Entre a Fúria e o Arrependimento
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Capítulo 3

"Sofia, querida, vais connosco ao baile de máscaras da Condessa Pereira stas noite."

A voz de Beatriz era falsamente doce.

Sofia estremeceu. Um baile de máscaras da alta sociedade. O último lugar onde queria estar.

"Não me parece boa ideia, Beatriz. Estou cansada."

"Bobagem! O Ricardo insiste. Diz que precisas de te distrair um pouco, conhecer gente."

Claro que Ricardo insistia. Era mais uma forma de a exibir como um troféu da sua suposta generosidade, ou de a controlar.

O baile era num palacete deslumbrante.

Ricardo e Beatriz, ele de smoking e máscara preta, ela num vestido vermelho esvoaçante e uma máscara de plumas, eram o centro das atenções.

Sofia escolhera um vestido simples, preto, e uma máscara discreta. Sentia-se um peixe fora de água.

Manteve-se num canto, observando.

Ricardo era charmoso, Beatriz era a anfitriã perfeita, rindo e socializando.

Ninguém diria que, horas antes, ela a tinha torturado com compras inúteis.

Em dado momento, um grupo animado começou um jogo de "verdade ou consequência".

Beatriz, claro, puxou Sofia para o círculo.

"A tua vez, Sofia!"

Sofia tentou recusar, mas a pressão do grupo foi grande.

"Verdade ou consequência?" perguntou um rapaz elegante.

"Verdade."

Beatriz interveio. "Muito chato! Consequência! Desafio-te a mostrar o contacto fixado no teu telemóvel!"

Todos riram, esperando algum segredo embaraçoso.

Sofia hesitou. O seu contacto fixado era "Meu Amor". Lucas.

Não queria expor a sua vida íntima ali.

"Vamos, Sofia, não sejas tímida!" insistiu Beatriz, com um sorriso cruel.

Com um suspiro, Sofia pegou no telemóvel e mostrou o ecrã.

"Meu Amor".

Um silêncio constrangedor instalou-se.

Alguém murmurou: "Quem será?"

Beatriz parecia confusa, depois irritada. O seu plano de humilhar Sofia falhara.

Ricardo aproximou-se, o rosto uma máscara de fúria.

Agarrou-a pelo braço e arrastou-a para um canto mais reservado.

"Que palhaçada é esta, Sofia? Inventaste um noivo para me provocar? Para estragar a minha noite com a Beatriz?"

A voz dele era baixa, mas cheia de raiva.

"Não é mentira, Ricardo! Eu estou noiva! O nome dele é Lucas!"

"Ah, claro. E onde está esse Lucas? Porque é que nunca falaste dele?"

"Eu tentei! Mas tu nunca me deixas falar! Ele está em Lisboa, o nosso casamento é no próximo mês!"

Sofia pegou no telemóvel, trémula. "Vou ligar-lhe! Vais ver!"

Discou o número de Lucas. Chamou, chamou, chamou. Caixa postal.

Claro. O fuso horário. Em Lisboa, era madrugada.

Ricardo riu, um som amargo. "Patética. A tua mentira é patética, Sofia. Achas que me enganas com essa história?"

Ele virou-lhe as costas e voltou para junto de Beatriz, deixando Sofia sozinha, humilhada, com as lágrimas a quererem saltar.

A verdade dela, mais uma vez, soava como mentira aos ouvidos dele.

O peso da descrença de Ricardo era esmagador.

Ela sentiu o olhar de Beatriz sobre si, um olhar de puro triunfo.

Sofia recompôs-se como pôde.

Não lhes daria o gosto de a ver chorar.

Pegou numa taça de champanhe e tentou parecer indiferente.

Mas por dentro, o seu coração estava em pedaços.

A noite que deveria ser uma simples formalidade transformava-se num pesadelo crescente.

Ela só queria ir embora, voltar para Lucas, para a sua vida real.

A festa continuou, mas para Sofia, a máscara que usava era a da indiferença, escondendo a dor e a raiva.

            
            

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