante, o microondas apitou. O brownie estava pronto! Ele correu cuidadosamente, tentando não espalhar as pétalas de rosa pelo chão.

Gus pegou as luvas de tubarão, as mesmas que comprara com Liz há 3 meses, quando ela fora chamada para uma tentativa malsucedida de ser contratada pela melhor firma de advocacia de Nova York. Mas tudo deu errado, e desde então, Liz não para de falar sobre a tal. Chegava a irritar... os pais dela são advogados, todos de sua família são pessoas "importantes" em algum sentido. Liz queria seguir o mesmo caminho. E se Gus tinha o sonho quase inalcançável de ser um autor bestseller, ser uma das melhores advogadas de Los Angeles não seria problema, não para ela.

Ele pegou o brownie cuidadosamente e andou para perto da mesa, o pousando sobre o tampo de vidro e fitando a caixinha do anel. Mal podia esperar. Estava tão ansioso quanto um pai para ver seu filho pela primeira vez. Ele respirou aliviado, e por segundos, a lembrança do esbarrão pairou sobre sua cabeça, mas ele logo se livrou dela.

Gus andou até o armário e rolou a gaveta de talheres e pegou um garfo. Ele voltou para a mesa e pegou o anel, enterrando-o na sobremesa ainda quente. Ele usou o garfo para completar o trabalho, e pousou o celular na mesa. Gus guardou a caixinha e devolveu o garfo à gaveta.

A campainha tocou, ressoando gloriosamente pelo ar e fazendo o coração de Gus disparar ainda mais forte. Ele voou pelo chão, alçando a porta da frente e baforou a palma da mão, verificando se tudo estava nos conformes.

Assim que a porta se abriu, ele notou Liz estacionada e mexendo no celular.

Ela recusou as minhas ligações? Perguntou-se. Não. Não pode ser.

" Oi, amor " disse, quando finalmente percebeu Gus bem na sua frente. O sorriso de Gus fora substituído por um semblante de dúvida. Liz entrelaçou os braços ao redor de seu corpo e prontamente escondeu o celular. " Estava com saudades, e eu tenho uma ótima notícia! " Anunciou Liz, desgarrando dele. Gus ficou calado. "Que foi?"

"NADA..." Respondeu, sem mudar o tom suave e calmo. Liz fechou a porta e ficou nas pontas dos pés para lhe dar um beijo. Gus a retrucou, pedindo passagem com a língua, mas Liz pareceu estranhamente apressada. Ela observou o ambiente, e antes que Gus pudesse lembrar do discurso que treinara durante todo o banho, ela murmurou:

"Gus... você... eu não acredito! "

" Não gostou?" Perguntou, e foi impossível conter a vontade de tocá-la. "Feliz aniversário de namoro? " Disse. Liz balançou a cabeça e Gus franziu a testa. Tinha alguma coisa de errado.

" Gus, eu sei. O Bryan me contou. E eu ia dizer, mas... ele disse que ia dizer, e não deu tempo para eu pensar em nada... desculpe"

"Pelo que? Perguntou, confuso. O que o Bryan iria me contar que não me disse? Pensou. " E o que o Bryan não me contou? "

" Ele não te contou? " Perguntou ela, e pareceu irritada de repente. " Aquele filho da puta... "

"Me contou o que? Liz, me conta, me conta logo! O que ele tinha a me dizer? "

" Gus, eu não acredito que você fez tudo isso... "

" Não muda de assunto. Fale logo. "

" Eu fui contratada pela K. J. " Disparou. Gus alargou um sorriso abrupto e a pegou nos braços, abraçando-a fortemente.

" Amor, você conseguiu! Por que não me contou? Eu tô tão feliz que tenha conseguido! "

" Gus, " sussurrou, e ele rapidamente a colocou no chão. " Eu não te contei porque tenho que ir embora...e eu tenho que terminar com você, caso queira ser o que quero ser. "

Terminar? Terminar comigo? Perguntou-se, horrorizado. Seu chão desabou. Liz o fitou e a felicidade que há pouco estampava a cara de Gus, sumiu.

" Gus..." ele piscou várias vezes. Como assim? Ela iria realmente embora? Como ela poderia ir embora depois de descobrir que ele iria pedi-la em casamento? A mente do homem pesou, e ele desvencilhou-se do olhar de Liz. Ele pigarreou e passou por ela, taciturno e com uma expressão carregada.

" Que porra!, Liz... quando você ia me contar? E quando foi que o Bryan soube? Você, pelo menos, pensou em mim? "

" Gus, Gus, eu... eu ia te contar, mas... deixa pra lá. Você não vai conseguir ouvir nada por agora. Está com raiva. Eu sei que está. Mas, Gus, eu não vou perder a oportunidade da minha vida... "

"Essa não é a única opção, é? Liz, nós podemos continuar, para que parar? "

" Serão 4 meses. Meu pai vai morar lá, e eu tive que aceitar. Eu não quero te obrigar a me esperar por tanto tempo, e, para falar a verdade, nem sei se consigo ficar tanto tempo sem você. "

" Então não vá" sugeriu. Gus se aproximou e entrelaçou os braços envolta de seu corpo. Ele procurou seus olhos e aconchegou-a em seu corpo. Cara a cara, ele prestou atenção em seus lábios, e em sua resposta:

" Não posso perder essa chance por sua culpa. " Desnorteado. Era a palavra certa que o definia. Aquelas palavras o golpearam como uma faca."

" Então, eu vou com você" concluiu. " Eu posso ir com você?"

" Não."

" Puta merda, Liz, você não ajuda...!"

" Você pode ter uma chance aqui, e eu, lá. Não posso te tirar isso." Disse, e o empurrou, afastando-se.

" Amanhã venho buscar minhas coisas. Você precisa descansar, ou alguma coisa do tipo. "

" Você vai embora? Agora? " Perguntou. Ele pegou sua mão e a apertou. Gus fez que não com a cabeça suavemente. " Você não pode ir."

Liz ficou calada e deslizou a mão pela dele, andando até a porta. Gus a viu abri-la e passar por ela. Ele não podia acreditar. Todo o tempo, todas as coisas, todas as lembranças... tudo havia acabado. Lágrimas brotaram nos olhos dele, e uma tristeza pungente tomou posse de seu corpo.

( fim do episódio 1)

Obrigado pela leitura! ;)

Outras obras minhas:

Confidentes;

Paixão Irresistível;

Loucamente Amor