Das Cinzas, a Minha Voz
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Capítulo 5

Lembrei-me das conversas que tínhamos tido sobre filhos, antes do pacto.

"Não quero que sofras as dores do parto, meu amor," dizia ele, acariciando o meu rosto. "A ideia de te ver a sofrer... não suporto."

Que mentiroso talentoso. Não era a minha dor que o preocupava. Era a conveniência do seu plano. Ele já tinha os seus herdeiros a caminho. Só precisava de garantir que eu não atrapalhava.

Recebi alta do hospital no mesmo dia que Sofia. Tiago levou-me para casa. Diogo não ligou, não perguntou. Ele estava ocupado a levar a sua "família" de volta para a casa de hóspedes.

Quando ele finalmente apareceu na casa principal, tinha um ar condescendente.

"Ana Luísa, o que fizeste foi terrível. Mas eu perdoo-te. No entanto, vais ter de dormir no quarto de hóspedes durante um tempo. Preciso de espaço."

Perdoar-me? Ele estava a punir-me pela sua própria traição.

Enquanto ele falava, o meu telemóvel vibrou. Outro vídeo de Sofia.

Desta vez, a imagem era escura, filmada do quarto deles. A câmara estava apontada para a cama. Diogo e Sofia, juntos.

A voz de Diogo era um sussurro rouco. "Eu amo-te, Sofia. Só a ti."

Senti o nojo a subir-me pela garganta.

No vídeo, ele continuou. "Sinto-me um monstro por enganar a Ana Luísa. Ela é boa pessoa. Mas o que sinto por ti... é mais forte do que eu."

Fraqueza. Hipocrisia. Ele nem sequer tinha a coragem da sua própria maldade.

Com uma calma que me assustou a mim mesma, guardei o telemóvel.

Fui ao meu escritório, peguei num disco rígido externo e copiei todos os vídeos. Todas as mensagens. Todas as provas.

Liguei ao Dr. Almeida.

"Doutor. Tenho tudo o que precisamos. Quero o divórcio. E quero tudo a que tenho direito. Incluindo a compensação pelo que ele me tirou."

"O que é que ele lhe tirou, D. Ana Luísa?"

"O meu útero. A minha capacidade de ser mãe. Quero que isso conste nos papéis."

Houve um silêncio do outro lado da linha.

"Entendido."

                         

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