Entre a Fúria e o Arrependimento
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Capítulo 2

Na manhã seguinte, o pequeno-almoço foi um suplício.

Beatriz não perdia uma oportunidade para a alfinetar, com comentários sobre a sua roupa "simples demais" ou o seu sotaque "estranhamente europeu".

Ricardo assistia a tudo em silêncio, um silêncio que era uma aprovação tácita.

Sofia tentou falar sobre o seu casamento com Lucas, mostrar o anel de noivado.

"Ricardo, eu queria te contar que..."

"Agora não, Sofia," ele cortou, ríspido. "Tenho assuntos mais importantes."

Beatriz sorriu, satisfeita.

Mais tarde, enquanto Sofia tentava ligar para Lucas, Beatriz aproximou-se com uma chávena de leite quente.

"Cuidado, queridinha, não te vás queimar."

E, com um movimento rápido, entornou o leite sobre o próprio braço, soltando um grito agudo.

"Aaaai! Sofia! O que é que fizeste?"

Ricardo surgiu, alertado pelo grito.

Beatriz choramingava, apontando para Sofia. "Ela queimou-me de propósito! Ela tem inveja de mim!"

Sofia ficou paralisada pela acusação absurda. "Eu não fiz nada! Ela entornou em si mesma!"

Ricardo olhou para Sofia com desprezo. "Não acredito numa palavra tua. Estás cheia de ciúmes porque vou casar com a Beatriz. Pede-lhe desculpa. Agora."

"Mas eu não..."

"Pede desculpa!" A voz de Ricardo era uma ordem.

Sofia olhou para o rosto choroso e fingido de Beatriz, para a frieza de Ricardo.

Sentiu-se esgotada, derrotada.

"Desculpa, Beatriz." As palavras saíram amargas da sua boca.

Beatriz fungou. "Aceito, mas espero que não se repita."

Ricardo pareceu satisfeito. "Ótimo. Agora, Sofia, a Beatriz precisa de comprar algumas coisas para o casamento. Vais levá-la."

Era uma ordem, não um pedido.

Beatriz sorriu, um brilho malicioso nos olhos. "Vamos, Sofia. Temos um longo dia pela frente."

O "longo dia" foi uma tortura.

Beatriz fê-la conduzir do Leblon à Baixada Fluminense, parando em dezenas de lojas de artigos triviais – guardanapos de papel, fitas decorativas, bugigangas inúteis.

Em cada loja, Beatriz examinava tudo minuciosamente, fazia Sofia carregar sacos e depois, no final, dizia: "Não, não gosto de nada aqui. Vamos para outro sítio."

Era uma clara demonstração de poder, uma forma de a humilhar e cansar.

Sofia aguentou em silêncio, pensando em Lucas, no seu vestido de noiva que a esperava em Lisboa.

Ao final da tarde, exausta e faminta, Sofia estacionou o carro de volta na mansão.

Beatriz saiu, sem uma palavra de agradecimento, deixando Sofia a carregar as poucas e inúteis compras que finalmente decidira fazer.

Ricardo esperava-as na sala.

"Correu tudo bem, meu amor?" perguntou ele a Beatriz, ignorando Sofia.

"Sim, querido. A Sofia foi... prestável." O tom dela era condescendente.

Sofia subiu para o seu antigo quarto, sentindo o peso da injustiça.

Ricardo acreditava que ela ainda era a adolescente apaixonada, cheia de ciúmes.

Ele não via, ou não queria ver, que ela tinha seguido em frente, que tinha um futuro com outro homem.

E Beatriz aproveitava-se disso para a atormentar.

As antigas feridas do colégio reabriam-se, mais dolorosas do que nunca, porque agora Ricardo era cúmplice.

            
            

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