Não Olhei Para Trás
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Capítulo 2

"Egoísta?"

A palavra ecoou na minha cabeça.

Olhei para o aperto firme da mão de Pedro no meu braço. Depois olhei para o Sr. Almeida, cuja expressão dizia que a minha obediência era esperada, não pedida.

"A minha mãe vai fazer uma cirurgia ao coração amanhã. Ela está a ter uma crise. Eu preciso de ir."

A minha voz saiu mais firme do que eu esperava.

A Sra. Almeida suspirou, um som teatral. "Oh, querida, que pena. Mas olha para a nossa Sofia. O choque pode deixar marcas para a vida. Um pouco de companhia agora faz toda a diferença."

Sofia fungou, encostando-se mais à mãe. "Ana, por favor, não vás. Estou com tanto medo."

O meu telemóvel vibrou novamente na minha mão. A mesma enfermeira. O meu pânico aumentou.

Pedro apertou mais o meu braço. "Ana, para com isto. Pensa na minha carreira. O Sr. Almeida está a oferecer-me uma promoção. Não estragues tudo por um capricho."

Um capricho. A vida da minha mãe era um capricho.

Puxei o meu braço com força, libertando-me.

"A tua promoção vale mais que a minha mãe?"

Os olhos de Pedro escureceram. "Não digas disparates. A tua mãe vai ficar bem. Agora sê razoável."

"Razoável?" Ri, um som seco e sem alegria. "Eu estou a ser muito razoável. Estou a ir ver a minha mãe."

Virei-lhes as costas e comecei a andar, quase a correr, pelo corredor.

Ouvi o Sr. Almeida dizer com desdém, "Pedro, parece que não consegues controlar a tua mulher."

E a resposta de Pedro, fria e cortante, seguiu-me.

"Não se preocupe, senhor. Vou resolver isto."

Não olhei para trás. Continuei a correr, o som dos meus passos a ecoar a batida descontrolada do meu coração.

            
            

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