O Jogo Sujo: Dinheiro, Amor e Traição
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Capítulo 2

A cirurgia da minha mãe durou seis longas horas.

Eu passei cada minuto na sala de espera, a olhar para a porta fechada, a rezar.

A Dona Isabel ficou comigo durante a primeira hora, oferecendo palavras de conforto que soavam cada vez mais falsas.

"O Pedro está a trabalhar tanto por vocês," ela repetia. "Ele tem um coração de ouro."

Depois, o telemóvel dela tocou. Era a Sofia.

"Mãe! Adivinha? O Pedro conseguiu o contrato! Vamos celebrar esta noite! Devias ver o restaurante chique onde estamos!"

A Dona Isabel sorriu de orelha a orelha. "Oh, que notícia maravilhosa! Estou tão orgulhosa do meu filho!"

Ela virou-se para mim, o seu sorriso a vacilar um pouco. "Vês, Lia? Ele fê-lo pela tua mãe. Agora podemos pagar tudo."

Ela não pareceu notar a ironia.

"Dona Isabel, pode emprestar-me vinte mil euros? Eu pago-lhe assim que o Pedro voltar."

O sorriso dela desapareceu completamente.

"Vinte mil? Lia, isso é muito dinheiro. Nós... nós não temos essa quantia disponível assim. Temos de ser cuidadosos com as nossas finanças."

"Mas acabou de dizer que o Pedro fechou um grande negócio."

"Sim, mas esse dinheiro é para o futuro da empresa, para o vosso futuro," ela disse rapidamente, evitando o meu olhar. "Não te preocupes. O Pedro vai resolver tudo quando voltar."

Ela inventou uma desculpa sobre ter de ir a casa e foi-se embora, deixando-me sozinha com as minhas dúvidas crescentes.

Finalmente, o cirurgião saiu.

"A cirurgia foi um sucesso," disse ele, com um sorriso cansado. "Ela está estável, mas os próximos dias são cruciais. Ela precisa de descansar na Unidade de Cuidados Intensivos."

Senti as lágrimas a escorrerem-me pelo rosto, desta vez de alívio.

Agradeci profusamente ao médico e fui à receção para tratar da papelada.

A conta era de 21.500 euros.

O meu coração afundou-se. Eu tinha algumas poupanças, mas nem de perto o suficiente.

Liguei novamente ao Pedro. Desta vez, foi direto para o voicemail.

Tentei ligar à Sofia. O mesmo.

Desesperada, liguei para o banco para verificar a nossa conta conjunta. Era a conta onde o salário do Pedro era depositado, a nossa principal fonte de poupanças.

A voz do funcionário do banco foi calma e profissional.

"Senhora, o saldo atual na conta conjunta é de 15,32 euros."

"O quê? Isso é impossível. Devia haver pelo menos trinta mil euros aí."

"Houve um levantamento de 30.000 euros esta manhã, senhora. Foi uma transferência online para outra conta."

Senti o chão a desaparecer debaixo dos meus pés.

"Para que conta?"

"Lamento, não posso divulgar essa informação por telefone. Mas a transferência foi autorizada."

Ele tinha esvaziado a nossa conta.

No dia em que a minha mãe teve um ataque cardíaco, ele esvaziou a nossa conta conjunta e foi celebrar com a irmã.

A raiva substituiu o medo. Uma raiva fria e dura.

Eu não ia desmoronar. A minha mãe precisava de mim.

Vendi o anel de noivado que o Pedro me deu. Vendi as joias que a minha avó me deixou.

Raspei todas as minhas poupanças pessoais.

Consegui juntar 18.000 euros. Faltavam ainda 3.500 euros.

O hospital concordou em deixar-me pagar o resto num plano de pagamento.

Assinei os papéis com uma mão firme.

Naquela noite, sentada ao lado da cama da minha mãe na UCI, a ouvir o bip constante das máquinas, tomei uma decisão.

Este casamento tinha acabado.

Mas eu não ia simplesmente ir embora.

Eles iam pagar por tudo.

            
            

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