Quando o Choro do Bebê Revela a Verdade
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Capítulo 2

Tentei ligar para minha mãe, mas o celular dela estava desligado.

Lembrei que ela tinha ido a um retiro espiritual no interior, sem sinal de celular.

Meu pai... ele e minha mãe se divorciaram quando eu era criança. Ele morava em outro estado e mal nos falávamos.

Eu estava completamente sozinha.

A dor era insuportável agora. Agarrei o volante com força, tentando respirar como aprendi nas aulas de preparação para o parto.

Inspira, expira.

Uma mulher no carro ao lado percebeu meu desespero. Ela abaixou o vidro.

"Moça, você está bem?"

"Acho que estou entrando em trabalho de parto."

Consegui dizer entre os dentes.

Os olhos dela se arregalaram.

"Meu Deus! Espera aí!"

Ela pegou o celular e começou a gritar para alguém, explicando a situação. Em poucos minutos, um policial de moto apareceu, abrindo caminho entre os carros.

Ele me ajudou a sair do meu carro e me colocou na viatura que chegou logo depois. A sirene ligou, cortando o barulho do trânsito e me levando para longe do meu carro abandonado.

No hospital, as luzes brancas do teto passavam rápido por cima de mim enquanto me levavam numa maca.

As dores eram uma onda constante que me afogava.

Uma enfermeira segurou minha mão.

"Vamos cuidar de você e do seu bebê. Qual o nome do seu marido? Precisamos avisá-lo."

"Pedro."

Eu disse o nome dele, e um nó se formou na minha garganta.

"Pedro... ele não pôde vir."

A vergonha queimou meu rosto.

A cesárea de emergência foi rápida e confusa. Eu só me lembro de flashes, vozes e da sensação fria do metal.

Quando acordei, estava num quarto silencioso. A dor na barriga era diferente, uma dor de cirurgia.

Meu filho, meu pequeno Lucas, estava num berço ao lado da minha cama.

Ele era perfeito.

Peguei meu celular. Nenhuma chamada de Pedro. Nenhuma mensagem.

Liguei para ele. A chamada foi para a caixa postal.

Liguei de novo. Caixa postal.

Na terceira vez, ele atendeu. A música ainda tocava ao fundo.

"Sofia? O que foi agora? A festa está ótima."

Sua voz estava alegre, despreocupada.

"Lucas nasceu."

Eu disse, com a voz fraca.

"O quê? Nasceu? Como assim?"

"Tive que fazer uma cesárea de emergência. Estamos no hospital."

Houve uma pausa.

"Ah. Ok. Bem... parabéns para nós, então. Eu não posso ir agora, o chefe está fazendo um discurso. Te vejo amanhã de manhã."

Ele disse "parabéns para nós" como se estivesse falando do tempo.

Ele desligou antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa.

Olhei para o meu filho dormindo. As lágrimas que eu segurei o dia todo finalmente caíram, silenciosas e quentes.

            
            

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