O Jogo dos Ossos: Uma Traição Sangrenta
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Capítulo 4

O mundo desabou.

A pessoa em quem eu mais confiava, a pessoa que me prometeu que éramos uma equipa, fazia parte da mentira.

Afastei-me dele, um passo de cada vez.

"Como pudeste?"

A minha voz era um sussurro rouco.

"Eva, os teus pais vieram ter comigo. Eles explicaram a situação. Eles estavam desesperados."

"Desesperados? E a solução deles foi mentir-me? Enganar-me? Usar o próprio filho como isco?"

A raiva começou a queimar o choque, uma fúria fria e cortante.

"Eles não te queriam perder. Sabiam que se te dissessem a verdade sobre a Inês, talvez não ajudasses."

"Talvez? Eles nem sequer me deram a oportunidade de escolher! Eles trataram-me como uma ferramenta, um saco de medula óssea sem vontade própria!"

Eu estava a gritar agora, o som a ecoar no corredor vazio do hospital.

Miguel tentou aproximar-se, as mãos estendidas.

"Por favor, acalma-te. Vamos falar sobre isto."

"Falar? Não há nada para falar!"

Virei-lhe as costas e comecei a andar, sem rumo.

Ele seguiu-me.

"Eva, eu amo-te. Eu só não queria ver-te magoada."

Parei e virei-me para ele, uma risada amarga a escapar dos meus lábios.

"Não querias ver-me magoada? Então mentir foi a tua melhor ideia? Deixaste-me entrar neste ninho de víboras a pensar que eras o meu porto seguro. Eras apenas mais uma delas."

As suas palavras de amor soavam ocas, manchadas pela traição.

"O que é que querias que eu fizesse?"

"A verdade, Miguel! Eu só queria a maldita verdade!"

Deixei-o ali parado e fui direta ao quarto do Leo.

Ele estava a dormir, a respiração suave. Parecia tão pequeno, tão frágil.

A minha raiva dissolveu-se numa onda de tristeza.

Ele também era uma vítima nisto tudo. Eles estavam a brincar com a vida dele também.

Sentei-me ao lado da sua cama e segurei a sua mão. Estava fria.

Os meus pais entraram no quarto.

A minha mãe sorriu ao ver-me.

"Querida, estás aqui. Vieste ver o teu irmão?"

O meu pai assentiu, uma rara expressão de aprovação no rosto.

"Isso é bom. A família tem de se manter unida nestes momentos."

Eu levantei-me lentamente, o meu olhar a passar de um para o outro.

"Família?", repeti, a palavra a saber a veneno na minha boca.

"Vamos parar com o teatro. Eu sei de tudo."

                         

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