O Aniversário Que Virou Adeus
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Capítulo 4

Duas semanas depois, o Pedro apareceu no meu trabalho.

Eu sou arquiteta. Estava a meio de uma reunião com um cliente quando a minha rececionista entrou, parecendo nervosa.

"Marta, o teu marido está aqui. Ele insiste em falar contigo."

Pedi desculpa ao meu cliente e fui para a receção.

O Pedro estava lá, parecendo impaciente.

"Precisamos de falar," disse ele, sem preâmbulos.

"Estou a trabalhar, Pedro."

"Isto é importante. É sobre os papéis do divórcio. Eu não vou assinar."

"Então o meu advogado vai tratar disso," disse eu, virando-me para voltar para a reunião.

Ele agarrou o meu braço novamente. Mais forte desta vez.

"Não me vires as costas, Marta."

"Larga-me," disse eu, a minha voz baixa e perigosa.

Os meus colegas estavam a observar. O cliente estava à espera.

"A Sofia está a ter um momento difícil," ele disse, baixando a voz. "Ela precisa de apoio. Nós precisamos de apoio. Tu não podes simplesmente desistir de nós."

"Não há 'nós', Pedro. Há tu e ela. E há eu. E eu estou a desistir de ti."

Puxei o meu braço com força. A sua surpresa deu-me a oportunidade de me libertar.

Voltei para a sala de reuniões, o meu coração a bater com força.

"Peço desculpa pela interrupção," disse eu ao meu cliente, forçando um sorriso profissional.

Consegui terminar a reunião, mas a minha concentração estava destruída.

Quando o cliente saiu, o meu chefe chamou-me ao seu escritório.

"Está tudo bem, Marta?" ele perguntou, a sua expressão preocupada.

"Problemas pessoais. Lamento que tenha acontecido aqui."

"Não te preocupes com isso. Mas se precisares de tirar uns dias, podes."

"Obrigada, Sr. Almeida, mas eu prefiro trabalhar."

O trabalho era a minha única fuga. Era a única coisa que ainda fazia sentido.

Quando saí do escritório naquela noite, o Pedro estava à minha espera no estacionamento.

Ele encostou-se ao meu carro, bloqueando o meu acesso.

"Marta, por favor. Vamos para casa e conversamos."

"Esta já não é a minha casa," disse eu. "Sai da frente do meu carro."

"Eu amo-te," ele disse, os seus olhos a suplicar. "Cometi um erro. Eu sei disso."

"Sim, cometeste," concordei. "E agora tens de viver com ele. Eu não."

"E a Sofia?" ele perguntou. "O que é que eu faço? Mando-a embora? Ela não tem para onde ir!"

"Isso não é problema meu, Pedro. Ela é tua responsabilidade. Tu escolheste isso."

Ele olhou para mim, a compreensão finalmente a clarear no seu rosto. A compreensão de que eu estava mesmo a falar a sério.

O desespero dele transformou-se em raiva.

"Tu és tão fria. Não tens coração nenhum."

"Tu mataste o coração que eu tinha por ti," respondi. "Agora, por favor, sai do meu caminho."

Ele hesitou, e depois afastou-se do carro.

Entrei, liguei o motor e fui-me embora, deixando-o para trás no estacionamento escuro.

                         

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