Tarde Demais Para Perdoar
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Capítulo 4

A minha condição física piorava a olhos vistos.

Os dias eram passados na cama, a dor uma companheira constante.

Isolamento autoimposto. Não queria que ninguém me visse assim.

Apenas Beatriz vinha visitar-me, trazendo comida e palavras de conforto.

Carolina, no entanto, não me deixava em paz.

Começou a enviar-me mensagens. Provocações.

Fotografias dela com o Tiago, a sorrir, a abraçarem-se na nossa quinta no Douro.

"Estamos a redecorar a casa. Vais adorar as mudanças... ou talvez não," dizia uma das mensagens.

Um dia, recebi uma imagem que me gelou o sangue.

Uma fotografia da velha figueira no jardim da nossa casa de campo no Douro.

A figueira onde tínhamos gravado as nossas iniciais, tantos anos antes.

Na fotografia, a árvore estava marcada com tinta vermelha, como se fosse ser abatida.

Aquele lugar era sagrado para mim.

Levantei-me com dificuldade, vesti-me à pressa e apanhei um táxi para o Douro.

A viagem foi um suplício, cada solavanco a agravar-me as dores.

Quando cheguei, o cenário era de destruição.

O jardim estava revirado, as roseiras que eu tanto amava, arrancadas.

A figueira... a figueira ainda lá estava, mas à volta dela, homens com motosserras preparavam-se para começar o trabalho.

Liguei ao Tiago, a voz a tremer de raiva e desespero.

"O que é que estás a fazer à nossa casa? À nossa figueira?"

Ele respondeu com frieza, a voz distante.

"Estou a modernizar, Isabela. A Carolina tem umas ideias ótimas para o jardim. Aquela árvore era velha e estava a tapar a vista."

"Aquela árvore era a nossa história, Tiago! Como te atreves?"

"A história muda, Isabela. E tu não fazes parte desta nova história."

Carolina apareceu, vinda da casa, um sorriso triunfante nos lábios.

"Oh, Isabela, que surpresa desagradável," disse ela, fingindo inocência.

"Não te preocupes com a árvore. Vamos plantar algo muito mais... chique no lugar dela. Talvez umas palmeiras."

A frustração subiu-me à garganta.

"Tu não tens o direito de fazer isto!" gritei, as lágrimas a escorrerem-me pelo rosto.

Tiago aproximou-se, o olhar duro.

"Eu tenho todo o direito, Isabela. A quinta é minha. E tu... tu és apenas uma recordação inconveniente."

A dinâmica de poder era clara.

Eu não era nada.

                         

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