O Despertar da Noiva
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Capítulo 3

Ricardo viu lágrimas nos olhos de Sofia quando ela olhou para o relógio que ele lhe dera.

Ele sorriu, interpretando mal.

"Estás emocionada, meu amor? Eu sabia que ias adorar."

Ele não fazia ideia da tempestade de raiva e nojo que se formava dentro dela.

Sofia forçou um sorriso.

"É lindo, Ricardo. Obrigada."

Mais tarde, sozinha, Sofia tirou o relógio.

Colocou-o de volta na caixa.

E guardou-o no fundo de uma gaveta.

Ela não o usaria. Nunca.

A sua decisão de seguir em frente com o plano de vingança solidificava-se a cada nova descoberta.

Sofia, como arquiteta, sempre usara o desenho e a escrita como escape.

Ela começou um blog anónimo. "Crônicas de um Amor Traído".

No primeiro post, descreveu, com detalhes velados mas reconhecíveis para quem estivesse por dentro, a descoberta da traição.

A dor, a desilusão. E a decisão de uma mulher de não ser mais vítima.

Ela detalhava os planos de Ricardo para o casamento, a sua hipocrisia.

Sem que ele soubesse, a sua história tornava-se viral.

Os comentários no blog multiplicavam-se.

"Que canalha!"

"Força, mulher! Não te deixes abater!"

"Este tipo merece o pior!"

As reações validavam os sentimentos de Sofia.

O julgamento moral do público anónimo era um bálsamo para a sua dor.

Ricardo, alheio a tudo, até elogiou o "hobby" de Sofia.

"Ouvi dizer que estás a escrever um blog. Que interessante, meu amor. Sobre arquitetura?"

"Algo assim," ela respondeu, evasiva.

"Tenho a certeza que será um sucesso," ele disse, com um sorriso condescendente.

Ele não fazia ideia que o "sucesso" do blog seria a sua ruína.

Ricardo convidou Sofia para uma festa de gala beneficente.

"Temos de mostrar o nosso anel, celebrar o nosso noivado com a sociedade."

Sofia aceitou.

Seria mais uma oportunidade para observar, para reunir material para o seu blog.

E, talvez, para o jogo começar a virar.

A festa estava no auge quando Bia Silva fez a sua entrada.

Usava um vestido vermelho, demasiado chamativo.

Todos os olhares se viraram para ela.

Sofia sentiu um aperto no peito.

De repente, um pequeno alvoroço.

Bia estava com a mão a sangrar ligeiramente, um copo partido no chão perto dela.

Ricardo, que estava a conversar com um grupo de empresários, correu imediatamente para o lado dela.

"Bia! O que aconteceu? Estás bem?"

A sua preocupação era visível, urgente.

Ele pegou num guardanapo, limpou o pequeno corte.

Sofia observava de longe, o coração a afundar-se.

Alguns convidados, amigos de Sofia e Ricardo, começaram a criticar Bia em voz alta.

"O que é que esta mulher está aqui a fazer?"

"Não tem vergonha?"

Bia tentou defender-se, a voz trémula.

"Foi um acidente... eu só..."

Mas ninguém parecia acreditar nela.

Foi então que Ricardo explodiu.

"Parem com isso! Deixem-na em paz!"

Ele gritou, a voz cheia de uma raiva que Sofia raramente via.

"Não veem que ela está magoada? Que falta de sensibilidade!"

Ele repreendeu os amigos, os outros convidados.

O salão ficou em silêncio. Todos olhavam, chocados.

Ricardo, o CEO elegante e controlado, a defender publicamente a sua assistente de forma tão veemente.

Sofia sentiu o olhar de pena dos outros sobre si.

Mais tarde, durante um jogo de salão, "Verdade ou Consequência", a situação piorou.

Alguém, por maldade ou ignorância, desafiou Bia.

"Bia, verdade ou consequência?"

Ela escolheu consequência, hesitante.

O desafio: "Beija a pessoa mais atraente da sala ou bebe um shot de licor puro."

Bia olhou para Ricardo, depois para Sofia.

Escolheu o shot, mas a sua mão tremia tanto que quase o deixou cair.

Antes que Bia pudesse levar o copo aos lábios, Ricardo interveio.

Ele arrancou o copo da mão dela.

"Ela não pode beber isto! Ela é alérgica a este licor! Pode matá-la!"

Ele disse, a voz cheia de pânico.

Depois, num gesto que chocou a todos, ele puxou Bia para um abraço apertado, protetor.

"Está tudo bem, Bia. Eu estou aqui."

Ele olhou para os outros com fúria.

"Vocês são uns monstros."

            
            

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