A festa de boas-vindas de Isabella era um evento de gala.
A alta sociedade soteropolitana reunida para celebrar a "princesa" da família.
Sofia sentiu um nó no estômago ao entrar no salão luxuoso.
Ricardo estava lá, impecável em seu terno caro, ao lado de Isabella, que brilhava.
Ele a viu e caminhou em sua direção, a expressão tensa.
"Onde você se meteu nos últimos dias? Não atendeu minhas ligações."
Ele a agarrou pelo braço, encurralando-a perto de uma pilastra.
Havia uma possessividade em seu olhar, uma falsa preocupação.
Sofia o encarou, os olhos frios.
"Estava ocupada. Vendendo algumas coisas que não me serviam mais. Coisas que foram dadas por um... cafajeste."
A palavra o atingiu. A surpresa e a raiva brilharam em seus olhos.
Ele franziu a sobrancelha.
Antes que ele pudesse responder, Léo se aproximou, sorrindo.
"Ricardo, Isabella está te procurando. Ela disse que tem uma surpresa para o cunhado favorito dela."
Cunhado. A palavra ecoou na mente de Sofia.
Léo piscou para Ricardo, como se compartilhassem um segredo.
Sofia permaneceu calma. Ela já sabia. Estava preparada.
Os olhos de Ricardo e Léo se fixaram nela, esperando uma reação, uma explosão.
Mas ela apenas os observou, serena.
A frustração deles era palpável.
Minutos depois, Antônio subiu ao pequeno palco montado no salão.
Os holofotes se acenderam.
"Boa noite a todos! É com grande alegria que celebramos o retorno da minha querida filha, Isabella. E tenho outro anúncio importante esta noite. Um acordo de longa data que finalmente se concretiza. Tenho o prazer de anunciar o noivado de Isabella com Ricardo!"
Palmas ecoaram pelo salão.
Isabella sorria, radiante, ao lado de Ricardo.
Todos os olhares se voltaram para Sofia, esperando ver seu desespero, suas lágrimas.
Ricardo a encarava, um sorriso vitorioso nos lábios.
Mas o rosto de Sofia permaneceu inalterado.
Uma máscara de indiferença que o frustrou profundamente.
Ele sentiu uma inquietação.
Sofia se desculpou e foi ao banheiro.
Jogou água fria no rosto, tentando conter a onda de dor e raiva que ameaçava transbordar.
"Que estúpida eu fui", murmurou para o espelho.
Ao sair, Antônio a interceptou.
"Venha cumprimentar seu cunhado, Sofia."
A palavra soou como um insulto.
Ele a arrastou até Ricardo e Isabella.
"Parabéns, cunhado", disse Sofia, a voz carregada de uma ironia que só Ricardo percebeu.
Ele sentiu um desconforto.
Isabella sorriu, falsamente afetuosa.
"Sofia, querida, venha comigo. Preciso te mostrar uma coisa."
Ela a conduziu para uma sala mais reservada.
Assim que a porta se fechou, o sorriso de Isabella desapareceu, substituído por uma expressão de puro desprezo.
"Você achou mesmo que ia roubar o Ricardo de mim, sua bastarda? Ele sempre foi meu. Tudo isso foi planejado para te colocar no seu lugar. Para te fazer pagar pela vergonha que sua mãe causou à minha."
A crueldade em sua voz era palpável.