O Aniversário Que Virou Adeus
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Capítulo 3

Aluguei um pequeno apartamento no outro lado da cidade. Era impessoal e vazio, mas era meu.

Passei a primeira semana a tratar da burocracia. Encontrei um advogado, preenchi os papéis do divórcio e enviei-os ao Pedro.

Ele não respondeu. Em vez disso, a sua mãe continuou a ligar-me.

"Ele não vai assinar," disse-me a Dona Helena numa das suas chamadas diárias. "Ele ama-te. Estás a destruir a tua própria felicidade por causa de um capricho."

"Não é um capricho," disse eu pacientemente. "É o fim do nosso casamento."

"É tudo por causa da Sofia, não é? Estás com ciúmes! Uma mulher deve ser mais compreensiva!"

"Sim, estou com ciúmes," admiti. "Estou com ciúmes do facto de o meu marido colocar a ex-namorada dele em primeiro lugar. E sim, uma mulher deve ser compreensiva, mas não deve ser um capacho."

Desliguei. As conversas eram sempre as mesmas.

Uma semana depois, recebi uma mensagem do meu irmão, o Tiago.

"Marta, o que se passa? A mãe do Pedro ligou à nossa mãe. Ela está em pânico."

Liguei ao Tiago.

"O que é que a Dona Helena disse?" perguntei.

"Ela disse que tu abandonaste o Pedro num momento de necessidade, que estás a ser cruel e egoísta. Disse que a Sofia está muito doente e que tu te recusas a ajudar."

Suspirei. "Tiago, o Pedro trouxe a Sofia para a nossa casa. Eu saí. Pedi o divórcio."

Houve uma pausa do outro lado da linha.

"Ele fez o quê?" perguntou o Tiago, a sua voz subitamente dura. "Ele levou a ex-namorada para a vossa casa?"

"Sim."

"E onde é que tu estás agora?"

"Aluguei um apartamento. Estou bem."

"Manda-me a morada. Vou aí."

Ele não pediu. Ele afirmou. Era assim que o Tiago era. Protetor.

Quando ele chegou, olhou para o meu apartamento vazio e franziu a testa.

"Isto não é lugar para ti, Marta."

"É temporário," disse eu.

Sentámo-nos no chão, porque eu ainda não tinha mobília.

"Ele é um idiota," disse o Tiago. "Sempre foi. Eu nunca gostei dele."

"Eu sei."

"O que vais fazer agora?"

"Vou divorciar-me e começar de novo."

Ele acenou com a cabeça, satisfeito. "Bom. Se precisares de alguma coisa, qualquer coisa, ligas-me. E não fales mais com a bruxa da mãe dele."

Ri-me pela primeira vez em semanas. "Vou tentar."

A visita dele deu-me força. Eu não estava sozinha.

            
            

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