Capítulo 5 EPISÓDIO 2 - Parte 1

Havia passado uma semana desde que Liz fora embora. Ela não visualizava nenhuma mensagem, não atendia nenhuma ligação... parecia que Gus nunca a tinha conhecido. Depois do fim no mínimo apressado, ele fez questão de jogar todas as coisas fora. Estava furioso, não só por ela ter escondido que iria embora, mas também por tê-lo jogado fora como um brinquedo quebrado. Gus não suportava a ideia de que tudo tinha acabado, de uma hora para outra, e Liz simplesmente evaporado de sua vida.

Depois de ter jogado alguns pertences deixados para trás, e apagado algumas fotos do instagram, voltou atrás, se arrependeu e buscou tudo de volta, mas o que mais queria, não tinha como trazer. Liz, como havia prometido, foi buscar suas coisas no dia seguinte, e deixou até um bilhete. Gus não conseguia se separar do papel, e ficou pensando a semana inteira como Liz estava. E, pelas fotos do seu Instagram, poderia garantir que estava ótima.

Ele estava de pantufa e roupão em cima da cama, vendo as últimas postagens de Liz.

Ela o tinha bloqueado em quase todos as outras redes sociais, mas parecia ter prazer em imaginá-lo vendo cada foto. Gus a imaginou gargalhando, se divertindo enquanto sofre. Era tão ridículo...

Gus deslizou o dedo na tela e grunhiu baixinho, ele revirou os olhos e fez beicinho. Gus jogou o celular na cama e enterrou a cabeça no travesseiro. Era a única coisa que tinha traços do perfume dela. Ele fechou os olhos e choramingou, tentando aguentar as lágrimas. Se o filho da puta do Bryan o tivesse dito antes, talvez não estivesse desse jeito. Talvez tivesse conseguido convencer Liz a ficar... ainda não acredita, não podia simplesmente acreditar que da noite para o dia Liz simplesmente ignorou os maravilhosos 5 anos. Como ela pôde fazer aquilo?

Ele abraçou o travesseiro, fungando-o e imaginando Liz. Gus estava enrolado num edredom, e do seu lado, um pote de sorvete. O mesmo que Liz tanto gostava: sorvete de creme com pedaços de chocolate . Ele esperneou como uma criança fazendo birra. E de repente, o celular vibrou sob sua mão:

Liz?!

Não era Liz. Era Bryan. Ele estava fazendo uma chamada de vídeo. Gus o estava ignorando, e ignorá-lo era incrivelmente difícil. Não porque parecia insuportável a ideia de perder mais alguém. E sim porque ele perseverava em tentar falar com ele. Mesmo Gus deixando bem claro que não queria ver a cara dele.

Gus rejeitou a ligação. Bryan ligou novamente, e dessa vez mandou uma mensagem:

Bryan: Gus, por favor...

Bryan: Gus! Me liga!

Bryan: Ok. Amanhã nos falamos, e a menos que me mate, não irei te deixar em paz.

Os olhos dele passaram pelas mensagens que explodiram em notificações; uma atrás da outra. Gus sequer teve vontade de responder. Ele apenas revirou os olhos e afundou o celular no colchão, se certificando de que não poderia ouvir o som da ligação. Aquilo já estava o irritando.

Ele bufou e pegou o celular, pulou da cama e desligou. Abriu a gaveta da mesa de cabeceira e o jogou dentro.

Pronto!

A campainha tocou no instante seguinte, e poderia apostar toda a coleção de carrinhos antigos que sabia de quem se tratava.

A campainha tocou novamente.

E de novo.

E de novo.

E de novo.

Gus jogou a cabeça no edredom e pegou o travesseiro e o colocou sobre a cabeça. Abafando o barulho irritante da campainha que não parava de tocar.

"Se não vier abrir porta, pode ter certeza que a arrombo!" Gritou Bryan. A voz pareceu baixa e abafada, como se ele estivesse se afogando e implorando por ajuda. "Você sabe que eu posso fazer isso, né?".

Gus retirou a cabeça sob o travesseiro e olhou para as paredes azuis do quarto.

Te odeio!

Ele arremessou o travesseiro no chão, furiosamente e pulou da cama novamente. Seus passos pesados faziam baques no chão, a pantufa macia amaciando as solas dos pés. Como um elefante, sem noção nenhuma do espaço, ele abriu a porta e a deixou bater. Gus cruzou o apartamento e quando finalmente chegou na porta, a destrancou e abriu a boca, com uma expressão de fúria no rosto:

"VAI SE FODER!" Gritou.

Ele rapidamente fechou a porta e ouviu um gemido de dor no outro lado. O pé de Bryan estava impedindo que a porta se fechasse.

" Ai, caralho! Você quebrou o meu pé! " Retrucou Bryan, e Gus abriu a porta, notando sua expressão de dor saltando da cara. "Só vim pedir desculpa! Faz uma semana que quero falar com você, mas você não atende nenhuma de minhas ligações... " Gus quis rir, mas a vontade de socar sua cara falava mais alto. Até poderia, mas não iria arriscar ficar com a mão dolorida e parar de escrever só por culpa dele.

"Vai embora! Ou eu quebro você inteiro da próxima vez. "

"Se queria me assustar, recomendo você treinar mais. " Disse e o empurrou para dentro, parando de fingir imediatamente. Gus poderia matar ele ali mesmo, e depois, poderia jogar seu corpo em alguma rua deserta... ninguém iria descobrir. "VOCÊ precisa de mim. E antes que me bata de verdade, eu quero dizer uma coisa, na verdade não... quero te mostrar uma coisa" Disse, e tirou o celular do bolso. Gus o fitava carrancudo, e fechou a porta. Como um chiclete numa calça jeans nova, ver ele ali era frustrante. "OLHA!" Disse Bryan, atirando o celular na frente dele. Gus fechou os olhos.

" Não quero VER nada que tenha a me mostrar. Se quiser, pode ficar aí . Não me importo. Já acabou com minha vida mesmo... " disse e passou por ele.

" Como você consegue ser tão dramático? "

" Por que não pergunta pra sua mãe?" Respondeu, dando as costas para Bryan.

" É sobre a Liz. " Soltou Bryan, e andou para perto. Gus não parou de andar, ele foi na direção do quarto. " Gus... eu sei que não foi uma boa ideia da minha parte esconder que ela ia embora, mas... mas eu achava que ela iria te contar. Eu tenha certeza! Só que quando eu percebi, você disse que iria pedi-la em casamento e a porra toda foi por água abaixo... desculpa cara, mas eu não tenho culpa! Eu, eu, eu só fiz uma escolha errada! Gus! " Disse, o perseguindo para dentro do quarto.

(Continua)